MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Família protesta contra governo do DF por cirurgia em criança de 10 anos


Família pede cumprimento de decisão que manda GDF custear cirurgia.
Secretaria de Saúde disse que não se pronunciaria sobre protesto.

Do G1 DF
Parentes do garoto Lucas Bittencourt, de 10 anos, que respira com ajuda de aparelhos desde que nasceu, organizaram um protesto na manhã desta quarta-feira (8) na Esplanada dos Ministérios, contra o não cumprimento de decisão judicial que obriga o governo do Distrito Federal a custear um implante de marca-passo no menino.
Parentes do menino Lucas, de 10 anos, estendem protestam com faixa e cartaz contra o GDF, que não cumpre decisão judicial que obriga o govrno a pagar implante de marca-passo (Foto: Filipe Matoso/G1)Parentes do menino Lucas, de 10 anos, estendem protestam com faixa e cartaz contra o GDF, que não cumpre decisão judicial que obriga o govrno a pagar implante de marca-passo (Foto: Filipe Matoso/G1)
A  família estendeu uma faixa de 25 metros de comprimento em frente ao gramado do Congresso com a frase "SES-DF deixe o Lucas respirar". O menino não fala e não anda em razão de uma insuficiência respiratória crônica.

Em 31 de julho, o Tribunal de Justiça do DF negou recurso do governo contra a liminar que determina a implantação do aparelho. A execução foi determinada pelo tribunal, independentemente do laudo apresentado pela junta médica designada pelo GDF apara avaliar a necessidade da cirurgia.

A decisão determinou o pagamento de multa diária de R$ 10 mil pelo GDF à família a partir de 14 de julho.

Ao G1, o advogado da família, Frederico Damato, disse que a multa já chega a R$ 260 mil. Segundo a família, a compra do equipamento e o procedimento custariam cerca de R$ 700 mil – apenas o aparelho custa cerca de R$ 400 mil.
A Secretaria de Saúde informou que não se pronunciaria sobre o protesto desta manhã e que "tem acatado todas as determinações judiciais".

AvaliaçãoRelatório da junta médica da Secretaria de Saúde concluiu em 3 de agosto que não há indicação de cirurgia para a implantação de um marca-passo diafragmático na criança. O relatório apontou que o menino “não apresenta risco iminente de morte” e que por isso "não há evidência científica que o procedimento sugerido do marca-passo diafragmático prolongue a expectativa de vida do paciente".

O laudo diz ainda que o paciente apresenta sequelas neurológicas irreversíveis, tanto intelectuais quanto motoras e afirma ainda que Lucas é tetraplégico.Os médicos descartaram também a possibilidade de urgência no tratamento.
O pai de Lucas, Caio Bittencourt, disse que que a avaliação da junta médica foi registrada pela família. Durante 26 minutos que estiveram com o menino, nenhum médico tocou na criança. Quando a equipe se prepara para ir embora, Lucas chega a se despedir, afirmou o pai.
“A família discorda desse tipo de informação, até porque o Lucas foi encontrado pela equipe médica jogando videogame. Ele chegou a cumprimentar os médicos, deu tchau e mandou beijou", afirmou.
Deitado numa maca, Lucas só respira com a ajuda de equipamentos (Foto: Raquel Morais/G1)Deitado numa maca, Lucas só respira com a ajuda de equipamentos (Foto: Raquel Morais/G1)
O laudo afirma ainda que o garoto tem pouca mobilidade da musculatura diafragmática. Resultado diferente de exames feitos por um laboratório particular.
"Foi feito um exame aqui, sendo que eles nem tocaram no paciente, somente levantaram a roupinha dele. Foi tudo só no olho. Esse mesmo exame foi feito em uma clínica particular com exames específicos e com a criança fora do ventilador", informou a mãe do menino, Andréa  Bittencourt.
A Secretaria de Saúde disse, em nota, que vai acatar a decisão da junta médica.

CirurgiaO custo do equipamento é de cerca de R$ 400 mil. Em abril, a cirurgia chegou a receber parecer favorável da coordenadora de Neuropediatria e do secretário de Saúde, Rafael Barbosa. Mas a pasta arquivou o processo um mês depois alegando não poder transportar o menino para São Paulo, onde a operação seria realizada.

O pai da criança, Caio Bittencourt, vê no marca-passo, que tem 500 gramas e tamanho aproximado de uma caixa de DVD, a oportunidade de aumentar a qualidade de vida do primogênito.

“Elimina todo esse equipamento pesado [cerca de 100 kg] e toda essa dependência de energia elétrica, porque funciona à bateria. Vamos poder buscar terapias diferentes e fora de casa, talvez equoterapia, hidroterapia.”

RotinaAlém de duas sessões de fisioterapia, o garoto passa as 24 horas do dia acompanhado de um dos pais e de um técnico de enfermagem. Ele recebe visita médica semanal. Tudo é custeado pelo plano de saúde desde que ele nasceu.

“O Lucas nunca usou R$ 1 do serviço público de saúde. A primeira vez que estamos solicitando é agora. A gente nunca deu R$ 0,01 de gasto para a Secretaria de Saúde”, diz o pai, Caio Bittencourt.

A agenda do menino ainda é preenchida por uma grade escolar feita especialmente por ele, videogame e internet. “É uma criança que tem o cognitivo preservado, não sofreu perda de inteligência. Ele tem aula em casa, tem coordenação motora fina. O que ele não tem é força muscular. E a gente se comunica por sinais.”

Lucas raramente sai de casa, mas sempre com equipe médica e família do lado. “O máximo que a gente já conseguiu fazer foi colocá-lo numa cadeira de rodas e andar dentro do condomínio por 20 ou 30 minutos, mas junto com um técnico e sempre atentos a ter uma tomada por perto. Mas foram umas duas vezes só”, lembra.

Com o implante, Bittencourt acredita que a vida de toda a família sofrerá mudanças. Entre elas e a mais esperada, revela, é o primeiro passeio com todos juntos. O desejo é constantemente manifestado pela irmã caçula, Isadora, 4 anos. “Ela pergunta quando é que a gente vai poder ser uma família normal, porque ela quer atenção. Ela cobra. O marca-passo muda tudo. E muda para todo mundo.”

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