MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 13 de maio de 2012

'Se não fosse mãe, seria rabugenta', diz mulher que adotou aos 69 anos


Myrtes Rêgo, 72 anos, é mãe de Ana Luiza, 3, Mariana, 28, e Rodrigo, 34.
Além dos cuidados com a caçula, Myrtes trabalha e frequenta uma academia.

Katherine Coutinho Do G1 PE

Ela considerou a idade avançada. Pensou também na distância dos filhos mais velhos, ambos no exterior. Avaliou ainda o possível desgaste envolvido nas etapas de um processo de adoção. Mesmo assim, aos 69 anos, a arquiteta Myrtes Gomes do Rêgo, hoje com 72, resolveu encarar o desafio de adotar um bebê de um mês de vida e tornar-se mãe pela terceira vez. “Ser mãe é tudo. Se eu não fosse mãe, seria uma velha rabugenta”, acredita a arquiteta, que é mãe de Rodrigo, 34 anos, Mariana, 28, e da pequena Ana Luiza, de três anos e meio, todos adotivos.
Ana Luiza e Myrtes Rêgo  (Foto: Luna Markman / G1)Com um mês de vida, Ana Luiza chegou à casa de Myrtes Rêgo, que tinha 69 anos, na época
(Foto: Luna Markman / G1)
Os três chegaram à casa dela ainda bebês. O mais velho, Rodrigo, tinha apenas seis meses quando Myrtes o adotou. “Foi amor à primeira vista, eu sabia que ele era meu filho. Na verdade, com os três foi assim”, conta a arquiteta. Dois anos depois, chegou Mariana, adotada com apenas quatro meses. Os dois cresceram sabendo que eram adotados. “Desde que o Rodrigo tinha um ano e meio eu fui explicando que a mãe biológica dele não podia comprar comida e por isso ele veio morar comigo. Quando veio Mariana, foi mais fácil, já tinha passado pela experiência”, explica Myrtes.
Foi por saber da adoção desde pequeno que, uma vez, o filho mais velho de Myrtes acabou a emocionando, quando tinha seis anos. “Uma professora dele me chamou e contou que estava dando uma aula sobre família, dizendo que havia famílias especiais. Ele levantou o dedinho e disse que a dele era especial”, relembra a mãe coruja.
Aos 69 anos, com Rodrigo morando no Canadá e Mariana fazendo mestrado e doutorado no exterior, Myrtes resolveu que seria mãe mais uma vez. “Eu ficava muito sozinha e me perguntei se ainda tinha condições. Achei que ainda dava. Foi a coisa mais certa que fiz na minha vida. Se eu não tivesse pego os meninos, eu não sei o que seria de mim”, declara-se Myrtes.
Ana Luiza e Myrtes Rêgo  (Foto: Luna Markman / G1)Ana Luiza é o xodó da família e filhos mais velhos de
Myrtes ajudam a criá-la (Foto: Luna Markman / G1)
O processo de adoção da pequena Ana Luiza foi um pouco diferente dos dois mais velhos. “Naquela época, tinha uma casa onde as mães que não tinham condições deixavam as crianças. Já para a Analu, eu me inscrevi, entrei com toda a documentação e fiquei na fila de espera”, conta a arquiteta. Inicialmente, Myrtes queria uma menina que tivesse com mais de seis meses, mas a promotora chegou com uma pequenina de apenas um mês. “Eu pensei em recusar quando ela me falou, mas foi ver a Analu e eu me apaixonei. Ela tinha o jeitinho da família, o queixinho pontudo. Aí pronto, não tive como ficar sem ela”, lembra.
Atualmente com três anos, Analu é o xodó da família. “Mariana é madrinha de batismo dela, é a segunda mãe. Até Analu diz que tem duas mães”, afirma, orgulhosa. Esperta e ativa, a caçula trouxe uma verdadeira renovação para a vida de Myrtes. “Voltei para os tempos de desenho animado. Ela é bem danada, esperta, e eu tenho que acompanhar”, pontua.
O filho de Rodrigo, Matheus, de quase cinco anos, mora com a mãe no Canadá, mas também faz parte da lista dos que adoram a menina. “Ele fala com o pai quase todo dia pela internet e pergunta se a Analu está. Os dois se adoram. Matheus passou dois meses aqui e foi uma confusão os dois juntos”, derrete-se.
Se a pequena Analu é ativa, Myrtes não fica atrás. Ainda exercendo a profissão de arquiteta, com direito a expediente e tudo, ela faz questão de ir também para a academia. “Só estou um pouco parada agora por causa de uma pequena cirurgia, mas assim que tiver alta, volto. Enquanto tiver condições, eu não vou parar. A gente não pode parar”, avisa Myrtes.
Aos 72 anos, a idade pode parecer uma dificuldade para quem pensa em criar uma criança, mas a arquiteta garante que, com a ajuda dos dois mais velhos, tem sido tranquilo. “Mariana voltou do doutorado, nos Estados Unidos, Rodrigo voltou do Canadá de vez, eles revezam comigo. Talvez se eles continuassem fora fosse mais difícil”, acredita.

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