MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 11 de novembro de 2012

Moradores da Ilha do Cardoso, em Cananéia, vivem sem energia elétrica


Ilha do Cardoso abriga espécies que não são encontradas em outro lugar.
Moradores do local tiram energia da luz do sol para poder sobreviver.

Mariane Rossi Do G1 Santos
Parque Estadual da Ilha do Cardoso fica em Cananeia, SP (Foto: Mariane Rossi/G1)Parque Estadual da Ilha do Cardoso fica em Cananéia, SP (Foto: Mariane Rossi/G1)
A Ilha do Cardoso, que resguarda um dos maiores criadouros de espécies marinhas do Atlântico Sul, também é a moradia de pequenas comunidades de pescadores que vivem a beira-mar e que precisam de improvisos para ligar seus eletrodomésticos, já que em alguns pontos da Ilha a energia elétrica simplesmente não existe.
Desde o último sábado (10), o G1 Santos publica uma série de reportagens especiais sobre o município do Vale do Ribeira. No total, serão seis matérias, uma por dia, que ficarão em destaque na página principal do G1 Santos.
O Parque Estadual da Ilha do Cardoso (PEIC) foi criado em julho de 1962. Esse rico pedaço de terra está localizado no sul do litoral de São Paulo e pertence a Cananéia. Para se chegar a Ilha, o único meio de transporte são as embarcações. A Ilha passou a ser um Parque Estadual depois que foi constatado que o lugar era o reduto de espécies da fauna e flora da Mata Atlântica e que, essa área de aproximadamente 15 mil hectares, precisava ser preservada. A UNESCO também determinou que os remanescentes da Ilha do Cardoso fossem considerados 'Reserva da Biosfera', pois no lugar há espécies que não são encontradas em nenhum outro lugar, como por exemplo, o morcego Lasiurus ebenus.
Marujá, Enseada da Baleia, Cambriú e Ipanema são algumas das praias da Ilha do Cardoso. Em cada uma delas há cachoeiras, trilhas, sítios arqueológicos e piscinas naturais. Antes mesmo de o lugar ficar sob a responsabilidade da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, por ser uma unidade de conservação, várias famílias já habitavam o local. Esse é o caso da família de Thiago das Neves, de 30 anos. Ele conta que nasceu em Cananéia e cresceu na Ilha do Cardoso, onde mora até hoje na praia de Itacuruçá.
Thiago das Neves, de 30 anos, cresceu na Ilha do Cardoso (Foto: Mariane Rossi/G1)Thiago das Neves, de 30 anos, cresceu na Ilha do
Cardoso (Foto: Mariane Rossi/G1)
Para ele, a falta de energia elétrica é comum em seu dia a dia. Pelo menos 40 pessoas da comunidade Pereirinha, onde ele vive, não possuem esse bem essencial para quem mora na maior parte das cidades brasileiras. Eles possuem todos os eletrodomésticos básicos de uma casa na cidade, mas vivem com os pés na areia e precisam arranjar outros métodos para conseguir a energia elétrica. A maioria  deles utiliza a energia que vem do sol. “Essa energia solar é captada na placa do painel solar que funciona como bateria. Ela recarrega e durante a noite e a gente usa a energia”, explica Neves.
As placas ficam ao lado das residências. Mesmo assim, os moradores do local precisam torcer para que o sol apareça todos os dias. “Quando chove uma semana, é uma semana sem energia. Até tem o gerador, mas é um problema. Você acaba arrumando confusão porque ele é poluente”, diz. Por isso, as famílias não gastam energia sem necessidade e, às vezes, é a economia do dia anterior que garante que a geladeira, o fogão e outros aparelhos fiquem ligados. “Depende do quanto você usa. O limite dela, se não chover, é dois dias funcionando. Se chover em um dia acaba tudo”, afirma ele.
Energia solar é alternativa para obter eletricidade em meio à reserva ambiental (Foto: Mariane Rossi/G1)Energia solar é alternativa para obter eletricidade
na reserva ambiental (Foto: Mariane Rossi/G1)
As crianças que são criadas na comunidade geralmente crescem tendo contato apenas com os moradores da ilha. Quando já atingem a fase de alfabetização, elas são levadas para Cananéia, já que não há escolas na Praia de Itacuruçá.
A maioria dos adultos tira o sustento do mar, como pescadores. Neves conta que já viajou para outras cidades e que não troca a praia da Itacuruçá por um bairro da cidade grande. Além de vender frutos do mar nas peixarias de Cananéia, onde parte de sua família mora, ele ajuda a manter o bar que seu tio tem frente a praia. Pai de um menino e prestes a casar, ele nem pensa em trocar a Ilha do Cardoso por um lugar que tenha energia de sobra. “Já sai daqui mas sempre voltei. Estou acostumado com a vida aqui, na areia”, diz.

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