MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 7 de outubro de 2012

Safra de verão da soja tem previsão de colheita recorde no centro-sul


Agricultores abandonam rotação para plantar mais soja.
Boas colheitas no Brasil e no mundo devem reduzir preço levemente.

Do Globo Rural

O plantio da safra de verão avança no centro-sul do Brasil. Ainda não há números fechados, mas se espera uma nova safra recorde de soja, em torno de 81 milhões de toneladas.
A safra de verão garante a maior parte da renda anual das propriedades. Por isso, nessa época do ano, no norte do Paraná, o que mais se vê é máquina no campo. Como quase todos na região trabalham com plantio direto, enquanto uma turma colhe o trigo, a outra já vai semeando a próxima cultura, que geralmente é de milho ou soja.
A área plantada com soja no Paraná nessa safra deve crescer 4%, e ficar em torno de 4.560 milhões de hectares. Já a área de milho deve diminuir em torno de 13% e ficar na casa de 850 mil hectares. O motivo pra essa diferença tão grande é o bom momento porque passa o mercado da soja.
Em Campo Mourão, onde fica a sede da Coamo, maior cooperativa do país, o movimento também é intenso. Os agricultores estão de olho no mercado da soja. No final do mês passado, a saca chegou a valer R$ 74, como explica Aroldo Galassini, presidente da cooperativa. “Nós tivemos algumas frustrações na safra de verão na América Latina e depois na dos Estados Unidos, e isso fez com que o preço da soja aumentasse muito. Os produtores se empolgaram e acham que essa próxima safra ainda terá preços bons. Por isso que nós aumentamos a área de plantio”.
Na região da Coamo, a área plantada com soja deve crescer 14% e 30% da produção já estão vendidos. “Nós começamos a vender soja quando era bom preço, R$ 49. Depois fomos vendendo a R$ 50, a R$ 51, a R$ 55, até a R$ 64. Dependendo da região, até um pouco mais, em função do frete. Esse foi realmente um bom preço, em relação ao custo de produção”, afirma Galassini.

Cláudio Ferreira, dono de uma fazenda de mil hectares no município de Mamborê, é um dos agricultores que decidiram aproveitar o bom momento e está plantando 770 hectares de soja, vendendo antecipdamente 60% da produção na média de R$ 48 a R$ 51 a saca.
O agricultor está plantando 20% da área com uma variedade de soja precoce e de ciclo curto, que pode ser semeada mais cedo e fica pronta para a colheita em 120 dias. “Essa semente é para a gente fazer o safrinha em cima”, afirma Ferreira.
Seguindo a orientação técnica, na região Sul, durante o verão, os agricultores fazem rotação entre as culturas de milho e de soja. Parte da área que é plantada com soja em um ano é cultivada com milho no outro, o que ajuda a conservar o solo e melhora a produção das lavouras. Com os preços que a soja vem alcançando, porém, muitos deixam a técnica de lado.
”No ínicio dos anos 2000, na região Sul, nós tínhamos, aproximadamente, 30% da área cultivada com milho de verão e 70% da área cultivada com soja. Na última safra, isso caiu drasticamente, para em torno de 85% da área com soja e 15% com milho de verão”, explica o agrônomo Henrique Dibiasi, doutor em manejo de solo e pesquisador da Embrapa Soja, que também diz que menos rotação pode trazer problemas sérios.
“Com a diminuição da diversificação das culturas, você também diminui a diversidade da biologia do solo. Isso significa menos inimigos naturais e aumento da quantidade de pragas e da gravidade das pragas e doenças. Outro risco importante é a diminuição do teor de matéria orgânica do solo. Isso, com o tempo, leva a uma perda da qualidade física do solo, o aumento da compactação do solo”, afirma Dibiasi.
A Embrapa recomenda que o agricultor faça rotação em pelo menos 25% da área de cultivo, mas está difícil resistir à tentação de plantar mais soja. Mesmo quem usa muita tecnologia, como Teodoro Ricardo de Andrade, dono de uma fazenda de 650 hectares no município de Luiziana, plantou 85 hectares de milho e 580 hectares de soja. “Por causa do mercado, do preço da soja”, explica.
Como a soja rende bons resultados há alguns anos, Ricardo vem conseguindo engordar a receita da propriedade. “Estamos investindo na aquisição de novas máquinas, na própria terra com agricultura de precisão para a gente colher mais, cada dia melhor e investindo também na compra para aumentar um pouco a área. Algum lote pequeno do vizinho a gente tem conseguido comprar”, diz.
Um dos investimentos feitos por Ricardo foi a compra de uma colheitadeira que, além de colher, informa a produtividade, o peso e o índice de umidade dos grãos. Com o sucesso da lavoura, o produtor paga as contas com tranquilidade. Com os preços atuais, a soja deixa uma renda 34% maior por hectare para Ricardo, que financia 70% da produção com dinheiro do banco e 30% com renda própria.

A expectativa é que, com boas colheitas no Brasil e no resto do mundo, o preço da soja caia um pouco, mas os analistas de mercado acreditam que na próxima safra o resultado ainda vai ser bom. Parece que o próximo ano também vai ser cheio de motivos para a comemoração. Na próxima terça-feira (9), deve sair o primeiro prognóstico oficial sobre a safra 2012/2013.

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