MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 18 de novembro de 2012

Mãe tenta rever filhos gêmeos dados para adoção há 10 anos na Bahia


Juiz diz que processo de adoção está cheio de irregularidades.
Mulher apontada como intermediária é citada em outros casos.

Do G1 BA, com informações do Fantástico

Marizam Costa, mãe de gêmeos, tenta rever os filhos que ela mesmo entregou para adoção há 10 anos em Euclides Cunha, a 311 km de Salvador.  Ela disse que uma mulher chamada Neide a apresentou, no dia do parto, para um casal de São Paulo. “Aos quatro meses de grávida ela me chamou pra trabalhar lá, para terminar a gestação e ela fazer o acompanhamento. Aí ela perguntou se eu queria dar as crianças”, conta.
A mãe dos gêmeos diz que o casal apresentado por Neide foi até o hospital e levou as crianças. “Levaram as crianças de lá mesmo para casa da Neide. Me prometeram que eu ia ver, que iam mandar foto direto, que iam me ligar. E até hoje não tenho notícia das crianças”, afirma Marizam.
A mulher apontada como intermediária é citada em pelo menos dois outros casos de doações de crianças em Euclides da Cunha. Um deles, de irmãos gêmeos também. O outro, de um menino. Em todos, a mesma história: mães pobres que dão os filhos recém-nascidos, atraídas pela promessa de um futuro melhor para eles.
Marinalva de Jesus, que também entregou o filho em 2004, conta que passava por necessidades. “Eu não estava tendo condições, estava passando necessidade. Aí eu dei”, revela.
A mulher apontada como intermediária também mora em Euclides da Cunha. Ela admitiu que apresentou as mães biológicas a pais adotivos. “As pessoas me procuravam. Aí pedia - Neide arruma uma pessoa pra eu dar meus filhos”, conta. Ela disse que a adoção passou por um processo.
De acordo com informações de Luís Roberto Cappio, atual Juiz de Euclides da Cunha, o processo de adoção dos gêmeos está cheio de irregularidades.
Os autos do processo informam que no dia seguinte ao parto, houve uma audiência com a presença da mãe dos gêmeos. A mãe nega, diz que não entrou no Fórum porque tinha acabado de fazer uma cesariana e não poderia subir as escadas. No processo, no fim do termo de audiência aparece uma assinatura de Marizam. Ela diz ainda que não foi ouvida em momento algum por um juiz, com a presença de um promotor público.
No dia 23 de agosto de 2002, a guarda dos gêmeos foi dada ao casal de São Paulo. Uma adoção em tempo recorde. Neide, a mulher que apresentou Marizam ao casal de São Paulo aparece como testemunha no processo.
“Tudo indica que alguns dos atos processuais foram forjados. Ou forjados ou simulados. Acho que é mais grave do que aqueles que já foram publicados, já chegaram ao nosso conhecimento”, afirma o juiz de Euclides da Cunha, Luís Roberto Cappio.
O juiz se refere aos casos que começaram a ser revelados pelo Fantástico há mais de um mês. Casos como o de Silvânia e Gerôncio que tiveram cinco filhos tirados para serem doados.
Na terça-feira (13), a intermediária desse caso, Carmen Topschall, foi até a CPI do tráfico de pessoas, em Brasília. Ela conseguiu um habeas corpus para permanecer em silêncio.
O juiz Vitor Bizerra, responsável pelo processo que retirou os filhos de Silvânia e Gerôncio não foi encontrado para comentar o caso.
Os nomes do juiz e do promotor que aparecem no processo de Marizam não podem ser divulgados. O caso será encaminhado ao Ministério Público Estadual e ao Conselho Nacional de Justiça, que estiveram essa semana na região, para investigar os casos.
“E eu quero ver, eu quero notícias”, diz Marizam sobre os filhos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário