MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 24 de junho de 2012

Pais e alunos estão indignados com o cancelamento do vestibular da UFU


Candidatos e familiares afirmam que tiveram vários prejuízos.
Reitor disse que fará o que for determinado pela justiça.

Palmira Ribeiro Do G1 Triângulo Mineiro

Candidatos foram para as ruas protestar contra o cancelamento (Foto: G1/G1)Candidatos foram para as ruas protestar contra o
cancelamento (Foto: G1/G1)
Após saberem do cancelamento do vestibular da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), devido a uma fraude envolvendo uma candidata ao curso de Medicina e um funcionário da instituição, os estudantes foram para as ruas da cidade manifestar. Ao todo, 4.548 candidatos foram aprovados para a segunda etapa do processo seletivo de 2012, que teve início na tarde deste sábado (23), mas foi cancelado logo na manhã deste domingo após investigação da Polícia Federal. Junto com os filhos, os pais estão indignados e agora querem saber o que acontecerá tanto com o vestibular quanto em relação aos prejuízos financeiros que tiveram.
O comunicado oficial do cancelamento do vestibular da UFU foi feito na manhã deste domingo pelo reitor Alfredo Júlio. Segundo a assessoria de imprensa da universidade, o motivo foi o vazamento de algumas questões da primeira e segunda etapas. A estudante que estava prestando Medicina foi detida e confessou o crime e um funcionário da universidade, também suspeito de envolvimento no caso, ainda não foi encontrado.
O caso foi descoberto por meio de uma denúncia feita por um curso preparatório de vestibular ao Ministério Público (MP) no dia 6 de junho, logo após a primeira fase do vestibular, que foi realizada nos dias 3 e 4 do mesmo mês. Contudo, o Ministério Público optou por aguardar a segunda fase, onde de fato ocorreu a constatação da fraude. Diante disso, a Polícia Federal (PF) foi acionada e, neste sábado (23), cumpriu mandado de busca e apreensão na casa da candidata ao vestibular. Na residência dela foram encontradas diversas questões da segunda fase do processo seletivo. Se os suspeitos de envolvimento forem condenados, a punição para este tipo de crime é de um a quatro anos de reclusão.
Em nota enviada à imprensa, o reitor da UFU, Alfredo Julio Fernandes Neto, e equipe disseram lamentar o ocorrido e que estão colaborando com a Polícia Federal de forma a preservar o nome e lisura das ações da UFU. E a Diretoria de Processos Seletivos (DIRPS/UFU) informou que todos se reuniram para definir a data do novo edital. (Confira a íntegra da nota abaixo).
Mateus Silvério saiu de Uberaba para vestibular em Uberlândia (Foto: Palmira Ribeiro/G1)Mateus Silvério saiu de Uberaba para prestar
vestibular em Uberlândia (Foto: Palmira Ribeiro/G1)
Pais e alunos estão indignados com os prejuízosO candidato Victor Dornelas Pereira, de 17 anos, fez 92 pontos na primeira fase do vestibular e disse que está “revoltado, triste e indignado com esta corrupção”. Para ele, faltou respeito por parte não só de quem fraudou o processo, mas também por parte de quem já tinha conhecimento e não tomou providências antes da segunda etapa. “Depois de tudo que passamos é frustrante ser submetido a uma nova etapa, sendo que tem gente que já tinha passado por mérito. Desanima a gente. Nós estudantes estamos desapontados com a universidade. A anulação é correta, o errado foi ter acontecido e chegado onde chegou. Não podiam ter omitido dos alunos, já que sabiam desde a primeira etapa”, comentou.
Ainda de acordo com Victor Dornelas, assim como ele, muitos estudantes ficaram mais de seis meses em cursinho preparatório e agora resta saber o que será feito e quais direitos eles terão. “As pessoas acima de tudo têm de manter a honestidade. O sonho de passar no vestibular é de todos nós e uma pessoa não tem o direito de tirar a batalha dos outros e causar transtornos por puro egoísmo. Vi gente de Goiânia e Belo Horizonte desesperado e chorando e que foi para as ruas protestar. Para quem veio de longe é ainda mais difícil”, concluiu. O adolescente já havia prestado a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e Engenharia Civil em 2011, também na UFU. Este ano a opção era Direito.
O estudante de 17 anos, Mateus Silvério, percorreu 113 quilômetros de Uberaba até Uberlândia para fazer a prova da segunda fase neste fim de semana e ficou decepcionado com a notícia. “Estou prestando para Artes Cênicas e meu chefe libera para a gente fazer prova fora da cidade apenas uma vez no ano. Ou seja, só no ano que vem para eu tentar de novo. Até porque se resolverem fazer outra prova da segunda fase não terei liberação do trabalho. É decepcionante. A gente se empenha e por causa do erro de algumas pessoas a gente tem que pagar”, disse. O adolescente foi para a cidade com o irmão e a mãe. Segundo ele, os gastos que tiveram com hospedagem e transporte, por exemplo, foram em vão.
