MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Programa de computador substitui ratos em laboratório de faculdade


Alunos de psicologia da PUC-PR já utilizam o software 'consciente'.
Coordenador do curso explicou ao G1 o funcionamento do 'Skinny'.

Fernando Castro Do G1 PR

Os alunos do curso de psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) já experimentam nas aulas a troca dos tradicionais ratos brancos por similares virtuais. Após período de adaptação, os professores Laboratório de Psicologia Experimental adotaram o software canadense Sniffy com pelo menos duas equipes de alunos da graduação.
Segundo o coordenador do curso, Nain Akel, ainda se trata de uma fase de implantação, com dois computadores licenciados para utilizar o programa. O objetivo é ampliar para dez máquinas já no próximo período. “A primeira etapa de dificuldade foi a tradução do manual, depois tivemos que quebrar a resistência dos professores que não acreditavam nesta possiblidade e familiarizá-los com o Skinny. Agora estamos na fase de quebrar a resistência dos alunos”, contou Akel, em entrevista ao G1.
Com estes recursos, ele podia desenvolver exercícios para assimilar fundamentos do processo de condicionamento, e isso aprendido no comportamento animal depois poderia ser transferido para o comportamento humano"
Nain Akel, coordenador do curso
Basicamente, o programa utilizado substitui a prática feita com a “Caixa de Skinner”, um procedimento clássico de análise comportamental dos ratos de laboratório. “O Skinner foi um dos pais da psicologia comportamental (...) Para demonstrar os princípios e para que os alunos assimilassem de forma efetiva, ele bolou uma caixa acrílica, com piso de metal, alavanca, bebedouro, dispensador de alimentos e uma caixa de controle. Com estes recursos, ele podia desenvolver exercícios para assimilar fundamentos do processo de condicionamento, e isso aprendido no comportamento animal depois poderia ser transferido para o comportamento humano”, explicou o professor.
De acordo com Naim, os ratos brancos são a melhor alternativa animal para testes, e a possibilidade trabalhar com eles no computador resolve, além de tudo, um problema de consciência, já que a maioria dos animais costumam ser eliminados após o período de teses. “Estávamos procriando ratos para que eles tivessem uma vida condenada a ser bicho de experimentos que não justificam este tipo de eliminação posterior. Isso me perturbava muito”, confessou Akel.
Questionado sobre eventuais prejuízos no aprendizado, o professor confirmou que pode sim haver uma ligeira perda, mas que ela é compensada em outros aspectos. “O animal vivo tem um comportamento inesperado que, por mais que tentem prever, o da máquina não tem. Mas têm vantagens. Você pode levar o seu ratinho no tablet, no celular, no notebook, e prosseguir os experimentos onde estiver”, justificou.
Nain mostra o funcionamento do Skinny, que substitui ratos de laboratório (Foto: Divulgação/João Borges/PUC-PR)Nain mostra o Skinny, que substitui ratos em laboratórios (Foto: Divulgação/João Borges/PUC-PR)
Outra vantagem levantada é que algumas práticas proibidas pelos comitês de ética, como o uso de punições como choque e estímulos sonoros aversivos, podem ser retomadas nos ratos virtuais. “Acaba compensando. É um experimento que a gente já sabe onde vai chegar. Então usar o rato para privações, para fazer um experimento que de antemão já sabem o resultado, nos parece má ciência”, defendeu Akel.
Com o Skinny, Akel destacou que os alunos podem perceber facilmente como a sequência de procedimentos modifica o comportamento do animal em qualquer direção. “É possível desenvolver um repertório de comportamentos, extinguir comportamentos indesejáveis. É isso que um psicólogo analista do comportamento faz na sua clínica, aí com o ser humano, evidentemente”, ilustrou.

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