Comunidade de Quilombos acredita em aumento de produtos tóxicos.
Empresa diz que fará análise, mas indica fatores externos para o fenômeno.
Comunidade suspeita que peixes morreram por conta de despejo de produtos tóxicos (Foto: Claúdio Pereira/ VC no G1)
Os moradores da zona rural de Bom Jesus da Lapa, no oeste da Bahia,
informaram que milhares de peixes estão morrendo na Lagoa das Piranhas,
que abastece cerca de 700 famílias da comunidade quilombola da região.
Segundo os moradores, a suspeita é de que a mortandade pode ter como
causa a contaminação das águas da lagoa pelos dejetos do projeto de
irrigação Formoso, da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São
Francisco e do Parnaíba (Codevasf), onde se desenvolve principalmente o
cultivo de banana.A informação foi encaminhada ao VC no G1 pelo internauta Claúdio Pereira e protocolada como denúncia no Ministério Público do município. Pereira, que é líder comunitário da localidade, diz que “o projeto [Formoso] utiliza agrotóxicos e sempre drenou águas com resíduos para o Riacho das Cacimbas, que por sua vez desagua na Lagoa das Piranhas. Isso nunca aconteceu antes. Estamos supondo que aumentou a concentração de produtos tóxicos na água”, declarou Cláudio, que também faz parte do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).
Segundo a denúncia, milhares de peixes já morreram na lagoa das piranhas (Foto: Divulgação/CBHSF)
Ainda de acordo com o denunciante, moradores da localidade estão
sofrendo de diarreia, por conta da utilização da água. As atividades da
comunidade foram paralisadas, segundo Claúdio, já que as famílias vivem
da subsistência gerada pela água e pelos peixes da lagoa.CodevasfA Codevasf informou que recebeu a denúncia e encomendou a um laboratório de Bom Jesus da Lapa uma análise das águas da Lagoa da Piranha. Ainda segundo a empresa, as águas da região são analisadas periodicamente e, no último relatório, de 2011, nenhuma irregularidade foi encontrada. "Pedimos uma nova análise, mas tem alguns fatores que devem ser levados em conta antes de suspeitar da empresa. O primeiro deles é que aquela região está em seca há alguns anos, o que pode ser o causador do problema", diz Abel Nascimento dos Santos, técnico da empresa.
Ministério PúblicoO promotor Moacir Silva do Nascimento Júnior, da promotoria regional ambiental do município, informou que foi requisitado ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), que dentro de 10 dias técnicos do órgão façam uma fiscalização no local para iniciar as investigações sobre o caso. "Instauramos um procedimento, onde será feita análise da água e visitas ao local para, em seguida, começarmos a convidar os envolvidos para audiências, já no decorrer dos próximos dias", explicou o promotor.
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