Jovens contam ao G1 das dificuldades econômicas, mas 'poupam' Merkel.
Contra cortes, Portugal participa de greve com outros países da Europa.
Estudantes
da Universidade de Coimbra protestam contra as medidas do governo
português durante festival tradicional português (Foto: Fernanda Mota)
Nesta quarta-feira (14), portugueses participam, junto com espanhois, gregos, italianos e franceses, de uma greve geral
contra os cortes no orçamento e os aumentos de impostos exigidos pela
chamada troica (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo
Monetário Internacional). Portugal é um dos países mais afetados pela
crise na zona do euro, que já deteriora mais de 15% de seus empregos,
atingindo principalmente os jovens. Ao G1, estudantes
portugueses falaram sobre falta de esperança, num período que não se
trata mais de pensar no futuro, mas sim de se "conseguir sobreviver"."Neste momento, não existe esperança, não existe luz ao fundo do túnel, e as pessoas sentem isso. Não conseguimos deslumbrar um futuro risonho, conseguimos apenas sobreviver. Longe vão os tempos em que se ambicionava comprar uma casa, ter um bom emprego e ser independente", diz Diogo Rodrigues, 22 anos, estudante de Relações Internacionais.
Sobre uma qualidade de vida mais difícil, Diogo Rodrigues pondera possíveis exageros sobre "estar passando fome", mas diz que a crise já lhe obriga a parar de comprar muitos itens mais ou menos essenciais e de controlar melhor os seus gastos. Edu Pina, 20 anos, que também estuda Relações Internacionais, conta que não existe ao menos um produto ou serviço que não tenha aumentado de preço. "Tudo está alto, e tem que se apertar muito o cinto."
O estudante Edu Pina fala em europeu cansado e
irritado com a austeridade. (Arquivo Pessoal)
Para conter um possível abismo fiscal - se não conseguir fechar a conta
- o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, recebeu uma pacote de
resgate, no dia 31 de outubro, de 78 bilhões de euros. Mas, em troca, o
país cortará gastos. Educação, Cultura, Transportes, Saúde e todos os
outros setores terão cortes abruptos em seus orçamentos. Junto com o
aumento de impostos.irritado com a austeridade. (Arquivo Pessoal)
Tanto para Sofia quanto para Edu e Diogo, o que está em jogo é a tolerância do europeu, a estabilidade da Europa e os interesses dos Estados."Penso sinceramente que a Europa vai sobreviver a esta crise. Se ela não fosse tão forte, tudo já teria ido por água abaixo", diz Diogo. Já Sofia e Edu tangem para outro lado. "É um jogo de forças, os Estados pensam que é a hora de afirmarem suas soberanias", diz Sofia. "É provável que um dia possam se cansar de protestar e fazer greves e passar à violência. Ninguém mais aguenta tantos cortes", afirma Edu.
Angela Merkel e Pedro Passos Coelho,
durante encontro em Portugal (Foto: /AP)
Portugal e Angela MerkelNa última segunda-feira
(11), a chanceler alemã, Angela Merkel, cumprimentou o
primeiro-ministro, em Lisboa, por colaborar com as medidas de
austeridade. Merkel enfrenta grande oposição dos portugueses devido a
seu alinhamento com o pensamento de cortar gastos e aumentar impostos.durante encontro em Portugal (Foto: /AP)
Na segunda (11), diversas estátuas da capital portuguesa amanheceram encobertas com sacos plásticos pretos, em sinal de protesto. Para os três estudantes, a chanceler alemã não é a grande culpada pela crise, e sim o governo português com "políticas erradas" e "despesas exageradas."
Sofia, que também não concorda com uma "demonização de Angela Merkel", diz que a culpa é dos políticos portugueses que não foram capazes de gerir o país. "Os sucessivos partidos da política portuguesa não foram capazes de colocar o país no caminho certo e, face às despesas exageradas (e, parte delas, injustificadas), o país caiu numa situação de déficit difícil de combater."
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