MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 18 de novembro de 2012

EDUCAR, POR QUÊ?





Poderia fazer vários comentários sobre o que fazer, como e por que fazer para “mudar” o atual estado crítico da educação no Brasil. O assunto é muito abrangente e todos conhecem soluções, principalmente os governantes e políticos brasileiros! Falta, portanto, boa-vontade, competência e atitude.
A Unesco pôs o Brasil na 88º posição em desenvolvimento educacional. Estamos atrás do Paraguai, Equador, Bolívia! O insucesso na alfabetização de crianças é uma das maiores vergonhas para um país, seu povo passa a ser dependente de tudo!
Gandhi disse certa vez: “Se queres progredir, não deves repetir a estória, mas fazer uma história nova. Esta máxima remete-me a outra: “Existem três tipos de governo: o que faz acontecer; o que deixa acontecer e o que não sabe o que acontece”. Bela conclusão para os dias atuais.
De 1930 a 1980, o Brasil realizou proezas históricas. Saiu de um enorme atraso para um aparelhamento técnico-industrial surpreendente. Passou de 48º economia do mundo para 8º. Juscelino Kubitschek deu um choque de progresso e tirou o País da condição de agrário e esquecido do mundo para se tornar a Nação do futuro! Entre os anos 60 até meados dos anos 70, o Brasil cresceu em média de 10 até 14% a.a. Tudo perfeito, um mar de rosas! Com a consolidação do Plano Real, ele  voltou a crescer, e tudo parece ótimo. Não é verdade, nossos políticos continuam brigando pelo poder, esquecendo que seu povo continua péssimo em educação.
Entretanto, sei que meus pais não esqueceram de mim e dos meus irmãos, mas todos os governos esqueceram de milhões e milhões de brasileiros ao longo destes 500 anos! De fato, esqueceram de dar educação, estudo, instrução ao povo brasileiro.
Segundo o colunista Cláudio Moura de Castro, a culpa é do tataravô. Sua observação é merecidamente ótima. O desleixo do passado deixou sequelas graves! Só nos últimos cinquenta anos é que o Brasil abril um dos olhos. Na Europa do século XVI, a Inglaterra precede do resto do mundo e dita a primeira regra: toda criança de seis a 12 anos deve estar na escola, cumprido 6 horas de jornada escolar. No século XVII, em Viena, aprova-se uma lei proibindo a contratação de aprendizes e empregadas domésticas sem certificado escolar. A América do Norte do século XVIII caminha rapidamente para a escolarização universal. No século XIX, nossos vizinhos, Argentina e Uruguai, imitam a América. O Brasil, como sempre, não sabe nada, não vê nada!
No Brasil, além de herdarmos tudo que não presta dos ibéricos, herdamos a pior das imperfeições: a tradição portuguesa de um ensino débil e medíocre! Até as elites eram improvisadas e precárias. Na verdade, o que havia era uma educação péssima para os mais nobres e nada para o “resto”. O país só acordou no século XX para aquilo que os ingleses já sabiam há 400 anos! Certo é que herdamos tantos males dos nossos tataravôs, que ainda hoje, mesmo tendo cultura e intelectualidade, uma minoria “escolarizada e intelectualizada” ainda não sabe votar num bom candidato - ou pensa que sabe -, esquecendo de regras básicas para eleger alguém.
É fácil perceber que o império que nos descobriu carregava o germe da exploração, burocracia, da corrupção. Infelizmente este vírus da corrupção ainda persiste. Ainda continuamos em guerra neste rico-pobre País, porque, enquanto a deseducação preponderar, seremos grandioso em terra e gente, pequeno em educação, instrução e cultura. Um país grande, não um grande país. Um país sempre na contramão!
Podemos manter a inflação e superávit primário sobre controle; a economia crescendo, reduzir e controlar juros e impostos, resolver os problemas de infraestrutura, segurança e saúde, e outros gargalos, porém, jamais controlaremos ou acabaremos com a corrupção, elegeremos verdadeiros líderes-administradores neste putrefato país, se o povo não tiver discernimento, bom senso, ou seja, não tiver estudo, instrução, cultura! 
Faculdades, universidades são importantes, contudo, o ensino básico nas escolas é fundamental. Escolas públicas com boa infraestrutura, barata e accessível a todos, especialmente aos mais necessitados, professores capacitados e bem-remunerados etc. Porque não podemos mais permitir que 25% dos nossos alunos da 4ª série sejam analfabetos (quatro anos estudando); e que 75% da população do Brasil, se ler este texto, não vai compreender!...
Não podemos só pensar que a alfabetização é condição suficiente para nosso desenvolvimento, mas sabermos que é imprescindível, essencial, para nosso rico e ainda pobre Brasil.



Sérgio Belleza é autor dos livros Caminhando com Walkyria e Ascensão e Queda de um Império Econômico.

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