MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 7 de agosto de 2012

'O amor é o mesmo', diz padrasto que assumiu três filhas da mulher em RO


Samuel comemora poder dar conforto para as meninas que considera filhas.
Enteados de Cleiton definem o padrasto como 'melhor amigo'.

Taísa Arruda Do G1 RO

Débora de 8 anos se emociona ao falar do pai. (Foto: Taísa Arruda/G1 RO)Débora de 8 anos se emociona ao falar do padrasto, Samuel (Foto: Taísa Arruda/G1 RO)
“Eu amo meu pai, ele é o melhor do mundo.” A declaração emocionada é de Débora Brasil Muniz da Silva, uma menina de 8 anos que, com lágrimas nos olhos, abraça o operador de máquinas Samuel Nogueira da Silva - que, na verdade, é seu padrasto. “Eu nem me lembro de que sou padrasto de três e pai biológico da mais nova, de 1 ano. O amor é o mesmo”, garante Samuel.
Débora, Graziele, de 7 anos, e Amanda, de 5, são enteadas e Emanuele, de 1 ano, é filha biológica de Silva. Ele se casou com Elisângela Brasil quando tinha apenas 18 anos já sabendo dos desafios que estava prestes a encarar. As meninas são do primeiro relacionamento de Elisângela, mas o pai biológico não tem contato com as filhas. A união foi selada quando a enteada mais velha tinha apenas 2 anos.
“No começo foi muito difícil, era novo e assumi as três ainda bebês. Acho que a parte mais difícil foi a de não deixar faltar o necessário", explica Samuel.
As  meninas fizeram questão de reafirmar o amor pelo padrasto. "Ele brinca com a gente, leva na escola", diz Graziele. "Amo meu pai", afirma Amanda.
Samuel conta que, apesar da responsabilidade e do amor pelas enteadas, queria ser pai biológico. A quarta gestação de Elisângela foi planejada. "Com a vinda da Emanuele, completamos a família, era um desejo meu, apesar de ser pai de três", explica.
Para ele, o desafio de encarar a paternidade é complexo em todos os aspectos, desde o social até o econômico, mesmo quando há um planejamento. "Hoje eu posso dar mais conforto para minhas filhas, mas ainda quero mais, meu sonho é vê-las formadas e com saúde", afirma Samuel.
Samuel entre as três enteadas e a filha biológica de 1 ano de idade. (Foto: Taísa Arruda/G1 RO)Samuel entre as três enteadas e a filha biológica, de 1 ano. (Foto: Taísa Arruda/G1 RO)
Padrasto amigoJá o estudante Luiz Eduardo de Souza, de 17 anos, define o padrasto como o "melhor amigo". "A gente até hoje joga bola, empina pipa e joga videogame. Eu e meus irmãos", diz o estudante, que é irmão de Gabriel, de 14, e Lucas, 12.
Cleiton de Lima Silva é autônomo e afirma que sempre se espelhou na própria história de vida. "Sofri muito quando criança por causa da madrasta, tive que sair de casa. Enfim, é difícil, mas não pensei duas vezes ao ter de assumir os três meninos ainda pequenos. Era uma fase complicada até de aceitação por parte do mais velho, mas com jeito e carinho as relações foram se fortalecendo", explica Cleiton.
Cleiton afirma que não existe diferença entre ser pai biológico ou padrasto. "O amor quando é verdadeiro não mede condição biológica. O importante é ter respeito", explica.
O padrasto vive com a mãe de Luiz há oito anos. Garante ter ganhado uma nova família. O mais difícil, segundo Cleiton, é na hora de ter que educar, sem passar dos limites. "É o único momento em que me sinto menos à vontade. Se vejo algo errado, prefiro que a mãe deles chame a atenção", afirma.
Para Luiz, a atitude do padrastro é mais sensata. "Assim evita conflito, prefiro dessa forma, e meus irmãos também", diz.
Por ter casado ainda jovem, com 21 anos, Cleiton acredita que tenha sido relativamente mais fácil encarar a responsabilidade da paternidade. "Eu brinco com eles desde sempre, me faz bem, acredito que para nosso relacionamento idem." Sobre o futuro, Cleiton acredita ver os enteados formados e bem sucedidos. "Eu já desenho um médico na família, quem sabe. Só Deus mesmo, se depender da minha vontade esses meninos serão os mais felizes do mundo, na vida e no amor", diz.
Para a psicóloga Lilian Cristina Prada, o número crescente de padrastos está se tornando cada vez mais comum, principalmente na região Norte do país. "Na região Norte é mais fácil desfazer uma família, porque a cultura em relação ao assunto não é rígida como na região Sul do Brasil, por exemplo. Em Porto Velho, eu já presenciei festa do Dia dos Pais transformadas em festa do dia da família, para evitar o constrangimento de muitas crianças que não conhecem, não possuem contato ou têm relacionamento conturbado com o pai biológico ou padrasto", explica Lilian.
Cleiton (esq.) e Luiz (dir.) afirmam ter um relacionamento de amizade. (Foto: Taísa Arruda/G1 RO)Cleiton (esq.) e Luiz (dir.) afirmam ter um relacionamento de amizade. (Foto: Taísa Arruda/G1 RO)

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