Governador pernambucano Eduardo Campos quer um papel na sucessão de Dilma mas vê perigo tucano
Sergio Torres e Ângela Lacerda
Na tentativa de resolver a eleição no Recife neste domingo, 7,
o PSB do governador Eduardo Campos e do líder nas pesquisas, Geraldo
Júlio, pôs a militância nas ruas nos últimos dias. A vitória de Júlio no
primeiro turno será um trunfo do governador em seus planos nacionais
para 2014. Em caso de segundo turno, a disputa deverá ficar entre o
socialista e o candidato do PSDB, Daniel Coelho. Amigo do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Humberto Costa é o virtual
derrotado da eleição recifense.
Divulgação
Possibilidade de vitória ainda no primeiro turno, Campos (dir.) passou a ir a eventos com Júlio
Nos últimos dez dias, Campos intensificou a presença na campanha. Percorreu bairros populares com Júlio, escolhido para liderar a coligação Frente Popular do Recife, que reúne 14 legendas, um dia antes do prazo final. A coligação programou no fim de semana grandes aglomerações em pontos como a orla da Boa Viagem, feiras livres, o Marco Zero e o entorno do Estádio dos Aflitos.
A mais recente pesquisa Ibope apontou Júlio à frente com 39% das intenções de voto, ante 24% de Coelho e 16% de Costa. O comando do PSB sustenta que pesquisas internas indicam que o candidato tem mais votos do que o registrado pela pesquisa. Daí a decisão de reforçar a campanha.
Ex-secretário do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico de Campos, Júlio tem perfil de gestor. Funcionário concursado do Tribunal de Contas de Pernambuco, começou a trabalhar na administração nos anos 1990.
Articulado, com discurso destacando temas como sustentabilidade, Coelho teve forte crescimento na reta final e ameaça os planos do PSB. Ele também intensificou a campanha e, na sexta-feira à noite, percorreu o centro, cumprimentando eleitores.
Racha. A situação de Humberto Costa é dramática. Em nenhuma capital o PT tem tanta hegemonia - controla a prefeitura há 12 anos. Mas o candidato parece vítima da crise iniciada em 2011, quando a cúpula nacional interveio no diretório local, cassando a prévia que apontara o prefeito João da Costa candidato à reeleição. O partido rachou. João Costa disse em público que tem dúvidas se votará no petista.
Campos disse que o PSB lançou candidato porque, se continuasse aliado a um PT despedaçado, perderia a eleição. Para ele, o PT não soube interpretar sinais emitidos pelo eleitor em 2010. "Dilma teve 41% dos votos, eu tive 76%. Armando Monteiro (senador eleito pelo PTB) teve mais votos que Humberto Costa. Marina (Silva, candidata a presidente) teve 36% dos votos no Recife. Ninguém viu campanha dela aqui. Foi a classe média e o voto evangélico que se juntaram e quase bateram Dilma."
Para o cientista político Tulio Velho Barreto, da Fundação Joaquim Nabuco, a ascensão de Coelho se deve a "resquícios da campanha de Marina". Para ele, o voto anti-PT, que iria para o DEM, migrou para o tucano porque ele mostrou mais força para chegar ao segundo turno. "Muitos passaram a ver em Coelho a chance de derrotar ao mesmo tempo o PT e o PSB do governador."
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