MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Escutas da PF mostram índios de MT e PA negociando extração de ouro


Escuta flagrou índio solicitando dinheiro por pedágio a garimpeiros.
Agentes e índios entraram em confronto e um indígena acabou morto.

Do G1 MT
Escutas telefônicas da Polícia Federal autorizadas pela Justiça revelam o envolvimento de uma liderança da etnia Munduruku no esquema de extração ilegal de ouro na reserva Kayabi, localizada na divisa de Mato Grosso com o Pará. Na última semana, durante uma ação da Operação Eldorado, agentes da PF e índios entraram em confronto. Um índio morreu a tiros e outros seis ficaram feridos. Quatro policiais federais também se feriram. Um deles, da Força Nacional de Segurança, foi baleado.
Na escuta autorizada, um dos líderes da aldeia se identifica como Camaleão. Ele pede para um rapaz chamado Daniel repassar uma quantia em dinheiro que, segundo a Polícia Federal, era o pagamento de pedágio das empresas que extraíam ouro na terra dos índios. “Passe dois contos para o Carlinhos Jacaré que o pessoal está lá”, disse o indígena. O esquema, de acordo com a PF, movimentou nos últimos anos mais de R$ 150 milhões. Na última terça-feira, 17 pessoas foram presas, entre elas, donos de empresas que compravam e comercializavam ouro. Ao todo, a Justiça Federal de Mato Grosso expediu 28 mandados de prisão e outros 64 de busca e apreensão.
Durante a ação na aldeia para a destruição das balsas que faziam a extração ilegal de ouro, o superintendente da PF, César Augusto Martinez, afirmou que os agentes foram vítimas de uma emboscada. Conforme ele, no dia anterior à ação, os agentes da PF e as lideranças da aldeia Teles Pires fecharam acordo de que as balsas utilizadas no leito do rio seriam destruídas. “A reunião durou quatro horas e deixamos claro que os índios não estavam sendo investigados naquele momento. No outro dia quando os policiais chegaram para explodir as balsas foram surpreendidos com mais de 100 índios atirando flechas”, informou.
PF diz que foi vítima de emboscada de índios que não aceitaram destruição de balsas (Foto: Assessoria/PF)PF diz que foi vítima de emboscada de índios que não aceitaram destruição de balsas (Foto: Assessoria/PF)
Ainda de acordo com Martinez, outro áudio da PF dá conta que os índios se prepararam para o confronto. Duas mulheres que, segundo a PF, são ligadas aos exploradores de ouro na terra dos índios comentam sobre a ordem dada por Camaleão. “O Camaleão é teimoso. Escutei ele falando que hoje eles iam com tudo. Se tivesse que bater é para bater. Se tivesse que matar é pra matar”, conforme trecho da escuta.
Entidades ligadas aos Mundurukus, no Pará, questionaram a ação da Polícia Federal e afirmaram que os índios não atacaram os agentes. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) cobrou uma investigação para apurar as circunstâncias da morte do índio Munduruku. “A polícia agiu com excessos, visivelmente, no caráter de execução com tiros na cabeça, no peito. Então visivelmente a gente espera que essa ação seja investigada”, afirmou o coordenador do Cimi, Gilberto Vieira.
A Polícia Federal abriu inquérito para apurar, justamente, as causas da morte do indígena que teria sido atingido por vários tiros de arma de fogo. Martinez, em coletiva de imprensa, afirmou que um delegado foi perseguido no rio Teles Pires durante o confronto com os indígenas e teria disparado.
“Ele estava com a água já pelo peito e depois de ser atingido por uma borduna e alvejado por flecha ele disse que foi perseguido por dois índios. Ele efetuou um disparo que pode ou não ser de arma de fogo. Ele não soube precisar. Estamos investigando se o índio que morreu foi alvejado por ele”, relatou. O corpo do indígena teria sido enterrado na cidade de Jacareacanga, no Pará. Assim que encontrado, disse Martinez, o corpo da vítima, que seria pai de oito filhos, terá que ser exumado.

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