MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Em PE, transplante já é considerado uma cirurgia simples por médicos


Série de reportagem traz história de pessoas que fizeram transplante dominó.
No caso do transplante de fígado, risco da cirurgia entre adultos vivos é maior.

Do G1 PE
O primeiro transplante de órgãos do mundo aconteceu em 1954 nos Estados Unidos. A técnica só chegou ao Brasil dez anos depois: em 1964. Em 1965, em São Paulo, era feito o primeiro transplante entre duas pessoas vivas no país. O que na época era quase um milagre, hoje é uma cirurgia considerada simples pelos médicos, que salvam milhares de vidas todos os anos. A quarta reportagem da série especial sobre transplantes, exibida no NETV 1ª Edição desta quinta-feira (3), mostra dois pacientes que passaram por transplantes de fígado por meio de uma técnica chamada de transplante dominó. Nela, a pessoa que recebe o órgão de um doador morto cede seu órgão para um terceiro paciente.
Pacientes com insuficiência renal podem receber um rim saudável de um parente de primeiro grau ou cônjuge - marido ou mulher. A cirurgia é segura. E só é realizada depois de uma série exames e da confirmação de que o doador está com a saúde perfeita. No caso do fígado, o transplante entre vivos também é possível, mas é considerado mais complicado. Ele pode representar um risco para o doador, principalmente se a doação for feita para um adulto. Neste caso, o pedaço a ser retirado do fígado tem que ser maior. “Existem alguns centros que fazem o transplante entre vivos de rotina, principalmente de adulto para criança, que é uma modalidade de transplante mais segura para quem doa. O transplante de adulto para adulto é um transplante mais discutível porque implica num risco pequeno, mas considerável para quem doou”, informa o médico Cláudio Lacerda, chefe da Unidade de Transplante de Fígado do Hospital Oswaldo Cruz e Jaime da Fonte.
O engenheiro civil Árquias Licínio Costa e Silva esperou seis meses para dar esse passo. Ele caminha para um momento raro na medicina. Vai encontrar o homem que doou um fígado para que ele pudesse ter vida nova. “Como foi uma oportunidade que me foi dada para que eu agradecesse pessoalmente, eu, com certeza, na minha recuperação faria questão de pessoalmente ir lá agradecê-lo, apertar a mão dele, se for possível, e dizer que me coloco à disposição dele e que, a partir de hoje, ele é mesmo que um irmão para mim”, conta.
Seu Árquias estava na fila de espera por um fígado há seis meses. A doação foi inesperada. Veio de André, que também aguardava um novo fígado. É o chamado transplante dominó. “Há uma doença chamada polineuropatia amilóide familiar que é uma doença genética que algumas famílias têm, principalmente famílias portuguesas, onde a pessoa nasce com um defeito enzimático no fígado. O fígado é perfeitamente normal, exceto por causa desse defeito. E leva a uma doença neurológica 30 anos depois que a pessoa nasce. No mais, o fígado é perfeito. Então essa pessoa precisa de um fígado novo para ela, mas o seu fígado é excelente, exceto pelo risco de produzir essa doença 30 anos depois. Então a gente tira o fígado de um doador falecido, coloca nessa pessoa e tira o fígado dessa pessoa e coloca num homem ou numa mulher de 60 anos. A gente estará oferecendo a essa mulher 30 anos de vida absolutamente saudável. Então ela vai começar a ter aos 90 anos de idade os sinais, as manifestações da doença neurológica daquele fígado”, explica Lacerda.
O fígado que não servia mais para André foi perfeito para seu Árquias que ainda se recupera da cirurgia. “Eu sei que é um caminho longo quando você entra numa fila dessa e eu fui um felizardo. Então, todos os dias, a partir do dia 19 de abril, eu vou agradecer este novo nascimento”, diz seu Árquias.
André também está feliz porque a doença parou de evoluir. Com um fígado novo ele pode voltar à vida normal depois de ter ficado um ano na fila de espera. “Muito, muito [feliz], ele [seu Árquias] agora está outra pessoa e todos aqueles que recebem as doações de órgãos praticamente nasce de novo”, comenta o motorista André Luiz Cavalcanti que doou o fígado a seu Árquias.
Em 13 anos de trabalho, a equipe de transplante chefiada pelo doutor Cláudio fez quase 600 cirurgias, oito foram do tipo dominó. A técnica foi desenvolvida em Portugal, mas aperfeiçoada em Pernambuco. “É preciso que as pessoas entendam que um dia poderão estar do outro lado, elas poderão estar precisando de um transplante, qualquer um de nós poderá um dia precisar desesperadamente de um transplante. Então pensem nisso na hora que a central solicitar com toda a segurança possível que seus órgãos sejam utilizados para salvar vidas, recuperar a saúde de pessoas”, conclui o médico.
Essas histórias só podem acontecer por causa da solidariedade de famílias que mesmo em um momento de dor, são capazes de doar. “Os familiares que doaram esse gesto de amor foram a salvação para dar continuidade a minha vida”, agradece André.

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