MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 5 de junho de 2012

Na Mata Sul de PE, clube, restaurante e galpão viram escolas improvisadas


Cheias de 2010 destruíram várias escolas e nem todas foram recuperadas.
Governo diz que reformou quase 600 e 18 precisam ser reconstruídas.

Do G1 PE

Dois anos depois das enchentes em 2010, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, muitos alunos ainda estão tendo aulas em lugares improvisados, como restaurantes, clubes e até um depósito de bebidas. A higiene é um problema eterno e já houve caso de picada de escorpião. A Secretaria Estadual de Educação afirma ter reformado quase 600 escolas desde a enchente, mas dezoito precisam ser reconstruídas – quatro estaduais e 14 municipais. As obras devem começar ainda este ano.
"A grande questão é o terreno adequado. Durante esse período, junto com as prefeituras, procuramos terrenos. Alguns não foram adequados, nós não vamos fazer a besteira de constuir num local que vai dar problema lá na frente. Esse foi um dado que atrasou bastante o cronograma. E a outra questão é que quando a gente acha o terreno, precisa toda uma burocracia para garantir a dominiabilidade do terreno", explica o secretário de Educação de Pernambuco, Anderson Gomes.
Em Palmares, da escola estadual Pedro Afonso de Medeiros só restou a quadra. A decisão do governo foi demolir o prédio porque não adiantava reconstruir tão perto do rio. Mas no quarteirão vizinho, a escola Fraternidade Palmarense, também do estado, foi recuperada no mesmo lugar de sempre e as aulas seguem normais.
Muitos alunos estão hoje em lugares que não combinam com aprendizado. É o caso do depósito de bebidas em Barreiros, que virou a Escola Municipal Luiz Bezerra de Melo, com 400 alunos matriculados. Os funcionários não aguentam mais. “A gente lavou o colégio aqui sem ter uma bota. Muito xixi, cocô de rato, a gente fazendo a lavagem sem proteção alguma”, afirmou a auxiliar de serviços gerais Gerusa da Silva Oliveira. “A secretária chegou aqui e não resolveu nada”, diz a merendeira Hélia Maria Leite. “Nós perdemos oito turmas de Educação de Jovens e Adultos [EJA] à noite porque os alunos não querem vir pra cá”, explica a orientadora educacional Maria do Carmo França.

“A gente acha que depois que colocaram a gente aqui, pronto, pra eles tanto faz se tá bom ou se tá ruim, se os alunos tão aprendendo ou não. E eles não estão aprendendo de jeito nenhum”, comenta a professora Margarete Silva Lima. Segundo ela, o barulho atrapalha o trabalho – não há isolamento entre as salas, nem um bebedouro que funcione direito, nem cozinha protegida de ratos. “Aqui não tem recurso, coisas boas para crianças. Muitas já adoeceram”, conta a dona de casa Rosimere Silva de Lira, mãe de aluno. O professor de história Givaldo José Souza da Silva dá duzentas aulas por semana. “A garganta com o tempo vai diminuindo aquela qualidade porque tem barulho na sala, barulho na outra, devido ao espaço, né?” A aluna Maria Eduarda Lopes da Silva foi parar no hospital depois da aula. “Eu tava dentro da sala estudando e aí veio um escorpião e me mordeu. Fui pro hospital. Ninguém tem condição de estudar aqui não”, conta.
Em Água Preta, 400 alunos estão no prédio novo da Escola Municipal Professora Geni Maria da Silva. É a única no centro reconstruída até agora depois da enchente. O colégio municipal Padre Francisco Gueiros foi atingido pela água e demolido. Era a principal escola da cidade, com três mil alunos. Hoje eles estão distribuídos em quatro prédios onde antes funcionavam um restaurante, uma lanchonete e uma escola particular. No Clube Municipal, ficam 1.800 alunos, em três turnos. Isso quando faz sol. “A pessoa tá estudando e fica caindo água em cima do caderno da gente e não é bom, né?”, reclama o estudante Temístocles Silva Marques Filho.

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