Médicos cobravam indevidamente por atendimento de pacientes do SUS.
Documentos, como comprovante de residência, eram falsificados.
Roberto Andrade, ex-assessor parlamentar, que participou do esquema entre 2003 e 2008, confirmou a denúncia que ele mesmo encaminhou ao Ministério Público. Após serem internados pelo SUS no Centenário, os pacientes de Novo Hamburgo eram cobrados indevidamente por procedimentos realizados por dois médicos. O ex-assessor afirma ter usado endereços de pessoas da própria família na hora de produzir os documentos falsificados e que o esquema foi montado por orientação dos próprios médicos.
“A gente pegava o talão de água ou de luz, colocava o nome da pessoa e fazia no computador. De 2003 até março de 2008, quando eu saí, passaram mais de 300 pessoas. Mas deu muito mais. Eram de dois a três carros lotados toda semana, que vinham de Novo Hamburgo”, revela Roberto.
Uma paciente que não quis se identificar diz ter pago R$ 2,8 mil por uma cesariana com um dos médicos envolvidos na fraude. A cirurgia foi realizada em março deste ano. Segundo a mulher, o médico teria solicitado o valor para pagar o anestesista e o pediatra, porém somente na hora do parto e se negando a dar o recibo do pagamento. "Pouco antes de eu vestir o roupão, foi feito pagamento. Passaram alguns dias e a gente descobriu que o médico era plantonista e o anestesista também era do hospital. E o quarto que eu fiquei era um quarto normal do SUS", conta.
O secretário municipal de saúde de São Leopoldo André Mello afirma que nenhum paciente internado pelo SUS pode ser cobrado por nenhum procedimento. “Quando se é internado pelo SUS, como prevê a Constituição Federal, tem-se direito a atendimento integral e gratuito. Quem cobre é o próprio SUS, toda a parte hospitalar e toda a equipe médica. Então não pode ser cobrado qualquer taxa extra”, afirma.
“Foram abertas sindicâncias dentro do hospital, mas não foram confirmadas as denúncias. Vamos esperar o encerramento do processo legal para tomar as atitudes devidas. Uma vez comprovadas pela Justiça, teremos sanções também na área administrativa”, afirma o vice-presidente do Hospital Centenário, Marcus Vinicius Netto.
A direção do hospital diz ainda que está trabalhando para atender as exigências do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers). Concluiu obras no setor de cardiologia e tem outras em andamento, como o de psiquiatria. A prefeitura de São Leopoldo também assinou um termo com o Ministério Público se comprometendo a resolver os problemas do local.
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