MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

'Vai ter que dar conta do corpo', diz mãe de Eliza sobre possível confissão


Sônia Moura acompanha o júri popular no Fórum de Contagem.
Advogado dela afirma ter feito acordo para que Macarrão confesse.

Pedro Cunha Do G1, em Contagem (MG)
"Se ele confessar, ele vai ter que dar conta do corpo da minha filha", disse a mãe de Eliza Samudio, Sônia Moura, nesta quarta-feira (21) sobre as declarações de que Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, confessaria a participação dele e revelaria o envolvimento do goleiro Bruno Fernandes e do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, no desaparecimento e morte de Eliza. Sônia disse acreditar que Macarrão vai fazer as revelações durante o interrogatório. Ela deixou o fórum chorando, após prestar informações durante a sessão que ocorre no Fórum de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
21.nov.2012 - Mãe de Eliza, Sônia de Fátima Moura, chora ao deixar o Fórum de Contagem (MG). Ela foi uma das testemunhas ouvidas nesta quarta-feira (21) (Foto: Pedro Cunha/G1) Mãe de Eliza, Sônia de Fátima Moura, chora ao deixar o fórum nesta quarta-feira (Foto: Pedro Cunha/G1)
O júri popular do caso Eliza Samudio começou nesta segunda-feira (19) com cinco réus no Fórum de Contagem, mas três deles vão a júri posteriormente, após a juíza determinar desmembramento: o goleiro Bruno Fernandes, a ex-mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues, e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. A sessão está prevista para março de 2013. Os réus Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, e Macarrão, continuam sendo julgados.

Questionada se a possível confissão de Macarrão mudaria alguma coisa no processo, Sônia disse, muito emocionada e chorando: “Não vai mudar muita coisa, Bruno premeditou, Bruno foi o mandante. (...) Minha esperança é os restos mortais de minha filha".

A mãe de Eliza foi arrolada como informante pela defesa de Macarrão. Durante o júri nesta quarta-feira (21), ela disse que "não perdoaria" o goleiro Bruno, caso ele seja responsável pela morte de sua filha. Ela também afirmou que Eliza jamais abandonaria o filho, Bruninho. "Ela [Eliza] sempre falava para mim em relação a um filho. Ela disse para mim que mataria e morreria pelo filho dela, mas que ela jamais deixaria o filho para trás", disse.
A mãe disse sustentar Bruninho com a ajuda do marido e de familiares, porque está há dois anos e nove meses sem trabalho. "Sempre houve resistência [do goleiro] em reconhecer a paternidade da criança", afirmou ela ao promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro, ao ser questionada sobre a decisão da Justiça que declarou Bruno o pai da criança.
O relacionamento da família de Eliza com Bruninho é o "melhor possível", disse Sônia. Ela relatou que não teve contato telefônico com a filha, que é ex-amante do goleiro, por oito meses, e que soube de notícias de Eliza por meio de suas redes sociais na internet.
"Todas as amizades dela eram duradouras, ela era muito querida", disse a mãe, após chorar. "Eliza era muito calma, não era explosiva", ressaltou.
Sônia revelou que não teve conhecimento da relação entre Eliza e Bruno nem da gravidez, em 2010. Ela confirmou as declarações que havia dado antes à polícia, sobre uma fuga da filha de casa, no passado.
Acusação fala em acordo
Um acordo para revelar o que ocorreu com a ex-namorada do jogador foi firmado com a defesa de Macarrão, de acordo com o advogado José Arteiro Cavalcante Lima, que representa a mãe de Eliza. A afirmação foi dada nesta quarta-feira (21), em frente ao Fórum de Contagem, onde ocorre o júri popular. "O Macarrão vai confessar tudo, a parte dele, do Bruno e do Bola", disse. O defensor atua como assistente de acusação no júri popular sobre o desaparecimento e morte da ex-amante do goleiro Bruno Fernandes. Lima afirmou que, em troca, ofereceu proteção a Macarrão e redução de pena. "Para ele vai ser muito bom", disse o advogado.
Perguntado por jornalistas sobre o assunto da longa conversa que teve com Macarrão dentro do tribunal, Lima respondeu que não tem nada para esconder. "Na verdade, eu fiz uma proposta pra ele [Macarrão], porque ele foi abandonado. Essas alturas o Bruno tá aí com 50 advogados e ele só está com um. A proposta é que ele abra a bronca toda, fala onde é que tá o corpo, sobre o Bruno, que o Bruno tem a participação, foi o Bruno que mandou”, disse.
Lima ainda assegurou que Macarrão  não agiu sozinho. "Não quero ver o Macarrão preso numa coisa que ele não mandou fazer, entendeu. Que ele foi apenas, como disse ele, o jagunço", afirmou. O assistente de acusação explicou que propôs ajuda para que Macarrão não corra nenhum tipo de risco e disse que vai “requerer da Justiça que dê proteção” ao preso. Macarrão está detido na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele é julgado por homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado e ocultação de cadáver.
Procurado pelo G1, a assessoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) explicou que a confissão é considerada atenuante, mas não cabe ao advogado negociar a redução de pena, já que esta é determinada pela juíza quando o corpo de jurados decide pela condenação. O ato de confessar o crime favorece o acusado, segundo o professor de direito penal da PUC Minas Marcelo Peixoto. "Está previsto no Código Penal, é um atenuante da pena. Então, se um acusado confessa um crime, necessariamente, o juiz deve atenuar sua pena por ter confessado o crime”, disse.
Quanto à inclusão em programas de proteção, o pedido deve ser encaminhado à Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedese), mas o órgão esclarece que não é feita a inclusão de réus presos. O acusado pode requerer se estiver em liberdade.

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