Michele costuma pescar no Santa Bárbara para alimentar filhos e marido.
Quando os peixes apareceram mortos, ela não teve outra alternativa.
No sábado (16), Michele pegou peixes mortos no igarapé Santa Bárbara (Foto: Divulgação/Jota Gomes)
A situação degradante do Igarapé Santa Bárbara, no Bairro Cai n'Água, em Porto Velho, RO, não impede que famílias continuem pescando no local. É o caso de Michele Fernandes de Souza, de 33 anos de idade e mãe de cinco filhos, que sai do Bairro Mariana, Zona Leste da capital, para ir pescar.Necessitada, sempre que tem oportunidade, vai até o Igarapé Santa Bárbara pescar para conseguir alimento. “Tem dias que a única coisa de comida que consigo vem de lá, é fartura no prato aqueles peixes”, se emociona.
Entretanto, com o igarapé poluído, os peixes começaram a morrer e não restou outra alternativa à dona de casa. “Não teve jeito, peguei os peixes que estavam mortos mesmo, ou era isso, ou teria que mandar meus filhos para a escola sem comer, e isso não é certo”, completa.
Nascida em Minas Gerais, passou boa parte na infância no Espírito Santo, de onde veio adolescente com o padrasto, obrigada pela mãe. Poucos meses depois de chegar a Rondônia conheceu seu atual marido. “Pensei que a minha vida fosse mudar com ele”, diz Michele.
Estava enganada. Hoje, mãe de cinco filhos, a mais velha com 10 anos e o mais novo com três, passa todos os dias pelo sufoco de ter que alimentar sete pessoas dentro de casa estando desempregada. “Meu marido tem problema com bebida e não trabalha, todos os dias é uma luta para dar de comer aos meus filhos”, desabafa.
O pouco dinheiro que consegue, vem do programa social do governo federal, o Bolsa Família. “Só assim consigo manter meus meninos na escola”, relata sobre a dificuldade em comprar os materiais escolares das duas meninas que estão em idade escolar.
Michele sonha com vida melhor
(Foto: Larissa Matarésio/G1)
A vida difícil não a impede de ter sonhos. “Minha menina mais velha que fala, mãe a gente vai sair dessa. Às vezes eu até tenho vontade de largar tudo e ir embora, mas o que eu faria sem os meus filhos? Não posso deixá-los com o pai e acredito que ainda posso fazer a diferença na vida deles”, sonha Michele.(Foto: Larissa Matarésio/G1)
Há três anos, quando teve seu último filho, ficou internada durante alguns meses no Hospital Santa Marcelina, em Porto Velho, e no leito decidiu fazer de tudo para seus filhos se formarem. “Eu estava muito mal, o menino tinha nascido prematuro e eu tinha acabado de fazer uma cirurgia para não ‘pegar’ mais filhos, e então eu percebi que as crianças têm que estudar, porque só assim a vida deles vai ser diferente da minha”, acredita.
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