Alunos da zona rural de Vilhena, RO, levam 4 horas para chegar a escola

Crianças saem de casa às 9h para chegar a escola às 13h.
Professor diz que é o aluno precisa ter muita força de vontade para continuar.

Flávio Godoi Do G1 RO

Alunos de diferentes séries dividem o mesmo ambiente em escola da Zona Rural (Foto: Flávio Godoi/G1)

A rotina de crianças que frequentam a escola na zona rural de Vilhena, RO, é difícil. São horas de um longo trajeto dentro do ônibus até chegar a escola. Os primeiros a entrarem no veículo saem de casa às 9h para estudar durante a tarde. Na volta, a mesma situação. "Eles saem às 17h e chegam em casa às 21h, cansados e empoeirados ”, conta o professor Beno Scheuermann.
Ele trabalha há 12 anos na Escola Municipal Iquezinha, localizada no quilômetro 15 da Gleba Iquê, em Vilhena. Ainda nos moldes que parecem resistir ao tempo, a escola oferece ensino fundamental e mistura alunos de séries diferentes para garantir as aulas em um ambiente onde o calor se intensifica com a estrutura de madeira.
Segundo Scheuermann, além do ambiente precário, o maior desafio dos alunos se refere ao transporte escolar. Muitos chegam de bicicleta, atravessando locais perigosos. Os que não chegam de bicicleta, utilizam o transporte escolar, realizado por um ônibus da prefeitura, mas que não deixa de ser uma alternativa problemática.

Escola Municipal Iquezinha, na Zona Rural de Vilhena
(Foto: Flávio Godoi/G1)

"Há alunos que estudam no período vespertino e moram a uma distância de mais de 50 quilômetros da escola. Ao final do dia passam mais tempo na estrada do que na sala de aula", relata o professor.
Futuro
De acordo com o coordenador do Escola do Campo, um projeto da Secretaria Municipal de Educação, Orlando Kester, o ensino rural em Vilhena tem cerca de 650 alunos.
Para garantir que as crianças frequentem a escola, alguns investimentos estão sendo feitos. “Já implantamos também o ensino de jovens e adultos nas localidades rurais", alega Kester .
Como forma de melhorar as condições do ensino rural no município, o coordenador do projeto explicou que duas novas escolas estão sendo construídas nas regiões mais carentes.

Para Scheuermann, a visibilidade da escola rural vai além das condições físicas de suas instalações. “Se o aluno não tiver mais autoestima e continuar sendo jogado de escanteio, dificilmente irá concluir seus estudos”, observa.