MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 6 de maio de 2012

Grécia tem eleições incertas após dois anos de políticas de austeridade


Gregos vão ás urnas em pleito que abriu espaço para diversos partidos.
Antonis Samaras e Evangelos Venizelos são favoritos ao cargo de premiê.

Do G1, com AFP

A Grécia realiza neste domingo (6) as eleições legislativas mais incertas das últimas décadas, após dois anos de políticas de austeridade que desgastaram os partidos tradicionais e abriram espaço para organizações que questionam a permanência do país na Eurozona.
O partido Nova Democracia (ND, de direita), de Antonis Samaras, se anuncia como o favorito nas pesquisas, embora sem maioria absoluta, o que deixa antever um novo governo de coalizão como o que agora deixa o poder, formado pelo ND e pelo Pasok (socialista) de Evangelos Venizelos.
Antonis Samaras (esq.) e Evangelos Venizelos, principais candidatos ao cargo de primeiro-ministro grego (Foto: AFP)Antonis Samaras (esq.) e Evangelos Venizelos, principais candidatos ao cargo de primeiro-ministro grego (Foto: AFP)
As pesquisas publicadas há duas semanas, antes que sua divulgação fosse proibida, concediam 25% das intenções de votos ao ND e 20% ao PASOK, que insistem na necessidade de um "governo estável" para sair da crise. Em 2009, o Pasok obteve 43,9% dos votos, e o ND, 33,4%.
As pesquisas mostravam também uma grande dispersão de votos, em meio a uma forte oposição ao plano de resgate da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que levou a várias ondas de cortes de salários e aposentadorias.
Variedade de partidosDe fato, após dois anos de crise, os 9,8 milhões de eleitores gregos vão às urnas com uma ultraesquerda reforçada, com o aparecimento de uma formação neonazista, a atomização da direita e um bipartidarismo enfraquecido.
Cerca de dez partidos podem superar os 3% dos votos exigidos para ter representação parlamentar.
Entre eles figuram os comunistas do KKE, que devem melhorar os 7,3% obtidos em 2009, assim como os Gregos Independentes, um grupo conservador criado em março que rejeita o plano de resgate da UE e do FMI, o neonazista Amanhecer Dourado e o pró-europeu Partido de Esquerda Democrática.
Acusado de 'neonazista', o partido Amanhecer Dourado nega o rótulo e deve apresentar crescimento em relação às últimas eleições (Foto: Sakis Mitrolidis/AFP)Acusado de 'neonazista', o partido Amanhecer Dourado nega o rótulo e deve apresentar crescimento em relação às últimas eleições (Foto: Sakis Mitrolidis/AFP)
Também têm certas chances o Pacto Social, oposto à austeridade, o Antarsa (esquerda anticapitalista) e o partido "Não vou pagar", surgido após uma campanha de desobediência civil lançada em 2010.
"A perda generalizada de confiança nos dois principais partidos" que governaram o país nos últimos 37 anos "criou um grande vazio, do qual se beneficiam todos os partidos e grupos que não estão no poder", afirmou Christoforos Vernardakis, do instituto VPRC.
Os dois partidos tradicionais advertem que o que está em jogo nestas eleições é a permanência da Grécia na Eurozona, e não manifestar apoio ou rejeição às políticas de austeridade.
Favorito
O conservador Antonis Samaras, presidente do Nova Democracia (ND), pode se garantir como líder das eleições legislativas, depois de ter aceitado a contragosto apoiar um governo de coalizão com os socialistas em novembro.
Samaras pode se tornar o próximo primeiro-ministro grego, mas também há chance de o cargo ficar com uma personalidade que represente um consenso maior entre as forças conservadoras e socialistas, aliados em uma provável nova coalizão governamental.
O conservador Antonis Samaras fala a apoiadores na quinta-feira (3), dias antes da votação (Foto: Aris Messinis/AFP)O conservador Antonis Samaras fala a apoiadores em Atenas na quinta-feira (3), dias antes da votação (Foto: Aris Messinis/AFP)
A Nova Democracia voltou à arena política grega aproveitando os reveses do governo, dois anos depois de uma humilhante derrota eleitoral e de anos de desperdício e negociatas.
Desde os 26 anos, Samaras é deputado de Mesinia. Em 1989, obteve seu primeiro ministério, o de Finanças, no governo de união nacional de Tzannos Tzannetakis.
Em 1992 foi expulso da Nova Democracia por nacionalismo extremo sobre o tema da Macedônia. Criou então o partido nacionalista Politiki Anixi (Polan, Primavera Política), mas sem conseguir se impor na arena política.
Samaras se reintegrou em 2004 às fileiras da Nova Democracia, partido que reuniu suas alianças para derrubar os socialistas no poder. Foi eleito eurodeputado e depois ministro da Cultura em janeiro de 2009 no governo de Kostas Karamanlis.
'Garantia para a economia'O líder socialista grego Evangelos Venizelos tenta limitar a provável derrota de seu partido, apresentando-se como uma garantia para a economia de seu país, depois de ter negociado com seus credores um acordo para reestruturar a dívida, quando era ministro das Finanças.
No entanto, Venizelos tem outro desafio pela frente: conseguir limitar a queda do Pasok (socialista), que conta com poucas intenções de voto, segundo as pesquisas.
Evangelos Venizelos discursa na praça Syntagma, em Atenas, na sexta-feira (4) (Foto: Louisa Gouliamaki/AFP)Evangelos Venizelos discursa na praça Syntagma, em Atenas, na sexta-feira (4) (Foto: Louisa Gouliamaki/AFP)

Liderado pelo primeiro-ministro Lucas Papademos, Venizelos negociou a reestruturação da dívida, obteve fundos suplementares de credores institucionais e impôs a adoção de novas medidas de austeridade, após a aliança com a direita em novembro.
Nessa época, ele manteve seu posto crucial de ministro das Finanças e o título de vice-primeiro-ministro no novo governo grego, depois de ter contribuído para a retirada do primeiro-ministro socialista Giorgos Papandreou.
Papandreou havia catapultado Venizelos ao posto de ministro das Finanças em junho de 2011, no âmbito de uma mudança de governo para tentar recuperar o controle do país e do partido, em meio a um crescente descontentamento contra a austeridade.
Depois de substituir o tecnocrata Giorgos Papaconstantinou, muito apreciado em Bruxelas, mas carente de habilidade política na Grécia, Venizelos foi criticado pelos credores. Apreciado no mundo dos negócios grego, conhecedor dos meandros das esferas do poder, próximo aos círculos ortodoxos, Venizelos havia sido derrotado nas primárias socialistas em 2007 contra Papandreou.
Embora depois tenha mostrado sua lealdade ao primeiro-ministro em fim de mandato, Venizelos o empurrou para o precipício ao se desvincular rapidamente em novembro de 2011 do projeto de Papandreou de convocar um referendo que espalhou o pânico nos mercados e nos governos europeus.

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