Cezar Antônio Gomes é pai de Alex Braz Gomes, de 17 anos, que prestou vestibular para Direito, e compartilha da indignação dos estudantes. “Meu filho soube da notícia e saiu para dar uma volta de tão chateado que ele ficou. Foi a primeira vez que ele prestou vestibular. Eu acho irresponsabilidade de quem participou da fraude e fez isso com os candidatos. Prejudicou todos os demais. E quem iria passar dignamente teve todo o trabalho desfeito”, desabafou. O pai também disse que acha importante que todos se unam para procurar qualquer direito que eles possam ter diante dos gastos e dos estresses gerados com a situação. “Precisávamos nos unir e recorrer à Justiça para termos os prejuízos ressarcidos”, frisou.
Com nariz de palhaço estudantes reclamaram de prejuízos (Foto: G1/G1)Com nariz de palhaço estudantes reclamaram
de prejuízos (Foto: G1/G1)
Fazer “panelaço ao invés de apitaço”. Esta foi a vontade da mãe de uma estudante quando soube do cancelamento do vestibular em que a filha, de 17 anos, tentava vaga no curso de Direito. Luzia Araújo Costa contou que ficou revoltada. “Eu queria ir para a rua com outros pais e fazer um panelaço. Minha filha vai para o cursinho às 7h e só volta para casa às 22h. Ela já fez o Enem e este era o primeiro vestibular dela e já foi uma decepção. Desejo que uma nova prova seja marcada logo para que eles não percam o semestre. Assim também não gastamos mais dinheiro com cursinho. Queria procurar a justiça, mas eu e minha filha estamos tão atônitas que não sabemos nem por onde começar”, argumentou a mãe.
Procurado pelo G1, o reitor Alfredo Júlio Neto, informou através da assessoria de imprensa, que “todo e qualquer consumidor tem o seu direito e que há uma justiça que assegura isso e que, portanto, se a justiça determinar que a UFU faça algum tipo de ressarcimento a algum estudante, isso será feito”. O G1 também tentou contato por telefone com o procurador da República, Cleber Eustáquio, para saber o que os pais dos alunos e os estudantes podem fazer diante dos prejuízos, mas o celular dele estava desligado.
Segundo a assessoria da universidade, uma reunião na tarde deste domingo (24) deu início à definição de uma nova data para o vestibular. O resultado deve ser divulgado nos próximos dias.
Equipe de cursinho em Uberlândia documentou as provas da fraude
Um colégio particular preparatório para o vestibular em Uberlândia  foi que fez a denúncia ao Ministério Público sobre o vazamento de algumas questões da primeira e segunda etapas do vestibular da UFU. Segundo Thomé de Freitas Caires, tudo começou durante a cobertura da primeira fase, nos dias 3 e 4 de junho. “A equipe do colégio se reúne sempre. É o processo natural fazermos a resolução e comentários das provas. Mas uma equipe nossa percebeu que tinha uma determinada aluna, que é de Uberlândia, que havia perguntado uma questão idêntica à que havia caído na prova e a partir daí detectamos que tinha algo errado”, contou.
Estudantes protestam na porta da UFU pelo cancelamento do vestibular (Foto: G1/G1)Mais de 4.000 foram para a segunda fase do
processo seletivo (Foto: G1/G1)
Mas somente no dia 22 de junho foram apresentados documentos que foram objetos de dúvidas da aluna e que poderiam comprovar de alguma forma uma fraude. “No fim da tarde deste sábado (23), quando se encerrou o primeiro dia de prova da segunda fase, que a equipe do colégio se deparou com questões idênticas levantadas por ela e, diante disso, entregamos ao Ministério Publico toda a documentação, inclusive a prova, e ai já não se tratava mais de suposição, mas sim de fraude. Por isso o vestibular foi anulado”, acrescentou.
O diretor do colégio disse que lamenta o ocorrido e se solidariza com os estudantes, familiares e toda a sociedade diante dos prejuízos e abalos provocados pela notícia. “Esperamos transparência da Justiça na elucidação dos fatos e agilidade da Universidade Federal de Uberlândia na remarcação de seu novo processo seletivo para o público inscrito no concurso”, concluiu.
Veja a íntegra da nota enviada pela UFU sobre o cancelamento do vestibular:
"A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) informa que o Processo Seletivo
2012 está cancelado. O motivo é o vazamento de algumas questões da primeira e segunda etapas.

Por meio de uma denúncia feita ao Ministério Público(MP), a Polícia Federal (PF) foi acionada e com apoio técnico da UFU uma investigação confirmou a fraude. Trata-se de um caso isolado. As pessoas envolvidas estão sendo ouvidas pela PF. Por enquanto, para não prejudicar as apurações, os nomes não podem ser divulgados.
A Diretoria de Processos Seletivos (DIRPS/UFU) divulgará nos próximos dias, um novo edital que garantirá a inscrição de todos que participariam desta etapa, sem ônus.
O reitor da UFU, Alfredo Julio Fernandes Neto e sua equipe lamentam o ocorrido e estão colaborando com a Polícia Federal de forma a preservar o nome e lisura das ações da UFU."

Nenhum comentário:

Postar um comentário