MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Novo luxo é o que é nobre e sustentável, diz dono da Osklen


Para Oskar Metsavaht, mais nobre é comprar menos e melhor.
‘Não adianta ser sustentável se não for belo’, afirma empresário.

Darlan Alvarenga Do G1, no Rio

Oskar, dono e designer da Osklen (Foto: Darlan Alvarenga/G1)Oskar Metsavaht, dono e designer da Osklen
(Foto: Darlan Alvarenga/G1)
O que é de luxo custa mais caro e é para poucos, mas pode ser nobre e não simplesmente esnobe. Essa é bandeira defendida pelo empresário Oskar Metsavaht, dono e criador da grife Osklen, grife brasileira reconhecida internacionalmente pelas suas peças ousadas e pelo uso de materiais inovadores e sustentáveis em seus artigos-conceito.
“O luxo precisa ser nobre e sustentável”, afirmou em entrevista ao G1, após participar neste domingo de debate no Fórum de Sustentabilidade Empresarial da Rio+20, organizado pelo Pacto Global das Nações Unidas, que acontece no Windsor Barra Hotel.
“O novo luxo é a despretensão pelo status de valores antigos que todas as grandes marcas buscaram passar, mas acabaram de esquecendo de valorizar o que está por trás de todo o processo”, diz o empresário, lembrando que a palavra esnobe vem de ex-nobre. “O que pode ser mais contemporâneo hoje em dia do que melhorar a qualidade da vida de populações de baixa renda e melhorar a relação de proteção da natureza. Isso nobre, isso é belo, isso é que é cool”, completa Metsavaht, que também é o designer da grife e presidente da Instituto-E, entidade especializada em gestão de ações ambientais sustentáveis.
Apesar de ser da indústria da moda e lucrar nesse mercado, Metsavaht é crítico do consumo exagerado. “Nobre é comprar menos coisas, mas produtos que sejam bons e que saibamos a origem deles, com valores sustentáveis em toda a cadeia social e ambiental por trás da produção”, afirma.
Segundo ele, a regra vale tanto na moda de luxo como a popular. “Você não precisa ter muita roupa, muita bolsa. Se a pessoa comprar várias baratinhas mal feitas, vai estar gastando rápido. E se elas não forem de origem sustentável, vai estar prejudicando mais ainda porque estará reforçando o antigo modelo industrial de produção”, diz.
Metsavaht avalia, porém, que os produtos sustentáveis só terão mais espaço na moda se tiverem também qualidade e design. “Não adianta ser sustentável, se ela não for belo e bem feito. E não adianta também ter tudo isso se você não criou uma sedução com a linguagem de moda para ser desejada”, afirma.
Modelo de tênis da Osklen feito com fibra de palha de seda, nos pés do empresário (Foto: Darlan Alvarenga/G1)Nos pés do empresário, tênis da Osklen feito com
fibra de palha de seda (Foto: Darlan Alvarenga/G1)
Couro de peixe e fibra de juta
A Osklen já desenvolveu 23 tipos de materiais inovadores através de parcerias com cooperativas e pequenas empresas. Entre os projetos está a captação sustentável de couro de peixes e fibras de juta amazônica e de palha de seda, além de látex e algodão orgânico. A primeira loja da marca foi inaugurada em Búzios, em 1989. Hoje, são mais de 60 espalhadas pelo Brasil, além de quatro no exterior.
Segundo o empresário, esse modelo de produção é de 10% a 50% mais caro que o tradicional, o que acaba refletindo também nos preços. “Inovação custa caro, por isso o produto final é mais caro. Eu só vou poder aumentar a escala e baixar o preço quando a sociedade de consumo entender que é mais legal comprar um produto sustentável do que os outros”, explica.
Ele reconhece, no entanto, que por estarem associados ao luxo e à exclusividade, os produtos da grife são acessíveis a poucos. “Se é exclusivo, você faz menos quantidades, então é caro. Mas os poucos que podem comprar estão pagando um valor que chega às comunidades de baixa renda e nos projetos de desenvolvimento sustentáveis ambientais”, ressalva.
O sucesso dá grife já despertou o interesse de pelo menos três grupos internacionais. Metsavaht negocia uma associação para expandir a marca mundialmente, mas diz que ainda não há nenhum acordo fechado. “Isso ainda vai ser um grande negócio para mim. Vou ganhar dinheiro sim, mas fazendo uma coisa bela”, conclui.

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