'Tem até área de lazer', diz casal que construiu barraco com pneus, em RO

Foi usado material descartado por borracharia para construir moradia.
Por mais de um ano Jeferson e Nádia moraram sob viaduto em Porto Velho.

Flaviane Azambuja Do G1 RO

Nádia e Jeferson vivem em barraco erguido com pneus velhos em Porto Velho. (Foto: Flaviane Azambuja/G1)

Depois de morar por mais de um ano sob um viaduto em Porto Velho, o casal Jeferson e Nádia resolveu utilizar pneus velhos descartados de uma borracharia, para construir sua nova moradia. Há um mês eles vivem em um terreno na rua Rio de Janeiro, próximo ao Trevo do Roque.
"A gente morou por mais de um ano debaixo do viaduto. Aí comecei a perceber a quantidade de pneus que eram jogados fora e tive essa ideia", contou o rapaz de 25 anos, que não quis informar o nome completo por causa da família. "Minha mãe é funcionária pública e meu pai é policial militar em Cuiabá. Eu fugi de casa e não quero que eles saibam que eu estou nessa situação há dois anos", conta Jeferson.

'Área de lazer' tem sofá e um fogão improvisado.
(Foto: Flaviane Azambuja/G1)

Eles não sabem ao certo quantos pneus foram usados para construir um cômodo e o que eles chamam de área de lazer. Tudo foi construído de uma vez. "Aqui é bem melhor que debaixo do viaduto. Apesar de ser muito quente, pelo menos temos um  teto e uma cama para dormir. Se chove, eu cubro o teto feito de compensado com lona", explica.
Para tomar banho, o casal usa as dependências de um posto de gasolina próximo. Assim como o cômodo feito de pneus, o casal improvisou uma sala com móveis surrados. "Aqui tem até área de lazer", diz Nádia, se referindo à 'sala'.
Nádia Paes de Melo tem 38 anos e oito filhos. Nenhum mora no barraco. "Alguns filhos estão com a minha mãe, outros com amigos. Amanhã nossa filha, que está com uma amiga, completa quatro meses. Eu quero que eles tenham uma vida melhor do que essa", conta Nádia.
Vida sofrida
Jeferson e Nádia são usuários de drogas. Para sobreviver e sustentar o vício, o casal vende material reciclável que recolhe nas ruas da capital e pneus que a borracharia descarta. "Com as vendas consigo tirar R$ 20 por dia. Vendo pra qualquer um que passar por aqui. Com o dinheiro compramos comida e droga", explica o rapaz.
Jeferson afirmou ao G1 que quer mudar de vida. "Quero um emprego e preciso largar esse vício. Só preciso de uma oportunidade para mudar de vida", diz.
Apesar das melhores condições de vida no Mato Grosso, Jeferson não pretende voltar. "Não quero decepcionar meus pais", argumenta.