MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 17 de julho de 2012

'Proposta do governo é uma farsa', diz líder de professores em greve no AM


Comando de greve local adiantou que proposta deve ser rejeitada.
Para categoria, proposta do Governo não oferece ganhos reais.

Adneison Severiano Do G1 AM

Professores da Ufam durante assembleia de greve (Foto: Divulgação)Professores da Ufam votam proposta do governo em assembleia de greve nesta quinta-feira (19) (Foto: Divulgação)
O Governo Federal lançou proposta de reajuste e reestruturação do plano de carreira dos professores das universidades federais e dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia, na última sexta-feira (13). Para representantes dos docentes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em Manaus, a proposta é "uma farsa" e não contempla as reivindicações da categoria. O movimento grevista completa dois meses nesta terça-feira (17).

Conforme o Ministério da Educação e Cultura (MEC), a proposta do governo, que passará a valer em 2013, caso seja aceita pelos professores em greve, reduz de 17 para 13 os níveis da carreira, como forma de incentivar o avanço mais rápido.

Ainda de acordo com MEC, o novo plano concede, ao longo de três anos, reajustes entre 24% e 45% para doutores com dedicação exclusiva na universidade, e o piso para os docentes nestas condições passará a ser R$ 8,4 mil. O ministério afirmou que o menor reajuste para a carreira será de 12% para professores com apenas graduação e 20 horas semanais.
Posicionamento
O presidente da Associação dos Docentes da Ufam (Adua) e coordenador do Comando Local de Greve (CLG), Antônio Neto, revelou que a proposta do governo já está sendo discutida em reuniões setoriais na universidade e nesta quinta-feira (19), em assembleia geral, será colocada em votação junto à categoria.

Antônio Neto adiantou que a proposta já teve rejeição de parte da categoria docente da Universidade. "Iniciamos as reuniões setoriais e em uma delas que ocorreu na FCA, onde há maioria de doutores da universidade e lá a decepção foi geral com a proposta do governo. Havia uma expectativa que o governo apresentasse uma proposta que contemplasse pelo menos parte das nossas reivindicações. O que o percebi na reunião é que o posicionamento dos professores será contra a proposta", declarou o sindicalista.

Na avaliação do líder sindical, a proposta do governo segue o caminho inverso das reivindicações feitas pela categoria. "Em vez de estrutura a carreira docente, ela desestrutura mais ainda a carreira docente. Na verdade, essa proposta é uma farsa, não atende nossos interesses e coloca algo que é inverdade, pois trabalha com artimanhas de apresentar um número num quadro que as reposições salariais são reduzidas, aparecendo 45% para população como isso fosse um ganho vitorioso", revelou o professor.
Manifestação de professores na greve da Ufam (Foto: Ana Graziela Maia/G1)Segundo Adua, proposta do governo federal tem sido rejeitada pela categoria nas reuniões setoriais (Foto: Ana Graziela Maia/G1)
A categoria reclama que a oferta do governo não é positiva também do ponto de vista salarial, que segundo Antônio Neto, apenas uma parcela minoritária dos professores terá o ganho de 8% do anunciado pelo governo, que corresponde aos professores titulares.

Outro ponto questiona pelos docentes na proposta seria o incentivo da contratação de professores. "Essa proposta não incentiva a entrada de professores nas universidades, como tem dito o Governo Federal. Atualmente, quando um professor é contratado pela universidade, ele entra como adjunto por causa do título dele. Pela proposta do governo, esse professor entra como auxiliar e vai ficar quatro anos enquadrado nessa carreira. Isso significa um rebaixamento salarial no início da carreira do professor", destacou Antônio Neto.

Entre as insatisfações em relação à proposta apresentada pelo governo, os docentes apontam a falta de inclusão da correção inflacionária do período de 2013 a 2015 no cálculo de reajuste. "Os cálculos mostram que há perdas em praticamente todas as faixas de classe dos professores, com exceção do professor titular, mas que representa apenas 10% do número de docentes no país. Além disso, o governo incluiu professor titular como parte da carreira, no entanto, impôs uma cláusula que apenas 20% dos professores podem atingir essa classe", afirmou o presidente da Adua.
Estudantes fizeram manifestação na Ufam (Foto: Marcos Dantas / G1 AM)Representantes dos estudantes da Ufam participam de manifestação em Brasília (Foto: Marcos Dantas / G1 AM)
Reação
Diante da divulgação do governo de ter apresentando uma excelente proposta para a reestruturação da carreira docente, os professores federais em greve pretendem rebater a informação.

"Vamos desmistificar essa informação que haverá um aumento real de 45% para os professores. Então vamos esclarecer tanto de maneira interna como junto à população. Então vamos trabalhar muito isso e a própria imprensa vai nos ajudar no esclarecimento do assunto", disse Antônio Neto.

A reação ao posicionamento do Governo Federal já pode ser percebida em outras partes do país. Representantes do Comando de Greve Estudantil da Ufam, que também apóiam a luta dos professores, foram à Brasília para participar de uma mobilização na capital federal. Conforme o estudante manauense Douglas Machado, que integra a União Nacional dos Estudantes (UNE) e participa das manifestações em Brasília, nesta terça-feira estão sendo montadas as barracas de acampamento no Palácio do Planalto.

"Começa amanhã a marcha que espera mais de mil pessoas. Terá radicalização e possível confronto. O acampamento durará por três dias. O governo tenta desarticular o comando unificado. A UNE tenta negociar, mesmo sabendo que quem está na greve é o comando nacional de greve estudantil, Andes, Sinasef e Fasubra. O governo foi categórico e receia uma possível radicalização. As bases também estão se preparando para radicalizar nos estados como o fechamento de avenidas e ocupação de reitorias", revelou o estudante, em Brasília.
Campus da Universidade Federal do Amazonas (Foto: Carlos Eduardo Matos/G1)Reitoria só definirá calendário de reposição após
término da greve (Foto: Carlos Eduardo Matos/G1)
Calendário Letivo
A Reitoria da Universidade Federal do Amazonas disse que não há um planejamento para reposição das aulas perdidas durante os dois meses de greve dos docentes. A direção da instituição alegou que seria inviável preparar um calendário antes do término da paralisação dos professores. Atualmente, 95% dos professores do quadro docente da Ufam aderiram à greve. De acordo com a Associação dos Docentes, apenas parte dos professores do Curso de Direito não paralisou as atividades.

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