Eleição expôs um eleitorado dividido por raça, idade e partido.
Para cientistas, adotar medidas ousadas será mais complicado.
A vitória de Obama, no entanto, não dirimiu a questão. Em vez disso, a difícil batalha pela Casa Branca expôs um eleitorado profundamente dividido por raça, idade e partido. As eleições de terça-feira --nas quais os republicanos mantiveram o controle da Câmara e os democratas de Obama, o do Senado-- sugeriram que um partidarismo feroz permanecerá forte em Washington no próximo ano.
Alguns analistas acreditam que Obama deve passar grande parte de seu segundo mandato "preso nas façanhas do seu primeiro mandato", incluindo garantir que "teremos um sistema de saúde nacional eficaz", avalia Cal Jillson, professor de ciência política da Southern Methodist University, em Dallas.
Para muitos, isso já seria suficiente para garantir a ele um lugar na história. "Apenas reeleger Obama significa que a lei que reformulou o sistema de saúde dos EUA, o Affordable Care Act, continuará a ser implementada, e isso é muito importante porque se trata de uma das peças mais importantes da legislação em meio século", disse Theda Skocpol, cientista político na Universidade de Harvard, referindo-se à lei que ajuda a estender a cobertura de saúde a milhões de norte-americanos sem plano de saúde.
"A maior parte da ação vai ocorrer entre a administração do presidente e os Estados, e minha aposta é a de que muitos governadores republicanos acharão maneiras de aceitar partes da expansão do Medicare", disse Skocpol.
Um impulso de resgate?
Em pelo menos um aspecto, o resultado das eleições de terça-feira justificou a crença de Obama em um governo mais ativo. Ao apoiar o resgate federal de US$ 85 bilhões para a indústria automobilística em 2009, uma medida que não foi popular na época, Obama pode ter ajudado a salvar não apenas a indústria, mas sua Presidência.
Analistas políticos e estrategistas esperam que a agenda do segundo mandato de Obama tenha gastos federais maiores com educação, empregos e programas de energia. Mas tal agenda será dificultada pela dívida governamental de US$ 16 trilhões e o iminente "abismo fiscal" - um aumento de impostos no valor de US$ 600 bilhões programado para entrar em vigor com cortes obrigatórios de gastos no início do ano novo, a menos que Obama e o Congresso cheguem a um acordo sobre uma redução do déficit.
O comprometimento de Obama com a reforma imigratória - uma meta importante para os democratas, que querem solidificar sua posição entre os eleitores latinos - parece que terá um caminho claro para o sucesso, principalmente com os republicanos buscando maneiras de melhorar seu apelo nesse grupo minoritário.
Mas o desafio maior e mais imediato é o confronto iminente com os republicanos no Congresso sobre gastos e impostos, durante o qual Obama vai pressionar para cumprir sua promessa de campanha de aumentar os impostos para os ricos, enquanto mantém impostos mais baixos para o restante da população.
Obama deu a entender que pode obrigar os republicanos a aceitarem essa exigência de elevar impostos para quem tem renda superior a US$ 250 mil ao ano, ameaçando vetar qualquer legislação que vise a evitar os reajustes de tributos e os cortes de gastos maciços programados a partir do final do ano.
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