MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 10 de novembro de 2012

Cananéia, SP, guarda dezenas de curiosidades da época da colonização


Cidade, considerada o 1º povoado brasileiro, vive basicamente da pesca.

Mariane Rossi Do G1 Santos
Relatos da presença de portugueses em Cananeia datam de 1502 (Foto: Mariane Rossi/G1)Relatos da presença de portugueses em Cananéia datam de 1502 (Foto: Mariane Rossi/G1)
Os casarões e construções que remetem ao estilo arquitetônico do período colonial brasileiro não negam que a cidade de Cananéia, no litoral de São Paulo, foi uma das primeiras do Brasil a receber os portugueses. Além de ser considerado por muitos o primeiro povoado brasileiro, a cidade é recheada de histórias curiosas e encanta por suas belezas naturais, que movimentam a economia da região.


Segundo a monitora de turismo ambiental Ivani Aparecida de Jesus, existem relatos da chegada dos portugueses em Cananéia no ano de 1502. Neste ano, a expedição de Gaspar de Lemos, com Américo Vespúcio como navegador, veio à região para demarcar as terras já descobertas por Portugal. Expulso do país, Cosme Fernandes ficou na ilha e começou a colonizar as terras, batizando a comunidade de Marataiama, que significa “onde a terra encontra o mar”. Apesar disso, apenas em 12 de agosto de 1531 Martim Afonso de Souza chega a comunidade que passa a ser considerada um povoado, o primeiro do Brasil.
As marcas históricas são vistas com um simples passeio pela cidade. A começar pela Praça Martim Afonso de Souza, que leva o nome do fundador de Cananéia, o mesmo que chegou a São Vicente um ano depois, em 1532. No centro da praça é possível ver um obelisco que foi inaugurado em 1931 em homenagem aos 400 anos da fundação da cidade. Ao lado, estão dois dos cerca de 20 canhões deixados pelos ingleses no Pontal da Trincheira e que foram para o fundo do mar. Quatro deles foram levados à cidade, sendo que um deles explodiu e o outro foi encaminhado para a cidade de Iguape. Segundo Ivani, há indícios que os outros 16 canhões ainda estejam debaixo das areias de Cananéia.
Igreja também protegia a população de Cananeia contra ataques de piratas (Foto: Mariane Rossi/G1)Igreja também protegia a população de Cananéia
contra ataques de piratas (Foto: Mariane Rossi/G1)
A Igreja de São João Batista, localizada ao lado do obelisco, foi construída em 1577 e também guarda uma história curiosa. Ela foi erguida não só para serem feitas as missas e celebrações, mas também servia como um forte para a proteção da população local quando os piratas se aproximavam da cidade. Segundo Ivani, por esse motivo não há janelas na igreja, apenas fendas nas paredes laterais da paróquia, onde as pessoas conseguiam apontar as armas para os inimigos. “Quem está de fora não consegue ver o que está acontecendo lá dentro”, diz a monitora. Ela também explica que dentro da igreja havia um túnel de fuga, caso todos precisassem deixar o imóvel. Ainda segundo Ivani, historiadores que acompanham as recentes reformas feitas na igreja encontraram azulejos e um buraco que possivelmente seria aquele utilizado na época colonial. Por conta desses detalhes, essa parte da igreja foi isolada e não está aberta para visitação. Porém, quem entra no lugar consegue observar as fendas e as paredes grossas que foram restauradas.
Por volta de 1770, o porto natural de Cananéia começou a ser usado por embarcações que, durante a viagem, precisavam de reparos. Com isso, o setor de produção de barcos se expandiu na cidade. Nessa época, Cananéia chegou a ter 16 estaleiros. Essa atividade econômica começou a decair com o passar dos anos e, hoje em dia, poucas são as pessoas em Cananéia que se arriscam a ganhar dinheiro com a fabricação artesanal de barcos.
Canhões foram deixados pelos ingleses no Pontal da Trincheira, em Cananeia (Foto: Mariane Rossi/G1)Canhões foram deixados pelos ingleses no Pontal
da Trincheira (Foto: Mariane Rossi/G1)
Hoje em dia, a principal fonte de renda dos moradores de Cananéia vem da pesca e do turismo. Cerca de 80% da economia da cidade é gerada pelas atividades pesqueiras e outros 20% pelo turismo, que tem crescido bastante nos últimos anos. Segundo Ivani, o turismo passou a ser mais organizado na década de 1990. “Não há um turismo de massa. A maioria das pessoas vem com o objetivo de fazer pesquisas, fotografias ou é o pessoal da terceira idade. O público ainda é muito selecionado”, diz Ivani.
A cultura do povo cananeense pode ser conferida nas lojas em torno da Praça Martim Afonso de Souza e na Rua do Artesão, um espaço cheio de quiosques onde é possível encontrar os produtos feitos na região, como miniaturas de madeira e lembranças da cidade. No local também há a venda da cachaça de cataia, bebida em que é adicionada a folha da cataia, fruto da região, e que proporciona um gosto diferente à cachaça convencional.
Ao lado de um dos quiosques, fica a Praça Theodolina Gomes, onde são organizadas diversas apresentações artísticas e festas populares na cidade. Tiduca, como foi conhecida Theodolina Gomes, era neta de uma africana que chegou em Cananéia na época da colonização. Ela trabalhou muitos anos em prol da população da cidade. A Praça recebeu o nome dela e seu busto como forma de homenageá-la por todo o trabalho que ela fez pelo município. Tiduca morreu nas vésperas do Carnaval de 1994.
Artesanato também é um dos atrativos da cidade de Cananeia (Foto: Mariane Rossi/G1)Artesanato também é um dos atrativos da cidade
de Cananéia (Foto: Mariane Rossi/G1)
Já no píer municipal, em frente a avenida Beira-Mar, a principal da cidade, é possível admirar uma bela vista das embarcações e observar as casas do estilo colonial que são preservadas. Segundo a monitora, esses imóveis trazem as mesmas características dos construídos na região de Açores, em Portugal. Essas casas, na maioria das vezes, são térreas e seus telhados possuem eira e beira, pequenos detalhes arquitetônicos que determinavam a quantidade de posses que tinha a família que morava na residência.
Em frente a avenida principal, é turistas e moradores podem embarcar em uma das escunas e barcos que ficam atracados no píer, além de conhecer as belezas naturais de Cananéia, como as trilhas, cachoeiras, praias e os ecossistemas em geral. Durante o passeio pelo estuário, é possível observar os botos-cinzas próximos as embarcações e as várias espécies de aves que habitam a região, em seu ambiente natural, principalmente próximo a praia de Itacuruçá, na Ilha do Cardoso. A observação desses animais pode ser feita o ano todo e é muito raro um turista não conseguir avistar um desses animais encantadores, que nos últimos anos, se tornaram o símbolo da cidade.
 
Principal fonte de renda dos moradores de Cananéia, SP, vem da pesca e do turismo (Foto: Mariane Rossi/G1)Principal fonte de renda dos moradores vem da pesca e do turismo (Foto: Mariane Rossi/G1)

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