MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Efeito nocivo de esgoto em igarapés de Porto Velho piora durante estiagem


Nos meses de pouca chuva, a sujeira fica mais evidente.
Semob diz que não adianta limpar, porque logo estará sujo novamente.

Alessandra Curado e Marcela Ximenes Do G1 RO

Igarapé Tanques é um dos maiores de Porto Velho (Foto: Marcela Ximenes/G1)Igarapé Tanques é um dos maiores de Porto Velho
(Foto: Marcela Ximenes/G1)
Os igarapés, que há 30 anos eram locais de lazer em Porto Velho, agora são pontos de poluição. Apesar de não ter um estudo que comprove a poluição dos sete igarapés da cidade, é possível verificar uma significativa quantidade de lixo e entulho jogados em seus 40 quilômetros. Situação que piora durante a seca.
“Os efeitos nocivos são mais evidentes no período da estiagem, quando a vazão natural de água é muito pequena e insuficiente para a diluição do esgoto e do lixo que foram jogados indevidamente”, salienta a coordenadora de operações do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), Ana Cristina Strava Correa.
Um caso grave de poluição é o do Santa Bárbara. Há duas semanas, peixes morreram por falta de oxigênio na água. O bueiro entupiu de lixo e não teve como a água vazar para o Rio Madeira. No jogo de empurra, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema) disse que não é sua responsabilidade limpar o igarapé; e que a morte de peixes será avaliada.
Igarapé Santa Bárbara, no Bairro Baixa da União (Foto: Marcela Ximenes/G1)Igarapé Santa Bárbara, no Bairro Baixa da União
(Foto: Marcela Ximenes/G1)
A secretária da Secretaria Municipal de obras (Semob), Miriam Saldaña, afirmou que a manutenção dos igarapés é realizada uma vez por ano na capital, mas a falta de cuidado dos próprios moradores faz com que, rapidamente, o lixo tome conta das valas. “O problema está no próprio comportamento da população atingida. Não adianta limpar porque em poucos dias tudo está sujo novamente. As pessoas precisam se conscientizar e evitar jogar dejetos em nossos igarapés”, aconselha.
Elizandra Rodrigues Fernandes é auxiliar de creche e mora às margens do Igarapé Tanques, no Bairro Costa e Silva, há 10 anos. Elizandra garantiu que nunca jogou lixo no local, mas confirmou que a prática é comum entre a vizinhança. “Não jogo lixo porque sei das consequências disso, além de alagar no período de chuva sofremos muito com o mau cheiro e contaminação no verão”, afirma.
Elizandra Rodrigues Fernandes mora há 10 anos ao lado do igarapé (Foto: Marcela Ximenes/G1)Elizandra Rodrigues Fernandes mora há 10 anos
próximo ao Tanques (Foto: Marcela Ximenes/G1)
Para evitar que a água entre em sua residência, Elizandra ergueu um muro entre o igarapé e sua casa. A auxiliar de creche contou que a falta de limpeza do local já foi denunciada inúmeras vezes para a prefeitura, mas nunca foram tomadas providências para a resolução definitiva do problema.
A ocupação irregular é um fator determinante para a degradação dos igarapés. “As margens dos igarapés não devem ser ocupadas por motivos de segurança, pois são susceptíveis a inundações e desmoronamentos”, explica Ana Strava, do Sipam. Mas por conta da inexistência de um planejamento urbano para fiscalizar os locais, as ocupações formadas por famílias de baixa renda estão cada vez mais frequentes.
Mapeamento
Segundo o mapeamento realizado pelo Sipam, em parceria com a Universidade Federal de Rondônia (Unir), a área urbana de Porto Velho possui sete igarapés que somam uma extensão de 40 quilômetros. O Igarapé Bate Estaca é o de maior dimensão, totalizando 12 quilômetros, desde sua nascente até a sua foz, no Rio Madeira. Já o Igarapé Tanques é um dos mais importantes, corta praticamente toda a cidade.
Após a conclusão do mapeamento, o Sipam indicou sugestões para resolver os problemas dos igarapés. “A conclusão de nossa pesquisa, pressupõe que essas importantes vazões devem passar por reurbanização, criando e aumentando os espaços verdes, praças públicas e parques lineares. Nas áreas já habitadas, o importante é que haja o remanejamento dos moradores”, sugeriu a coordenadora de Operações do Sipam.
A solução para o problema, conforme o resultado do estudo do órgão, deve ser um trabalho organizado entre o poder público e a sociedade civil. “Essas soluções dependem de planejamento, de investimento municipal e de conscientização da população em geral”, finalizou Ana Strava.

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