MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 8 de setembro de 2012

No Grande Recife, escolas usam de criatividade para ter merenda saudável


Prefeituras recebem repasse do governo federal para comprar alimentos.
Equipe de nutricionistas é responsável por elaborar cardápio.

Katherine Coutinho Do G1 PE

Frutas, verduras e legumes não podem faltar no cardápio dos alunos. (Foto: Katherine Coutinho/G1)Frutas, verduras e legumes não podem faltar no
cardápio dos alunos. (Foto: Katherine Coutinho/G1)
Uma merenda de qualidade, que atenda a requisitos nutricionais, faz parte das obrigações dos municípios em relação à educação. O cardápio tem de ser elaborado por um nutricionista e deve levar em consideração os macro e micronutrientes, ou seja, carboidratos, proteínas, lipídios e vitaminas e minerais.
Recife, Olinda e Jaboatão têm uma equipe de profissionais de nutrição responsável por elaborar o cardápio, em cada cidade, que é repassado a empresas terceirizadas, responsáveis por fornecer os alimentos. “O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) define que, quando o aluno passa apenas um período na escola, sejam atendidos no mínimo 30% das necessidades nutricionais diárias, já se ficam em período integral devem atingir com a alimentação pelo menos 70% destas necessidades”, explica a nutricionista Magda Diniz.
Repasses do PNAE por etapa de ensino
Etapa de ensino Valor repassado por aluno
Creche R$ 1
Pré-escola R$ 0,50
Escolas indígenas ou quilombolas R$ 0,60
Ensino fundamental, médio e educação de jovens e adultos R$ 0,30
Ensino Integral (Mais Educação) R$ 0,90
Fonte: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
 Através do PNAE, os municípios tem um repasse de acordo com o número de alunos do ano anterior e a etapa em que eles estão. O orçamento do programa para 2012 é de R$ 3,3 bilhões, para beneficiar 45 milhões de estudantes da educação básica e de jovens e adultos. Com a Lei nº 11.947, de 16/6/2009, 30% desse valor - ou seja, R$ 990 milhões - devem ser investidos na compra direta de produtos da agricultura familiar, medida que estimula o desenvolvimento econômico das comunidades.
O programa afirma ainda que as crianças devem consumir, no mínimo, três porções de frutas e hortaliças na semana. O desafio é equilibrar a comida saudável e o gosto dos alunos. “Os alunos, principalmente os mais velhos, gostam de coisas mais industrializadas, como biscoitos”, conta a vice-diretora Vera Lúcia Alves, que trabalha em uma escola municipal do Recife.
Alunos mais velhos por vezes resistem à merenda. (Foto: Katherine Coutinho/G1)Alunos mais velhos por vezes pereferem biscoitos.
(Foto: Katherine Coutinho/G1)
Essa resistência dos mais velhos é natural, uma vez que estão mais acostumados às guloseimas, mas a Magda lembra que o trabalho de educação alimentar e nutricional é fundamental nestes casos. “Os alimentos industrializados possuem muitos conservantes e sódio que são prejudiciais à saúde. É essencial trabalhar a alimentação saudável no contexto escolar para que possamos atingir a comunidade fora da escola também. Os alunos aprendem a comer bem na escola e levam o hábito para casa”, destaca a nutricionista.
Apoio à Alimentação Escolar na Educação Básica - repasses do governo federal aos municípios até junho de 2012
Cidade Repasse
Recife R$ 3.291.646,00
Olinda R$ 704.600,00
Jaboatão dos Guararapes R$ 1.536.428,00
Fonte: Portal da Transparência
 De acordo com a cartilha do Tribunal de Contas da União, responsável pelo repasse de verbas do PNAE para as prefeituras, os gastos com produtos industrializados, enlatados ou concentrados (em pó ou desidratados para reconstituição) não devem ultrapassar 30% dos recursos. Além disso, é proibida a compra de refrigerantes e refrescos artificiais com os recursos da merenda escolar.

O programa é acompanhado e fiscalizado diretamente pela sociedade, por meio dos Conselhos de Alimentação Escolar (CAEs), pelo FNDE, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pela Secretaria Federal de Controle Interno (SFCI) e pelo Ministério Público.

O preparo do alimento também precisa ter cuidados. Mesmo nas escolas, que apenas servem as refeições, as merendeiras trabalham com toucas e luvas para manusear os alimentos, a fim de evitar qualquer tipo de contaminação. Comidas como cuscuz, feijão e arroz são enviadas em recipientes térmicos, próprios para o transporte e também para manter a temperatura.
Escola Cecília Meirelles tem horta mantida com ajuda de alunos. (Foto: Katherine Coutinho/G1)Escola Cecília Meirelles tem horta mantida com
ajuda de alunos. (Foto: Katherine Coutinho/G1)
Comer bem
O trabalho de educação pode ser feito de maneiras diferentes, como através do envolvimento do aluno na horta da escola, como acontece na Escola Municipal Cecília Meirelles, no Recife, onde os produtos cultivados de maneira natural servem para complementar a merenda escolar.
Na Creche Shekiná, em Olinda, os alunos se servem e aprendem a importância dos nutrientes. Uma equipe de cozinheiras, sempre com toucas, é responsável por preparar os alimentos que são doados. “Recebemos doações de alimentos e complementamos o almoço das crianças. Eles aprendem a não desperdiçar também. Temos verduras, frutas, eles escolhem, mas a gente orienta”, explica a professora Ana Paula de Barros.
Merendeiras trabalham de toucas e luva. (Foto: Katherine Coutinho/G1)Merendeiras trabalham de toucas e luva.
(Foto: Katherine Coutinho/G1)
Cabe a cada município determinar como vai funcionar a merenda escolar. Nas creches, o habitual são cinco refeições ao dia, começando com o café-da-manhã e indo até o jantar. Em Jaboatão dos Guararapes, por exemplo, as escolas que ficam em zonas de mais difícil acesso e rurais, os alunos recebem duas merendas. “O caminho é mais longo até a escola, percebíamos eles cansados, foi então que percebemos a necessidade”, diz a secretária executiva de Educação da cidade, Edilene Gomes.
Embora os alunos por vezes resistam a comer alguns alimentos, os pais não reclamam do auxílio na hora de fazer os pequenos comerem bem. Com cinco anos, o pequeno Manassés Vítor é agitado e adora correr. “A merenda é ótima, ele vai aprendendo a comer de tudo um pouco”, conta a mãe, a dona de casa Daniela Lopes.

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