Juiz de Goiás entendeu publicação como propaganda eleitoral negativa.
Facebook também foi orientado a excluir os 1.222 compartilhamentos.
Ângela Rodrigues Pureza, professora há oito anos
(Foto: Reprodução/Facebook)
No último sábado (15), a professora de sociologia Ângela Rodrigues Pureza, da cidade de Anápolis,
a 55 km de Goiânia, apagou uma postagem que gerou polêmica ao ser
publicada em sua página no Facebook. No dia 28 de agosto, a docente
divulgou um comentário que foi interpretado pela Justiça Eleitoral como
propaganda eleitoral negativa contra os vereadores Fernando Cunha e
Míriam Garcia, ambos do PSDB. A professora cumpriu a ordem determinada
pela Justiça, mas adiantou: “Nada vai me calar”.(Foto: Reprodução/Facebook)
A decisão do juiz eleitoral Gleuton Brito Freire, da 141ª zona eleitoral, determinou também que o Facebook apagasse os 1.222 compartilhamentos feitos na rede social. Segundo o defensor da professora, a cliente preferiu não recorrer da decisão porque o caso já havia repercutido mais do que o esperado. “Ela só queria levar a situação a conhecimento dos amigos do Facebook e, depois do processo, o caso tomou repercussão maior ainda”, comentou.
No entendimento do juiz, a manifestação do pensamento não justifica a prática de propaganda eleitoral negativa e ilícita. "A liberdade de um termina quando começa a do outro. O uso das redes sociais de comunicação virtual não pode transformar-se em abuso", diz o magistrado em sua decisão. Veja íntegra do post abaixo.
Juiz manda professora retirar post no Facebook contra vereadores em Anápolis (Foto: Reprodução/Facebook)
De acordo com Ângela, que ministra aula há oito anos, o objetivo dela
ao fazer a postagem era repercutir o assunto na cidade para “mostrar aos
cidadãos o tipo de políticos que eles estão lidando”. Em entrevista ao G1
por telefone, na tarde desta segunda-feira (17), a professora disse que
a população de Anápolis se solidarizou com a causa. “O povo está
indignado. Tirei o post no sábado, mas meu objetivo foi alcançado”,
declarou Ângela.Agora, a questão que polemiza o caso é a liberdade de expressão. “Acho que as pessoas vão continuar se manifestando. No meu perfil, as pessoas me apoiam. Inclusive, tem gente de fora do país acompanhando o caso”, alegou a docente.
Repercussão
Para o advogado dos candidatos Fernando Cunha e Míriam Garcia, Carlos Alberto Lima, a repercussão do caso não será negativa para seus clientes, que disputam reeleição. “O voto para vereador é mais pessoal, particular. A pessoa não vota em partido, em propostas. Então, não prejudica”, justificou.
Agora, as partes aguardam o juiz emitir uma Certidão de Trânsito em Julgado. No documento, que deve ser entregue até a próxima quarta-feira (19), vai constar se o processo está encerrado ou se terá algum desdobramento.
Decisão judicial
A decisão do juiz eleitoral foi tomada no dia 13 deste mês. No entendimento do advogado de acusação, Carlos Alberto Lima, houve excesso por parte da professora. De acordo com ele, a representação feita na Justiça contra a docente se deu por causa dos comentários feitos na postagem. “Em nenhum momento, aconteceu ato deles [vereadores] contra os professores. Por não ser verdade, é que eles representaram contra ela”, alegou o defensor.
Ângela é professora de sociologia há oito anos (Foto: Reprodução/Facebook)
Para ele, a professora extrapolou os limites estabelecidos por lei e a
representação não significa que os vereadores querem proibí-la de se
manifestar: “A internet é um território livre para a propaganda
eleitoral e o único limite sobre ela é a lei. E a lei determina que não
pode haver propaganda negativa”.Se não cumprisse as medidas estabelecidas pela Justiça Eleitoral dentro de 24 horas, Ângela Rodrigues seria penalizada com multa diária no valor de R$ 5 mil. Já para o Facebook a penalidade seria maior. Se não apagasse os 1.222 compartilhamentos na rede, a empresa teria de desembolsar R$ 10 mil por dia.
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