Acervo de casarões coloniais refletem vida dos colonizadores portugueses.
Detalhe mais marcante da arquitetura de São Luís é a azulejaria.
São Luís é poesia. Vista de cima, de baixo, de todos os lados. As raridades da cidade estão em cada canto e se revelam aos olhares mais sensíveis e curiosos. Os sobrados, eiras, beiras, telhados, portas e janelões se abrem para uma viagem sempre emocionante a um passado colonial que deu importantes títulos à cidade. Em 1996, os ludovicenses receberam, talvez, o maior deles até hoje e São Luís virou Patrimônio Mundial.
Phelipe foi um dos principais responsáveis pelo dossiê enviado à Unesco para a concessão do título de Patrimônio da Humanidade. Segundo o estudioso, um dos detalhes mais marcantes da formação arquitetônica de São Luís é, sem dúvidas, a azulejaria. O acervo azulejar da capital reúne preciosidades que dão uma dica do que foi a capital maranhense alguns séculos atrás: um lugar repleto de luxo. “Na verdade, havia uma outra razão muito forte para a aplicação de azulejos nas fachadas que se referia ao fato deles refletirem os raios solares com muita intensidade, pois ameniza o calor no interior das edificações, já que o absorve menos, propiciando um melhor conforto ambiental. Então, os azulejos tinha essa dupla função de embelezar e de manter a qualidade do ambiente mais ameno em um clima equatorial”, conta o engenheiro.
Casarão do período colonial em São Luís
(Foto: Reprodução/TV Mirante)
Construções coloniais(Foto: Reprodução/TV Mirante)
A historiadora da Universidade Federal do Maranhão, Antônia Mota, tem diversas pesquisas sobre as origens das construções coloniais. Segundo a ela, grande parte das edificações históricas foi erguida mais de um século depois da fundação de São Luís. O momento era promissor no comércio já que a elite lusitana vivia na cidade. “Através da companhia de comércio do Grão-Pará e Maranhão, o Marquês de Pombal carreou recursos e foi neste momento que se desenvolveu o cultivo e a exportação e algodão e de arroz, o que favoreceu o desenvolvimento da região, a vinda de muitos portugueses atraídos pelos negócios, a vinda de escravos africanos para trabalhar nessas lavouras e o grande aumento da população”, explica Antônia Mota. A professora lembra que, na época, a cidade foi beneficiada, ainda, pela reconstrução de Lisboa, que havia sido arrasada por um terremoto. “São Luís era o local de moradia dos proprietários rurais e dos comerciantes, então, de certa forma, ela ficou muito parecida com Lisboa, porque as técnicas de construção vieram muito neste período em que Lisboa estava sendo reconstruída”, conta ela. As pedras talhadas, chamadas pedras de cantaria, que se espalham por calçadas e ruas do Centro Histórico, vieram para São Luís como lastro dos navios portugueses.
Atualmente, toda essa arquitetura ainda encanta pessoas do mundo inteiro que visitam a cidade. Fábio Colignac é gerente de uma pousada que funciona há seis anos em um casarão construído no ano de 1835 no Centro Histórico. Os turistas se impressionam com a viagem ao tempo no hotel. A construção é como quase todas do período: na parte central fica o solar, área comum geralmente com árvores e plantas. Os cômodos ficam ao redor, os quartos são confortáveis e não perderam as principais características. As escadas, o assoalho de madeira, os corrimãos, e até as escápulas das redes são originais. “Esse é o grande desafio, conseguir adaptar esse casarão sem abrir mão do conforto que é geralmente buscado em um hotel, como ar-condicionado e banheiro privativo com água quente”, diz Fábio.
O grego Nikos Papazarkada veio de Atenas e se apaixonou pelo que encontrou na cidade. Ele afirma nunca ter visto nada parecido no mundo e que achou tudo lindo e encantador. Para muitos, o cenário da capital maranhense é mesmo irresistível e tem sido assim há 400 anos.
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