Estudantes da UFPR ocupam reitoria e proibem entrada de servidores

Desde a noite de terça-feira (3), cerca de 100 estudantes ocupam o prédio.
Alunos querem mais bolsas de estudos, cursos de línguas grauitos e outros.

Aline Lamas Do G1 PR

Grupo reivindica melhores condições de ensino
(Foto: Divulgação/UFPR)

Um grupo de estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR) ocupa a reitoria da instituição, desde a noite de terça-feira (3). A decisão dos estudantes foi tomada em assembleia, realizada no hall do edifício.
Segundo a universidade, 100 estudantes participaram da reunião. Já o Comando Local de Greve, afirma que foram 300. Os universitários estão em greve desde maio em apoio aos professores federais.
Durante a ocupação, os servidores foram impedidos de entrar no prédio e alguns departamentos que funcionam no local tiveram os serviços paralisados.
O grupo reivindica o aumento da quantidade e valor das bolsas de estudos; acesso gratuito a cursos de línguas para todos os estudantes; fim dos espaços privados dentro da universidade; e creche para mães estudantes. No plano federal, eles defendem maior flexibilização nas negociações entre servidores e União, além de melhores condições de ensino.
A administração da universidade afirmou que só retomará as negociações após a desocupação do prédio. “Nós fomos surpreendidos, porque estávamos sentados à mesa em uma negociação bastante avançada, mas eles romperam a negociação”, afirmou a pró-reitora de Graduação, Maria Amélia Zainko.
Apesar da indignação, a UFPR não irá tomar nenhuma medida de confronto com os estudantes. “Estamos dispostos a dialogar e repudiamos qualquer ato de força”, garantiu a pró-reitora. Segundo ela, a reitoria é favorável à demanda por melhores condições de ensino. “Defendemos a universidade pública gratuita, de qualidade e com comprometimento social. É uma luta de todos nós: professores, estudantes e administradores”.

Estudantes reivindicam melhores condições de
ensino (Foto: Divulgação/UFPR)

Divergências
A ocupação não conta com o apoio do Diretório Central dos Estudantes (DCE). “A gente não acredita na ocupação da maneira como foi colocada. Não foi legítimo”, afirmou Victor Meirelles, coordenador geral do DCE.
O ato atrapalhou as negociações com a administração da universidade, acredita Victor. “Houve a articulação de alguns partidos políticos, inclusive com o apoio de candidatos a vereador. É um grande golpe midiático que eles estão dando”.
Membro do Comando de Local de Greve, Bruna Ornelas, negou que haja motivação político-partidária na ocupação. “Até mesmo no DCE existem representantes de partidos políticos, isso não quer dizer nada. Não são os partidos que decidem pelo movimento. Todas as decisões são tomadas por estudantes em assembleia”, garante a jovem, que participou da ocupação do prédio.
Ainda segundo Bruna, não há previsão de quando os estudantes deixarão a reitoria. “A cada assembleia, vamos avaliar as propostas da universidade para decidir se permanecemos no prédio”.
Movimento estudantil
Presidente da União Paranaense dos Estudantes (UPE), Rafael Bogoni, explica que a ocupação faz parte de um movimento nacional, com o objetivo de pressionar tanto a direção da universidade, quanto o Ministério da Educação. “A reitoria foi ocupada de forma legítima. Os estudantes querem mais investimentos e melhor qualidade de ensino”.
As reivindicações nacionais incluem também a aprovação pelo Congresso da lei que prevê a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação. Ao longo desta quarta-feira (4), a UPE realiza atos em 14 cidades paranaenses e nas cinco instituições federais do estado.