MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 8 de setembro de 2012

Professora tem três cobras de estimação em Cacoal, RO


"São animais dóceis, acostumadas com colo", defende criadora.
As três jiboias são da espécie Boa constrictor constrictor.

Paula Casagrande Do G1 RO

Maria coma jiboia Gaia, Pedro e Miguel com a cobra Nhame-Nhame (Foto: Paula Casagrande/G1)Maria coma jiboia Gaia, Pedro e Miguel com a cobra Nhame-Nhame (Foto: Paula Casagrande/G1)
Desde criança a paixão de Maria Barcelos por serpentes salta aos olhos. Hoje com 62 anos, a Maria dos Índios, como é conhecida por seu trabalho pela causa indígena no município de Cacoal, RO, onde reside há 36 anos, cria suas três cobras jiboias em casa, como animais de estimação. Os animais são da espécie Boa constrictor constrictor, conhecida como jiboia amazônica, e não são peçonhentos.
Maria relembra que aos 13 anos, quando morava em Minas Gerais, encontrou uma cobra jararaca e começou a criá-la, mas acabou soltando- a na natureza por incentivo de seus pais. “Era uma espécie perigosa, peçonhenta. Como não podia manuseá-la, então, após muita relutância, decidi libertá-la”, relembra Maria.
“Eu sempre gostei e tive curiosidade. Esse mistério que circunda as serpentes me atrai. É engraçado ver a quantidade de mitos que as pessoas criam para se manterem afastadas desses animais maravilhosos”.
Há três anos, a ex-professora de geografia realizou seu sonho e começou a criar três serpentes. Os animais são de um criadouro oficial, legalizado, do Estado do Pará e possuem até nomes: Nhame-Nhame (macho), Gaia e Atena (fêmeas). “Quando chegaram eram pequenas e leves, tinham o tamanho de minhocas de pesca. As crianças brincavam com elas. Agora estão bem pesadas, cada uma mede quase dois metros e por isso ficou difícil para manuseá-las”, explica a criadora.
Maria planeja um criadouro de serpentes (Foto: Paula Casagrande/G1)Maria planeja um criadouro de serpentes
(Foto: Paula Casagrande/G1)
E foi por esse motivo que a alimentação das ‘pequenas’ teve que ser readequada. “Elas comiam a cada 10 dias, mas estavam crescendo muito. Então decidi alimentá-las a cada 15 dias. Não fará mal a elas, pois na natureza a caça não é tão fácil assim”. O cardápio dos animais é diferenciado. Roedores, codornas e pequenos frangos fazem parte do cardápio, todos vivos, de preferência.
Maria cria ainda quatro cachorros e um hamster; estes as serpentes não comem. Com suas constantes viagens pela causa indígena no município, Maria conta com a ajuda de dois estudantes de ciências biológicas nos cuidados com os animais. “Nós trocamos experiências e estamos sempre atrás de detalhes sobre a vida desses animais maravilhosos”, revela Maria.
Miguel Barbosa e Pedro Henrique Dávila se encantam com a possibilidade de poder manusear bichos que eles veem nas aulas somente em livros. “Está sendo uma oportunidade para nós dois, ainda mais porque elas são dóceis. Ela está fazendo pressão no meu pescoço, mas é só o modo como ela rasteja, não está fazendo por mal”, ressalta Miguel com um dos bichos enrolado em si mesmo.
Segundo Pedro, o que mais amedronta as pessoas é a imagem que a sociedade faz destes bichos. “Essa ideia da maldade da serpente já vem da antiguidade: da história do Adão e Eva, por exemplo. Mas são bichos como outro qualquer”. E para quem tem o mesmo apreço da Maria por serpentes, os três esclarecem que o melhor é procurar um criadouro especializado, pois ter um animal silvestre em casa é crime.
Incidentes
Maria lembra rindo da única vez em que sofreu um incidente com as serpentes. “Segurei a codorna para a Atena dar o bote, e ela abocanhou a parte errada. Foi estranho, mas eu tinha a curiosidade de saber como era ser picada. Não tenho mais”, brinca. A criadora conta que a dor da picada é pouca por se tratar de uma cobra que não possui veneno. “Ela não fez por mal. São mansas. Ela só errou na hora de dar o bote”, defende.
Planejamento
Com quatro anos as serpentes já podem se reproduzir, e Maria planeja um futuro para Nhame-Nhame, Gaia e Atena. “Pretendo construir um terrário maior para as três poderem viver com mais conforto. No tamanho que estão, o lugar onde vivem já está pequeno, elas precisam de espaço”, afirma Maria. Para ela Cacoal pode vir a ter um criadouro de serpentes um dia. “Quando elas procriarem, se eu não tiver um criadouro legalizado tenho que convocar os órgãos responsáveis para entregar os filhotes a natureza”, lamenta Maria.

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