MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Idosas, uma delas de 104 anos, esperam por cirurgias de fêmur no Hospital da Posse


Flávia Junqueira e Cíntia Cruz
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Aos 104 anos, Asta Bandeira de Oliveira arrastava sua cama para varrer quando levou um tombo e quebrou o fêmur direito. Foi levada no dia 2 de agosto para o Hospital da Posse, administrado pela Prefeitura de Nova Iguaçu, onde está até hoje, lúcida, com uma escara nas costas, ao lado de outras três idosas e uma mulher, que precisam da mesma cirurgia.
— Eu queria ir para minha casa. Ficar com minhas netas (na verdade, tataranetas). Sei que preciso dessa cirurgia para ficar boa. Dói muito, quando me mexo — disse, baixinho, dona Asta, enquanto levantava o olhar para encontrar a bisneta, Jéssica Alessandra Resende, de 22 anos, que deixou as três filhas com a avó para cuidar da bisavó.
Segundo ela, a cirurgia de dona Asta já foi desmarcada duas vezes, depois que a idosa passou por 12 horas em jejum absoluto.
— Minha bisavó não tem problemas de saúde. Primeiro, disseram que faltava um aparelho. Depois, parafusos de titânio. Hoje (ontem), desmarcaram porque faltava sangue. Arrumei várias pessoas para doar, mas a funcionária do banco de sangue disse que só poderá fazer a coleta na semana que vem, porque está faltando bolsa de coleta — contou Jéssica.
Na mesma enfermaria, sob um teto mofado e estufado, Carly Viana Vieira, de 74 anos, também espera pela cirurgia no fêmur.
— Minha mãe foi internada em 3 de agosto. É uma falta de respeito com o paciente. Eles só dão dipirona para os pacientes e dizem que temos que aguardar — contou Neuza Viana, de 53 anos.
A mais jovem da enfermaria, Milena dos Santos, de 30 anos, conta com resignação como tem sido seus dias desde que foi internada, em 22 de julho, com o fêmur fraturado em dois lugares depois de um acidente de moto.
— No início, sentia muitas dores. Só posso ficar de barriga para cima. Agora, minhas costas já se acostumaram — disse ela, que já teve a cirurgia desmarcada duas vezes, sem explicação.
Drama se estende há mais de mês
Há mais de um mês, a família de Laura Moreira de Souza, de 83 anos, vive o mesmo drama por que passa dona Asta. No dia 30 de julho, ela levou um tombo e fraturou o fêmur esquerdo. Desde então, aguarda pela cirurgia no Hospital da Posse. Segundo familiares, um equipamento quebrou e as operações foram suspensas.
Segundo a nora de Laura, Wanda Rodrigues, de 50 anos, o aparelho parou de funcionar dias depois da idosa dar entrada na unidade:
— Já tinha gente na frente dela para fazer a cirurgia. Depois que a máquina quebrou, a fila da cirurgia parou.
A professora Maria das Graças de Souza, de 59 anos, chegou a solicitar ao hospital a transferência da mãe para outra unidade:
— No oitavo dia de internação, fui à ouvidoria e pedi uma transferência. Se soubesse que seria assim, teria levado minha mãe para o Rio. Ela está com escaras e a perna, muito inchada.
Em nota, o Hospital da Posse informou que o novo aparelho de raios X Arco em C, que substitui o que apresentou defeito, está disponível e a agenda de cirurgias programadas está sendo regularizada. "Foi formada uma comissão para avaliar as condições técnicas deste novo equipamento. Com isso, o número de cirurgias programadas (eletivas) foi reduzido, gerando atraso na agenda".
A nota diz ainda que até amanhã, o banco de sangue terá todo o material necessário para retomar a coleta de sangue na unidade. As cirurgias que estavam programadas para ontem foram suspensas, mas serão remarcadas. O Hospital da Posse esclareceu ainda que a verba prevista em orçamento do município foi encerrada, sendo necessária uma suplementação para o hospital, liberada ontem pela Secretaria municipal de Saúde.
: http://extra.globo.com/noticias/rio/

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