MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 22 de setembro de 2012

Motoristas contam como é passar um dia sem carro


Líliam Cunha

De tênis e pertences como tablet e sapato social acondicionados em sacola plástica, o advogado Davi Cardoso, 25, deixou o carro na garagem e seguiu a pé por aproximadamente 2,5 km, entre a sua residência, no Jardim Armação, até o escritório em que trabalha, no Costa Azul.
Próximo dali, no bairro do Imbuí, o coordenador de TI, Maurício Santos, 32, trocou seu veículo por uma bicicleta para chegar ao local de trabalho, na Paralela. Enfrentou trânsito pesado, mas chegou ao destino onde existe chuveiro para aplacar o calor.
Ambos foram convidados por A TARDE, para deixar seus automóveis em casa, e atender antecipadamente à proposta do Dia Mundial sem Carro, que acontece hoje. Apesar das dificuldades, como a falta de ciclovias, má condições das calçadas e o medo de assalto, eles avaliaram positivamente a experiência.
Em 10 anos, Salvador experimentou um crescimento de 73,91% na frota de veículos que passou de 458.341, em 2002, para 797.103, em junho deste ano. Como resultado, engarrafamentos intermináveis impacientam o motorista. Salvador carece ainda de um sistema de transporte público estruturado que estimule aos donos de veículos deixarem o carro na garagem.
Motivação
"A vontade era pouca, mas a motivação das melhores: a natureza! Por isso, topei a ideia de ficar um dia sem o carro. Missão que daria uma leitura diferente da minha rotina", conta Davi Cardoso.
Segundo ele, o preparo começou no dia anterior, quando dormiu mais cedo, para acordar disposto. O dia começou cedo com o despertar do celular às 7h. "Tomei um café reforçado, afinal desta vez quem precisa de combustível sou eu e no lugar dos pneus, verifiquei os sapatos, e percebi que teria de trocá-los, por outro mais confortável".
No caminho, ele cumprimentou o jornaleiro, o amigo que passava e o seu estagiário, que assustado perguntou: "Doutor, cadê o carro?".
A pé, ele constatou que o medo, que o fazia a todo instante olhar em volta, tentando prevê a ação de ladrões e as condições das calçadas, que julgou ser calamitosa, podem ser considerados impeditivos à prática da caminhada como forma de se transportar às atividades diárias.
"Ao observar a face tensa e sisuda dos motoristas presos pelo trânsito, fui tomado por um sentimento de realização e liberdade por estar agindo de modo ecologicamente correto e saudável. Pensei: Por que não fiz isso antes?"
Pedaladas
A sensação de liberdade descrita por Cardoso, também foi partilhada por Maurício Santos, como uma das vantagens de deixar o carro em casa. "Me senti livre enquanto os outros estavam presos em seus carros", afirmou.
Entre as dificuldades enfrentadas, destacou a ausência de ciclovias, ciclofaixas e o despreparo de motoristas que desrespeitam o limite de 1,5 metro de distância entre carro e a bicicleta.
"No percurso, fui fechado por um ônibus que parou em local fora do ponto". Apesar destes problemas, o coordenador afirmou que ir de bicicleta ao trabalho foi uma experiência fantástica.
Pesquisa do Coletivo Mobilidade, que entrevistou 500 pessoas sobre o uso da bicicleta em Salvador, constou problemas idênticos, explica Clement Vialle, engenheiro em transporte e mobilidade e membro do coletivo.
Para amenizar esse tipo de problema, o grupo articula ações que visam promover o uso da bicicleta como meio de locomoção urbana, bem como a sua integração com os demais modos de transporte na Região Metropolitana de Salvador.

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