Pesquisa faz diagnóstico precoce com custo menor.
Derivado do sangue pode identificar glândula comprometida.
A luta da costureira Ana Lúcia contra o câncer já vai completar um ano. Como muitas mulheres, quando ela se deu conta do caroço do seio, o tumor já estava bem avançado. “Eu tive de fazer a quimioterapia imediatamente. Disseram que eu tinha de correr contra o tempo e foi o que eu fiz”, afirmou.
Para descobrir que o câncer na mama havia se alastrado, a costureira precisou fazer um outro exame, em que é possível saber se os gânglios da axila foram ou não atingidas pelo câncer. Para isso é preciso chegar ao gânglio principal, conhecido como linfonodo sentinela, primeira estrutura atingida pelo câncer. Ele pode ser qualquer uma das dezenas de gânglios. Para marcá-lo os médicos injetam uma substância no seio.
“Para identificar o linfonodo sentinela a comunidade científica do mundo todo usa dois sistemas: um com substância radioativa, que é o tecnécio ou uma substância com corantes. Dos corantes, o mais usado é o azul patente”, explicou o médico oncologista e pesquisador da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luís Porto.
De acordo com ele, o tecnécio custa entre R$ 600 e R$ 800. Já o azul patente, acrescenta, embora em um número pequeno de casos, pode dar reações severas, às vezes até mortal. O especialista, junto com outros pesquisadores da Universidade Federal do Ceará, descobriram um método que deve tornar em breve o procedimento mais barato e seguro.
“A partir de um achado ocasional, em uma das nossas pacientes, nós observamos que um derivado do sangue pode marcar esse linfonodo. Então nós fizemos experimentos em cães, hemolizando o sangue e aplicado debaixo da papila, aquela substância ia tornar o lifonodo uma cor acastanhada, quase negra, que permitiu identificar tão bem quanto o azul patente”, explicou Luís Porto.
A experiência foi feita em 40 animais e a partir daí, foi feito um projeto para aplicar em seres humanos. “Já utilizamos em oito pacientes com resultados muito bons”.
Além do custo ser inferior, a nova substância vai evitar que os pacientes tenham reações. Para que a pesquisa evolua e torne-se um procedimento da rotina médica é necessário que pelo menos outros 25 casos testados sejam confirmados. A estimativa dos pesquisadores da universidade é que até o final do ano o estudo seja concluído.
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