MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Moradores de Joinville, SC, buscam alternativas de sustentabilidade


Materiais descartados de forma errada são transformados em produtos.
Alguns destes são vendidos e geram oportunidades de novos negócios.

Marcieli Palhano Do G1 SC, com informações da RBS TV

 O conceito de sustentabilidade foi usado ainda na década de 1980, mas foi nos últimos anos que virou assunto global.
Na conferência Rio + 20, realizada neste ano no Rio de Janeiro com a presença de autoridades de diversos países, o desafio foi criar estratégia para um desenvolvimento sustentável. Chefes de Estado discutiram formas para criar uma maneira de desenvolver sem esgotar recursos, um sistema capaz de durar por tempo indeterminado.
Iniciativas dentro desse conceito também estão conquistando importante espaço em Joinville. São pessoas, grupos, instituições e empresas que começaram a transformar materiais descartados de forma errada no meio ambiente em um novo produto. É o caso do aposentado Demétrio Bernardes. Ele produz sabão em casa. O que começou como um passatempo, ao longo de vinte anos, já rendeu bons negócios. “Vendia bastante, trocava, vinha gente de Itajaí comprar”, lembra ele. A produção também servia como moeda de troca: “eu também levava sabão para o sítio, chegava lá trocava por galinha, por feijão".
O óleo de cozinha virou ingrediente da receita caseira há pouco mais de dois anos. Ele diz que as pessoas até pedem para fazer como forma de evitar que o óleo vá para um destino errado. Mas, aos oitenta e sete anos, com um pouco menos de energia, ele reduziu a produção para uma média de trinta quilos por mês. Cada quilo é vendido por R$ 3,50 e boa parte do produto é doado para a vizinhança que ajudou a coletar o óleo: “É boa coisa, porque além de aproveitar o óleo também ganha um dinheiro. São R$ 10, R$ 20, mas já ajuda”, complementa.
Quem também apostou na reutilização de materiais descartáveis para gerar renda foi a Marivande Mafra dos Santos. A artesã buscou ajuda para desenvolver uma boneca de retalhos. Foi em um projeto social com mulheres da região do Parque Guarani, na zona Sul de Joinville, que o produto, hoje responsável pelo sucesso do empreendimento dela, nasceu. Da roupa ao enchimento, a boneca é feita com o descarte das indústrias têxteis da região. Todo o material é vendido a preço baixo e muitas vezes até doado. “É um dos atrativos conseguir uma peça tão bonita com material descartado, é mesmo um reaproveitamento”, avalia Marivande. As bonecas são vendias em lojas, feiras e eventos. Às vezes, a encomenda é tão grande que ela precisa terceirizar o serviço.
Esperando reaproveitar materiais e também ganhar um dinheirinho, um grupo de dez mulheres da zona sul da cidade também inovou e criou bolsas com material de banner. Nos encontros semanais no ateliê inaugurado recentemente no Bairro Estevão de Matos, elas produzem por dia até vinte unidades, vendidas por R$ 5,00. Para a coordenadora do projeto, Maria Lúcia dos Santos Neitsch, é uma oportunidade de reaproveitar o material que estava disponível para gerar renda. “Esse banner antes ia para o lixo. E embarcando nessa onda de sacolinhas reutilizáveis, o grupo está produzindo e pretendemos levar aos supermercados e vender onde for possível para que essas mulheres tenham renda a partir daí”. A ideia interessou a costureira Janete Garbani. Desde o início do ano, quando começaram os primeiros encontros do projeto, ela participa e colabora com a experiência que tem com costura. “É uma coisa muito boa, porque tem muita coisa que ia para o lixo e que dá para reutilizar. E assim a gente ainda tem chance de ter um lucro, ganhar um dinheirinho”.
Em projetos em que o dinheiro não é o ponto principal do negócio, mas sim o exemplo, o envolvimento não é diferente. Sessenta e cinco alunos da Escola Municipal Eladir Skibinsk, no bairro Aventureiro, criam bloquinhos de anotações, caixinhas de presente, marca página e outros itens com papéis descartados nas salas de aula. “As crianças gostam muito e isso vai criando nas pessoas a preocupação com o meio ambiente, diminuindo resíduos e reaproveitando os mesmos”, explica a professora do ateliê, Valquíria Inês Artner Pereira. Alguns alunos gostaram tanto que até se arriscaram a produzir o papel em casa. Aos 12 anos de idade, Jhonatan Espíndola, fez algumas telas de teste. “Gosto do processo de triturar o papel e fazer a tela. É bem bonito porque você pode fazer o que quiser com a folha”, comenta ele.
Para especialistas em economia, projetos sustentáveis são tendências do mercado em diferentes proporções. “Quando a gente pensa em ações isoladas, precisamos pensar no trabalho de formiguinha. Por menor que seja a ação, como não jogar o óleo de cozinha no ralo, cada uma é importante para que a gente possa ter uma sociedade sustentável”, avalia a professora de economia da Univille, Jani Floriano. E ela acrescenta: “o brasileiro tem como grande diferencial o ‘jeitinho brasileiro’. Dessa forma, encontra na adversidade soluções, utilizando o óleo, restos de retalhos ou reciclagem como fonte de renda. Isso por menor que possa parecer para ele, somando em outras ações, tem um grande impacto positivo”.

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