MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Maior hospital do RN continua com superlotação e falta de medicamentos


Cerca de 120 pacientes se acumulam nos corredores do Pronto-Socorro.
Homens e mulheres esperam até 40 dias por cirurgia eletiva de Ortopedia.

Ricardo Araújo Do G1 RN

Pacientes superlotam corredores do Pronto-Socorro Clóvis Sarinho, em Natal (Foto: Ricardo Araújo/G1)Pacientes superlotam corredores do Pronto-Socorro Clóvis Sarinho, em Natal (Foto: Ricardo Araújo/G1)
À véspera do segundo mês de publicação do Decreto nº 22.844, que oficializou o 'Estado de Calamidade Pública' na Saúde pública do Rio Grande do Norte, a situação do maior hospital de urgência e emergência do estado, o Walfredo Gurgel, em Natal, continua caótica. "O que foi prometido ainda não chegou", resumiu a diretora do complexo hospitalar, Maria de Fátima Pinheiro. Na manhã desta segunda-feira (3), os corredores da instituição acumulavam 78 pacientes à espera de cirurgia eletiva de ortopedia, 61 por atendimentos médicos diversos e 25 por uma vaga de leito em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Os problemas, além da falta de insumos e medicamentos, que culminaram com o fechamento de cinco leitos na UTI Cardiológica no sábado passado (1º), vão além dos geridos pela direção do hospital. A Prefeitura de Natal acumula débitos com os hospitais particulares Memorial e Médico Cirúrgico, que realizam cirurgias eletivas de Ortopedia através da assinatura de termos de pactuação. As direções dos hospitais preferem não detalhar o valor das dívidas, mas afirmam que se prolongam há pelo menos três meses.
A situação deve estar sendo resolvida esta semana"
Aqueus Macêdo, coordenador de finanças da SMS
"A situação deve estar sendo resolvida esta semana, após o pagamento da folha de pagamento do Município", ressaltou o coordenador geral de Administração e Finanças da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Aqueus Eliaquim Almeida de Macêdo. Sem levar às minúcias o custo da dívida, o coordenador confirmou que o Município deve ao Hospital Memorial três meses de serviços, sendo eles abril, maio e junho. Em relação ao Hospital Médico Cirúrgico, Aqueus Eliaquim reiterou que o contrato está vencido desde abril deste ano e, mesmo assim, as cirurgias eletivas continuavam sendo realizadas.
No final do mês de agosto, a direção do Hospital Médico Cirúrgico decidiu não realizar mais procedimentos contratados pelo Executivo Municipal até que as dívidas sejam sanadas. "O caso do Médico Cirúrgico é diferente. Eles (os diretores do hospital) não apresentaram documentação e não tiveram o contrato renovado. Eles receberão o pagamento através de indenização", explicou Aqueus.
O coordenador da SMS argumentou, quando questionado sobre os motivos que levaram o Município a atrasar o repasse de recursos aos hospitais, que "dificuldades financeiras afetam a maioria dos municípios brasileiros". Entretanto, ressaltou que “irá se reunir com a prefeita (Micarla de Sousa) e com a secretária de Planejamento (Maria Selma Menezes da Costa) para tentar quitar a maior parte dos débitos".
O atraso no pagamento das dívidas do Município com os referidos hospitais reflete diretamente na regulação das vagas disponibilizadas para cirurgias eletivas de Ortopedia, cujos pacientes se concentram no Hospital Walfredo Gurgel. "Nós não temos para onde encaminhar nossos pacientes", afirmou Maria da Saudade, chefe do Setor de Regulação da SMS. Juntos, os hospitais realizam mensalmente cerca de 600 procedimentos através do convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS). Neste convênio, o Governo do Estado paga por 60% dos serviços e o Município de Natal arca com 40% do valor.
Paciente envolvido em acidente de moto aguarda atendimento no Clóvis Sarinho há quase dois dias (Foto: Ricardo Araújo/G1)Paciente aguarda atendimento no Clóvis Sarinho
há quase dois dias (Foto: Ricardo Araújo/G1)
Para o paciente cadastrado no Leito 970 no Corredor da Ortopedia do Pronto-Socorro Clóvis Sarinho, a espera pela solução do imbróglio parece não ter fim. Francisco de Assis Ferreira da Costa sofreu um acidente de moto no sábado passado (1º), em Macau, distante 176 quilômetros de Natal, e ainda não havia sido atendido na manhã desta segunda-feira (3). Ele passou uma noite e um dia deitado sobre papelões no corredor da unidade. "Isso é desumano, uma falta de respeito com o cidadão", resumiu o paciente.
Reabertura dos leitos de UTI Cardiológica não tem data definida
Das seis unidades de terapia intensiva na área cardiológica cadastradas no Hospital Walfredo Gurgel, somente uma estava em operação na manhã desta segunda-feira (3). Os médicos especialistas decidiram, conforme esclarecimentos da diretora Maria de Fátima Pinheiro, não receber mais pacientes até que os estoques de medicamentos e insumos do setor fossem repostos por um mês.
Maria de Fátima Pinheiro, diretora do Hospital Walfredo Gurgel (Foto: Ricardo Araújo/G1)Fátima Pinheiro, diretora (Foto: Ricardo Araújo/G1)
"O abastecimento dos hospitais Santa Catarina e Walfredo Gurgel ocorrem semanalmente. Os médicos do Setor Cardiológico, porém, querem que o estoque seja abastecido pelo período de um mês", esclareceu a diretora. Da listagem de 58 medicamentos e 56 itens de material médico hospitalar solicitadas pelos médicos, todos foram atendidos. Entretanto, a quantidade não é suficiente para o prazo estipulado pelos especialistas. "Os itens faltosos foram repostos, mas numa quantidade que não oferece segurança aos médicos", ressaltou Maria de Fátima Pinheiro.
Enquanto a UTI Cardiológica permanecer bloqueada para a internação de novos pacientes, os procedimentos estão sendo realizados no Pronto-Socorro Clóvis Sarinho, incluindo internações. "Nós realizamos este bloqueio como forma de protesto para pressionar o Estado a tomar alguma providência. Faltam medicamentos básicos para sobrevivência dos pacientes", afirmou o médico cardiologista Álvaro José Santana. Para a equipe médica do setor, os estoques devem oferecer itens suficientes para até um mês de tratamento.
UTI Cardiológica do Clóvis Sarinho está com apenas um paciente internado (Foto: Ricardo Araújo/G1)UTI Cardiológica do Clóvis Sarinho está com
um paciente internado (Foto: Ricardo Araújo/G1)
A admissão de novos pacientes está condicionada à ampliação da oferta de insumos e medicamentos dispensados pela Unicat ao Setor de Cardiologia do Walfredo Gurgel. Entretanto, o diretor administrativo do hospital, Josenildo Barbosa, afirmou que faltam recursos para a compra de mais medicamentos. "Estamos aguardando receber R$ 4,6 milhões que foram contemplados no Decreto. Até agora, só chegou R$ 100 mil. O Governo alega que está enfrentando problemas burocráticos", argumentou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário