MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Temporada de ensaios de verão promete um show a cada dia


Verena Paranhos A TARDE

  • Mila Cordeiro | Ag. A TARDE
    Margareth Menezes foi a primeira a fazer ensaios periódicos na cidade
Um ensaio a cada dia, até o Carnaval chegar. É o que promete a nova temporada de alta estação, com opções de segunda a domingo para quem curte as agitações dos já tradicionais ensaios pré-carnavalescos. Para não repetir as fórmulas de outros verões, as bandas buscam inovar, seja na mudança do local de apresentação, dos convidados e da decoração. Nomes como Claudia Leitte, Chiclete com Banana, Banda Eva, Asa de Águia, Daniela Mercury e Cheiro de Amor têm agendada pelo menos uma apresentação em Salvador antes do Carnaval.
"Sempre pensei em fazer esses ensaios, mas, infelizmente, não conseguia conciliar a agenda. Cheguei a participar como convidada de alguns ensaios, mas agora chegou a minha vez. É uma oportunidade de estar com fãs baianos e turistas", conta a estreante Claudia Leitte.
Fora do circuito de blocos afro, Margareth Menezes foi a primeira a fazer ensaios periódicos na cidade. Com 25 anos de carreira, 14 marcados por ensaios de verão, a artista investe na renovação do Afro Pop, que nesta temporada vai ter três encontros  em lugares diferentes  de Salvador(o primeiro aconteceu ontem com Jau, na The Best Beach, na Ribeira), dois no Rio de janeiro e um em Brasília.
"Eu quis dar uma dinâmica nisso. Sempre tive essa inquietação na carreira. É o momento de ficar junto do público, misturar a sonoridade pop com a percussão,  o contemporâneo com a memória", diz a cantora, que recentemente se apresentou em Cuba e no Carnaval vai homenagear a música latina.
Uma das novidades é o Ensaio da Escola de Samba Mangueira, que acontecerá às quintas-feiras de janeiro, no Armazém Vilas, em Lauro de Freitas, e vai reunir passistas e alas da escola carioca e sambistas baianos.
Os ensaios de verão abrem espaço  para que artistas como Carla Visi e Terra Samba (que se apresentam no São Jorge Botequim) voltem à cena local e também para que músicos iniciantes, caso de Marcela Martinez e da banda  Pagodão,  mostrem seu trabalho.
Tradição - Antes mesmo de o verão chegar de fato, o clima de Carnaval em Salvador começa a esquentar quando se ouve a  palavra ensaio, de domingo a domingo. É na temporada pré-carnavalesca que os artistas buscam se aproximar do público local, atrair a atenção dos visitantes, afinar o repertório e lançar a música candidata a virar hit na folia.
Os blocos afro foram os primeiros a se preparar para os desfiles de Carnaval com ensaios semanais.  "Há 39 anos, desde que surgiu, o Ilê Aiyê ensaia no Curuzu. A festa acontecia no meio da rua, que era de barro. Depois, jogaram asfalto no lugar e o povo batizou o espaço de Senzala do Barro Preto", conta Sandro Teles, integrante  da produção da banda.
Os Filhos de Gandhy também mantêm a tradição há muitas décadas e não precisam esperar o verão chegar para iniciar os encontros semanais dedicados aos milhares de associados: este ano, o afoxé começou seus ensaios  em agosto.
Cultura e economia - "Os ensaios de verão são um hábito no inconsciente das pessoas. Elas sabem que vão acontecer e ficam na expectativa. Eu acho ótimo esse clima", opina o cantor e compositor Gerônimo, que só não realiza seu ensaio gratuito com a Banda Mont' Serrat nas escadarias da Igreja do Paço, no Pelourinho, na terça-feira de Carnaval.
Segundo ele, a Bahia promete surpreender neste verão.  "Duas coisas legais que já vi foram o encontro de Jau e Olodum e a volta de Tatau ao Ara Ketu, no Cais Dourado".
Paulo Miguez, economista e doutor em comunicação e cultura contemporâneas, vê nas festas do verão baiano benefícios que ratificam e ultrapassam o aspecto cultural. "É o espaço onde novas bandas podem aparecer e  outras reafirmam seu lugar na cultura baiana. Também é um momento importante em que se abrem as possibilidades da cidade, da economia, da música, do entretenimento e da economia da cultura". E acrescenta: "São ainda espaços onde empregos são gerados e há uma movimentação financeira por conta dos ingressos vendidos".
Para Miguez,  a dinâmica não se mantém no resto do ano não só pelo baixo fluxo de turistas, mas principalmente devido às dificuldades que a cidade tem para oferecer alternativas. "Isso acontece muito particularmente por conta dos serviços como  mobilidade urbana e  culturais. Uma cidade que não é boa para quem mora nela, não é boa para o turista".

Nenhum comentário:

Postar um comentário