MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 3 de junho de 2012

Artista diz que perdeu acervo de 20 mil livros guardados em 43 anos na BA


Colecionador conta que foi surpreendido por sumiço do material há 5 meses.
Caso foi registrado na delegacia do bairro de São Caetano, em Salvador.

Lílian Marques Do G1 BA
Revista do tio patinhas Bahia (Foto: Samuel Cunha/ Arquivo Pessoal)Revista do Tio Patinhas, de 1951, era colecionada
por Samuel (Foto: Samuel Cunha/ Arquivo Pessoal)
O artista plástico Samuel Cunha Gomes, 53 anos, conta que construiu um acervo com cerca de 20 mil livros durante 43 anos que se dedicou a colecionar exemplares dos mais diversos tipos. Os livros eram usados por estudantes da comunidade de São Caetano, bairro na periferia de Salvador, até janeiro deste ano, quando ele diz ter sido surpreendido pelo sumiço de todo o acervo.
O material ficava armazenado, e disponível para consulta dos estudantes, em um imóvel alugado pelo artista no bairro de São Caetano. Desconfiando de que o sumiço dos livros teria ocorrido em represália porque ele não conseguia mais pagar o aluguel do imóvel, Samuel foi até a 4ª Delegacia e formalizou o registro da ocorrência.
“Já havia sido avisado por ela [a proprietária do imóvel] para deixar o local porque eu já não estava mais podendo pagar o aluguel e eu estava me preparando para isso. Cresci com uma paixão inexplicável por revistas e livros, andava sempre com um livro ou revista na mão”, disse Samuel, conhecido como “cara da biblioteca” na comunidade onde vive.
De acordo com a delegada Ana Francisca, que registrou o caso na 4ª delegacia, foi instaurado um inquérito de apropriação indébita contra a dona do imóvel. “Solicitei que ela devolvesse o material, mas até agora nada foi devolvido. Para ele [Samuel], foi um dano mais moral do que material”, afirmou a investigadora.
Livros da biblioteca de Samuel Cunha Bahia (Foto: Samuel Cunha/ Arquivo Pessoal)Segundo Samuel, ele guardava 20 mil livros
no local (Foto: Samuel Cunha/ Arquivo Pessoal)
A dona do imóvel não foi localizada pelo G1. A delegada disse que ela afirmou à polícia que não é responsável pelo sumiço do acervo. A suspeita apontou outra pessoa que ainda não foi ouvida pela polícia, disse a delegada.
“Tinha a coleção completa do Tio Patinhas, livros didáticos, revistas. Estudantes me procuravam para pedir livros emprestados, usavam o local como uma biblioteca mesmo. Eu não consigo mais dormir direito, só penso nos livros”, afirmou Samuel, que hoje mora no bairro de Castelo Branco.
Doações em bibliotecas
De acordo com a Secretaria de Educação e Cultura de Salvador (Secult), a capital baiana tem duas bibliotecas públicas municipais, a Edgard Santos, localizada no bairro da Ribeira, e a Denise Tavares, que fica na Liberdade. As duas são administradas pela Fundação Gregório de Matos (FGM), instituição vinculada à Secretaria.
De acordo com a Fundação, para doar livros às bibliotecas municipais, o interessado pode levar o material (se for em pouco volume) até uma das instituições ou, no caso de uma grande quantidade de livros, entrar em contato com a biblioteca para um funcionário ir até o local para avaliar o acervo.
Todos os livros passam por uma análise. São avaliados itens como importância do acervo, relevância para o público e estado de conservação das publicações doadas. Se os livros forem aceitos pela biblioteca, o doador assina um termo passando a responsabilidade pelo acervo para a biblioteca.
Em toda a Bahia, segundo a Fundação, há 440 bibliotecas municipais, sendo que em 11 cidades há mais de uma. Em toda a Bahia, há oito biliotecas estaduais. Cinco ficam em Salvador, uma em Ilhéus, região sul do estado, e outra na Ilha de Itaparica, região metropolitana de Salvador. A Biblioteca Central, localizada no bairro dos Barris, bairro da capital, é maior delas. A lista com o nome e endereço das oito bibliotecas estaduais está disponível no site da Secult-BA.
O processo de doação para as bibliotecas administradas pela Fundação Pedro Calmon é semelhante ao da FGM. De acordo com a institução, também são levados em conta aspectos como o estado de conservação do acervo e a importância para o público. Quem fizer doações às bibliotecas geridas pela FPC deve levar os livros a uma das bibliotecas.

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