MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Com Portugal em greve, estudantes falam de 'falta de esperança' na crise


Jovens contam ao G1 das dificuldades econômicas, mas 'poupam' Merkel.
Contra cortes, Portugal participa de greve com outros países da Europa.

Do G1, em São Paulo

Estudantes protestam nos arredores da Universidade de Coimbra contra as medidas do governo português durante festival tradicional português.anto ao q o passos coelho falou,pra eles emigrarem (Foto: Fernanda Mota)Estudantes da Universidade de Coimbra protestam contra as medidas do governo português durante festival tradicional português (Foto: Fernanda Mota)
Nesta quarta-feira (14), portugueses participam, junto com espanhois, gregos, italianos e franceses, de uma greve geral contra os cortes no orçamento e os aumentos de impostos exigidos pela chamada troica (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional). Portugal é um dos países mais afetados pela crise na zona do euro, que já deteriora mais de 15% de seus empregos, atingindo principalmente os jovens. Ao G1, estudantes portugueses falaram sobre falta de esperança, num período que não se trata mais de pensar no futuro, mas sim de se "conseguir sobreviver".
"Neste momento, não existe esperança, não existe luz ao fundo do túnel, e as pessoas sentem isso. Não conseguimos deslumbrar um futuro risonho, conseguimos apenas sobreviver. Longe vão os tempos em que se ambicionava comprar uma casa, ter um bom emprego e ser independente", diz Diogo Rodrigues, 22 anos, estudante de Relações Internacionais.
O alastramento desses déficits sociais também assusta Sofia Marieiro, 21 anos, estudante do curso de Estudos Europeus, que fala em uma espécia de medição de forças entre países fortes e países fracos. "É uma crise em que os mais fracos se submetem aos mais fortes e que, ao que parece, ainda vai durar um bom tempo."
Sobre uma qualidade de vida mais difícil, Diogo Rodrigues pondera possíveis exageros sobre "estar passando fome", mas diz que a crise já lhe obriga a parar de comprar muitos itens mais ou menos essenciais e de controlar melhor os seus gastos. Edu Pina, 20 anos, que também estuda Relações Internacionais, conta que não existe ao menos um produto ou serviço que não tenha aumentado de preço. "Tudo está alto, e tem que se apertar muito o cinto."
Edu Pina (Foto: x)O estudante Edu Pina fala em europeu cansado e
irritado com a austeridade. (Arquivo Pessoal)
Para conter um possível abismo fiscal - se não conseguir fechar a conta - o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, recebeu uma pacote de resgate, no dia 31 de outubro, de 78 bilhões de euros. Mas, em troca, o país cortará gastos. Educação, Cultura, Transportes, Saúde e todos os outros setores terão cortes abruptos em seus orçamentos. Junto com o aumento de impostos.
Tanto para Sofia quanto para Edu e Diogo, o que está em jogo é a tolerância do europeu, a estabilidade da Europa e os interesses dos Estados."Penso sinceramente que a Europa vai sobreviver a esta crise. Se ela não fosse tão forte, tudo já teria ido por água abaixo", diz Diogo. Já Sofia e Edu tangem para outro lado. "É um jogo de forças, os Estados pensam que é a hora de afirmarem suas soberanias", diz Sofia. "É provável que um dia possam se cansar de protestar e fazer greves e passar à violência. Ninguém mais aguenta tantos cortes", afirma Edu.
Angela Merkel e Pedro Passos Coelho, durante encontro em Portugal (Foto: Francisco Seco/AP)Angela Merkel e Pedro Passos Coelho,
durante encontro em Portugal (Foto: /AP)
Portugal e Angela MerkelNa última segunda-feira (11), a chanceler alemã, Angela Merkel, cumprimentou o primeiro-ministro, em Lisboa, por colaborar com as medidas de austeridade. Merkel enfrenta grande oposição dos portugueses devido a seu alinhamento com o pensamento de cortar gastos e aumentar impostos.
Na segunda (11), diversas estátuas da capital portuguesa amanheceram encobertas com sacos plásticos pretos, em sinal de protesto. Para os três estudantes, a chanceler alemã não é a grande culpada pela crise, e sim o governo português com "políticas erradas" e "despesas exageradas."
Para Edu Pina, " a primeira-ministra está numa situação delicada, na qual tem que tomar decisões". " Se decisões são melhores isso já é discutivel. Mas chamá-la de principal culpada é errado. Os culpados são muitos e vão desde do próprio povo português que sempre viveu acimas das possibilidades até o maior culpado de todos que são, se calhar, os mercados."
Sofia, que também não concorda com uma "demonização de Angela Merkel", diz que a culpa é dos políticos portugueses que não foram capazes de gerir o país. "Os sucessivos partidos da política portuguesa não foram capazes de colocar o país no caminho certo e, face às despesas exageradas (e, parte delas, injustificadas), o país caiu numa situação de déficit difícil de combater."

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