MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Médicos realizam campanha contra excesso de exames


Fabiana Mascarenhas

  • Adenilson Nunes | Divulgação
    Campanha das sociedades médicas busca evitar excessos

Já se foi a época em que uma consulta com um médico era suficiente para deixar um paciente tranquilo. Com a descoberta dos raios-X - em 1895, que marcou o início da era do diagnóstico por imagem - e depois de todo o avanço tecnológico dos equipamentos de saúde, ocorreu uma verdadeira revolução na maneira como se detecta e trata os males que afligem as pessoas no mundo.
Para muitos, não basta a avaliação do médico, baseada no exame clínico e na entrevista com o paciente (chamada de anamnese).  Atualmente é necessário também uma bateria de exames e procedimentos para fazer com que médicos e pacientes se certifiquem de que a saúde vai bem. "Gosto de fazer o máximo de exames. A segurança é maior e a gente fica mais tranquila", diz a vendedora Mariana Ribeiro, 38 anos.
Mas, quando se trata desse assunto, nem sempre serve a máxima de que quanto mais, melhor. O excesso de tratamentos e exames custa caro e sobrecarrega o sistema de saúde. Além disso, eles também podem colocar a vida do paciente em risco.
Campanha - A necessidade de avaliar a realização de exames, com vistas a evitar excessos e o sobrediagnóstico, tem sido, inclusive, tema recorrente de campanhas nos Estados Unidos. O movimento mais recente está sendo conduzido por nove sociedades médicas norte-americanas que apresentaram uma lista com 45 exames que deveriam ser pedidos com menor frequência. A campanha foi batizada de "Choosing Wisely" (escolhendo sabiamente).
Nos EUA, a demanda de exames custa ao sistema de saúde pelo menos US$ 210 bilhões por ano, segundo o Instituto de Medicina. Ansiosas pela "cura total", as pessoas não percebem que, às vezes, o exame tem um risco, como avalia Shannon Brownlee, diretora do programa de políticas de saúde da Fundação Nova América e autora de "Overtreated: Why Too Much Medicine Is Making Us Sicker and Poorer".
No Brasil, a discussão ainda engatinha. Na opinião do médico ortopedista e presidente da Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Asheb), Marcelo Britto, não há como comparar o caso dos Estados Unidos com a situação brasileira.
"Nos Estados Unidos se pratica a chamada medicina defensiva. Como os casos de processo contra médicos são muito comuns, os profissionais utilizam todos os meios ao seu alcance, inclusive pedir exames considerados desnecessários,  que possam salvaguardá-lo para evitar um processo no futuro", explica Britto.
Para o médico, a situação do Brasil é completamente diferente. "Aqui não ocorrem excessos. Os médicos costumam pedir os exames de acordo com a necessidade. Não há abuso ou excesso de procedimentos", considera.
Lucro - Já o médico otorrinoralingologista e conselheiro do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb-BA), Otávio Marambaia, acredita que muitos médicos acabam exagerando, mesmo no Brasil. "Como em toda profissão, há pessoas que não seguem a ética. Na medicina não é diferente. Há profissionais que solicitam exames desnecessários para obter lucro".
Ainda de acordo com o médico, o sistema de atendimento atual acaba obrigando muitos médicos a solicitarem os exames. Por conta da demanda, diz Marambaia, as consultas são corridas e o médico acaba pedindo uma série de exames ao paciente para evitar um erro no diagnóstico.
"A melhor medicina é a exercida com responsabilidade ética. Pode ser um ou dez exames, mas é preciso haver real necessidade, base científica", afirma Marambaia.

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