MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 4 de novembro de 2012

Criadores batalham para não deixar o gado morrer de fome no sertão baiano


Alguns chegam a soltar os animais para ver se eles encontram comida.
Governo fornece milho a preço de custo, mas o processo é burocrático.

Do Globo Rural
O semi-árido brasileiro vive uma de suas grandes secas históricas. Mais da metade dos municípios da Bahia decretaram situação de emergência. Na região de Irecê, por exemplo, já são dez meses sem chuva.
Rios que não costumavam secar secaram. Pasto virou poeira. No desespero, muitos criadores soltam os animais na beira da pista, para ver se eles conseguem comer alguma coisa. São muitas as carcaças espalhadas pelo acostamento. Nem mesmo os grandes criadores da região de Irecê estão conseguindo manter seus rebanhos.
Para tentar frear essas perdas e manter os rebanhos da região, o governo decidiu fornecer aos criadores o milho a preço mínimo, mas conseguir isso está muito complicado.
O processo todo já é burocrático por natureza. Quando o criador finalmente consegue o cadastro, coloca o nome em uma lista de espera. No dia marcado, volta para pegar um boleto e pagar o valor do milho no banco.
O comprovante de pagamento vai para Salvador. A Conab, lá, gera uma nota fiscal e só então libera o milho, como explica José Carlos de Carvalho, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais da Região de Irecê. "O que deu mais sorte foi 50 dias. Tem de 80 dias, 90 dias e ainda não conseguiu adquirir esse pouquinho desse milho. O milho, quando ele vem, vem menos da metade pelo que tinha direito do cadastro”, afirma.
Para piorar, os agricultores são atendidos no portão. Ficam no sol, sem água, sem banheiro, sem ter onde sentar, inclusive os idosos. As informações são confusas e o tumulto, enorme.
Muitos criadores vêm de outros municípios e pagam caro pela viagem, mas não desistem. O desespero para conseguir esse milho se justifica. O preço da saca vendida pela Conab varia de R$ 18 a R$ 24, praticamente a metade do valor praticado pelo mercado.
Segundo a Conab, o volume de criadores cadastrados em todo o estado da Bahia saltou de 1.500 para 16.000 por causa da seca. Uma paralisação no fornecimento do milho meses atrás, causada por problemas com o frete, agravou ainda mais a situação. Quem consegue pegar o milho geralmente tem que pagar ainda o frete e o carregamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário