Poderia
fazer vários comentários sobre o que fazer, como e por que fazer para “mudar” o
atual estado crítico da educação no Brasil. O assunto é muito abrangente e
todos conhecem soluções, principalmente os governantes e políticos brasileiros!
Falta, portanto, boa-vontade, competência e atitude.
A
Unesco pôs o Brasil na 88º posição em desenvolvimento
educacional. Estamos atrás do Paraguai, Equador, Bolívia! O insucesso na alfabetização de
crianças é uma das maiores vergonhas para um país, seu povo passa a ser
dependente de tudo!
Gandhi
disse certa vez: “Se queres progredir, não deves repetir a estória, mas fazer
uma história nova”. Esta máxima remete-me a outra: “Existem três tipos
de governo: o que faz acontecer; o que deixa acontecer e o que não sabe o que acontece”. Bela conclusão para os dias
atuais.
De
1930 a 1980, o Brasil realizou proezas históricas. Saiu de um enorme atraso
para um aparelhamento técnico-industrial surpreendente. Passou de 48º economia
do mundo para 8º. Juscelino Kubitschek deu um choque de progresso e tirou o
País da condição de agrário e esquecido do mundo para se tornar a Nação do
futuro! Entre os anos 60 até meados dos anos 70, o Brasil cresceu em média de
10 até 14% a.a. Tudo perfeito, um mar de rosas! Com a consolidação do Plano
Real, ele voltou a crescer, e tudo
parece ótimo. Não é verdade, nossos políticos continuam brigando pelo poder,
esquecendo que seu povo continua péssimo em educação.
Entretanto,
sei que meus pais não esqueceram de mim e dos meus irmãos, mas todos os
governos esqueceram de milhões e milhões de brasileiros ao longo destes 500
anos! De fato, esqueceram de dar educação, estudo, instrução ao povo
brasileiro.
Segundo
o colunista Cláudio Moura de Castro, a culpa é do tataravô. Sua observação é
merecidamente ótima. O desleixo do passado deixou sequelas graves! Só nos
últimos cinquenta anos é que o Brasil abril um dos olhos. Na Europa do século XVI, a Inglaterra
precede do resto do mundo e dita a primeira regra: toda criança de seis a 12
anos deve estar na escola, cumprido 6 horas de jornada escolar. No século XVII,
em Viena, aprova-se uma lei proibindo a contratação de aprendizes e empregadas
domésticas sem certificado escolar. A América do Norte do século XVIII caminha
rapidamente para a escolarização universal. No século XIX, nossos vizinhos,
Argentina e Uruguai, imitam a América. O Brasil, como sempre, não sabe nada,
não vê nada!
No
Brasil, além de herdarmos tudo que não presta dos ibéricos, herdamos a pior das
imperfeições: a tradição portuguesa de um ensino débil e medíocre! Até as
elites eram improvisadas e precárias. Na verdade, o que havia era uma educação
péssima para os mais nobres e nada para o “resto”. O país só acordou no século
XX para aquilo que os ingleses já sabiam há 400 anos! Certo é que herdamos
tantos males dos nossos tataravôs, que ainda hoje, mesmo tendo cultura e
intelectualidade, uma minoria “escolarizada e intelectualizada” ainda não
sabe votar num bom candidato - ou pensa que sabe -, esquecendo de regras básicas para eleger alguém.
É
fácil perceber que o império que nos descobriu carregava o germe da exploração,
burocracia, da corrupção. Infelizmente este vírus da corrupção ainda
persiste. Ainda continuamos em guerra neste rico-pobre País, porque, enquanto a
deseducação preponderar, seremos grandioso em terra e gente, pequeno em
educação, instrução e cultura. Um país grande, não um grande país. Um país sempre na contramão!
Podemos
manter a inflação e superávit primário sobre controle; a economia crescendo,
reduzir e controlar juros e impostos, resolver os problemas de infraestrutura,
segurança e saúde, e outros gargalos, porém, jamais controlaremos ou acabaremos
com a corrupção, elegeremos verdadeiros líderes-administradores neste putrefato
país, se o povo não tiver discernimento, bom senso, ou seja, não tiver estudo,
instrução, cultura!
Faculdades,
universidades são importantes, contudo, o ensino básico nas escolas é
fundamental. Escolas públicas com boa infraestrutura, barata e accessível a
todos, especialmente aos mais necessitados, professores capacitados e
bem-remunerados etc. Porque não podemos mais permitir que 25% dos nossos alunos
da 4ª série sejam analfabetos (quatro anos estudando); e que 75% da população
do Brasil, se ler este texto, não vai compreender!...
Não
podemos só pensar que a alfabetização é condição suficiente para nosso
desenvolvimento, mas sabermos que é imprescindível, essencial, para nosso rico
e ainda pobre Brasil.
Sérgio Belleza é autor dos livros
Caminhando com Walkyria e Ascensão e Queda de um Império Econômico.
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