Seção onde eleitor vota não possui fone de ouvido para auxiliar votação.
Eleitor digitava número certo e urna indicava voto nulo. Amiga ajudou.
Eleitor disse que seu voto deixou de ser secreto aos 19 anos (Foto: Egi Santana/G1)
“O meu voto deixou de ser secreto desde quando eu comecei a votar, aos
19 anos”, desabafa Jefferson Teles, 33 anos, deficiente visual. Neste
domingo (7), o professor de informática mais uma vez perdeu o direito de
ter o sigilo na hora do voto. Ao entrar na seção do colégio Abrigo do
Povo, localizado no bairro da Liberdade, em Salvador, ele precisou da
ajuda de uma amiga para confirmar se as informações digitadas estavam
corretas com o desejo dele. Apesar de todas as urnas eletrônicas serem
adaptadas com teclado em braile, Jefferson relata que não é suficiente.
“Eu tenho que depender de uma pessoa que enxerga para confirmar se é o
meu candidato que está aparecendo na tela. Eu sempre tenho que perder um
certo tempo pra isso. Eu já disse isso no TRE, que meu voto deixou de
ser secreto”, revolta-se o professor. Confira aqui, locais com seções adaptadas em Salvador.Ele contou que digitou três vezes o número do candidato, mas na urna aparecia o candidato errado. "Se eu não contasse com o apoio de minha amiga,o sistema teria anulado o meu voto, já que estava aparecendo errado. Mesmo eu digitando certo, meu voto estava sendo computado errado. Durante a votação, minha amiga monitorou a tela até que o sistema indicasse o candidato certo. Só na quarta tentativa conseguir exercer minha cidadania", disse Teles.
Eleitor cego precisou da ajuda de uma amiga para poder votar (Foto: Egi Santana/ G1)
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral, existem seções especiais
em que o eleitor com deficiência visual pode usar um fone de ouvido para
escutar o número que digitou. Porém, para Jefferson, é essencial que
todas as urnas possuam esses fones de ouvido. “Minha urna não tem fone
de ouvido. É uma coisa tão equivocada as pessoas falarem que a leitura
em braile orienta a votação. A urna é como um telefone. O que é mais
dificultoso para gente é saber se realmente o candidato que escolhemos
está aparecendo na urna”, relata.Jefferson ainda defende que a acessibilidade deve ser padronizada. “O TRE manda eu ir para uma escola mais próxima, mas isso está errado. É uma coisa tão simples colocar um fone de ouvido em todas as urnas”, indigna-se. Morador do bairro da Liberdade, Jefferson está no 5º semestre do curso de Direito e afirma que a maior preocupação é com a garantia da cidadania plena na hora da votação. “Estou defendendo em causa própria, pois eu quero que a minha seção seja adaptada, mas estou fazendo a minha parte e sei que vou beneficiar muita gente também”, ressalta.
Números
Os 1.881.544 eleitores de Salvador devem ir às urnas neste domingo para escolher o novo prefeito da terceira maior capital do país. A votação começa às 8h e vai até as 17h, nas 4.582 seções distribuídas em 20 zonas eleitorais, com 647 locais para votação. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral, são 5.093 urnas eletrônicas em funcionamento na capital baiana. O eleitorado de Salvador é dividido em 860.313 homens (45,72%) e 1.019.796 mulheres (54,20%).
Em todo o estado, o total de eleitores aptos é de 10.110.122, o que corresponde a 7,188% do eleitorado do Brasil. Maiores de 70 anos e menores de 18 não são obrigados a votar. De acordo com o TRE, 86.661 títulos foram cancelados em Salvador.
Os eleitores precisam levar documento oficial e pessoal com foto, que deve ser entregue a um mesário para que a votação seja liberada.
Na urna, o primeiro voto é para vereador. Cada um pode utilizar uma "cola", escrita em um papel, adicionar o número do candidato, confirmar visualmente e logo após apertar a tecla "confirma". Logo depois, vem a escolha do prefeito. Caso o eleitor coloque algum número errado, é só apertar a tecla "corrige" e adicionar o número certo. A estimativa do Tribunal Superior Eleitoral é de que cada eleitor leve 40 segundos para fazer a votação.
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