MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 19 de maio de 2012

Depois de Estado, Lei 'Antibaixaria' é ampliada para contratos de Salvador


Nenhum órgão da capital pode contratar artistas com trabalhos machistas.
Lei foi primeiro votado por deputados e, depois, avaliado por vereadores.

Do G1 BA

Depois do governador Jaques Wagner, o prefeito João Henrique sanciona a lei n°8.286/2012, conhecida como "antibaixaria", que proíbe uso de recursos públicos para contratação de artistas que tenham no repertório músicas e danças ofensivas às mulheres.
De acordo com a decisão, publicada no Diário Oficial do Município no dia 15 de maio, é proibida a contratação de artistas direta ou indiretamente cujos trabalhos "desvalorizem, ofendam, incentivem ou exponham as mulheres a situações de constrangimentos".
O descumprimento da lei, na instância da capital baiana, prevê abertura de processo administrativo e o gestor poderá ser multado no valor pelo qual contratou o artista ou, quando o contrato não for oneroso, em R$ 10 mil. A receita arrecadada será revertida para a Superintendência  de Políticas para as Mulheres (SPM), informa a decisão.
A aplicação da lei será fiscalizada pela SPM e através da Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres, grupo da Câmara dos Vereadores que enviou o projeto para aprovação. O lei deve ser obedevida às apresentações de artistas em rádio, televisões, vídeo e internet.
Lei
O projeto original da lei 19.237/2011 foi elaborado pela deputada estadual Luiza Maia (PT-BA).Na justificativa do projeto, a deputada argumenta sobre a influência da música na formação do ideário popular e na mobilização social, considerando a possível internalização das letras no “subconsciente” das pessoas, o que, pela recorrência cultural, provocaria a “banalização do destrato”.
O projeto afirma que as composições atuais apelam para o “reducionismo e desqualificação do ser feminino”, com uso das seguintes palavras: “Em algumas composições, a mulher é tratada como objeto sexual, como se fosse abreviada apenas a peito, bunda e genitália. Em outras, sob o perigoso pretexto de brincadeira momentânea, prega-se, mesmo que involuntariamente, a violência de gênero”.
O projeto de lei recebeu apoio do Ministério Público da Bahia e de toda a bancada feminina da Assembleia Legislativa do estado. “Aqui a gente não encerra a nossa luta contra a violência contra a mulher. Eu entendo que essa lei é fundamental, já que ela é um largo passo que as mulheres estão dando pelo fim da violência. Mas sabemos ainda que há uma estrada longa pelo fim da violência. A aprovação pela maioria dos deputados é uma demonstração de que vale a pena continuar lutando”, disse a deputada Luiza Maia.
A principal problematização do projeto de lei é a aplicação de recursos públicos para financiamento de artistas que "subjugam o ser feminino". Ela levanta diversos questionamentos em relação à função do estado, tendo em vista o estágio de execução de políticas públicas para a reafirmação do gênero. “Ora, o papel do poder público não é o de agir para eliminar quaisquer forma de preconceito e discriminação? Mas, revertendo fatias do erário para o pagamento de cachês a grupos que reduzem a mulher a um ‘pedaço de carne’, o governo não está reforçando e fomentando o preconceito?”, questiona o projeto.
Para o pesquisador de questões raciais, Osmundo Pinho, professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), há de se ter cuidado com a responsabilização da culpa atribuída aos "homens pagodeiros". "Ninguém vai ficar ao lado de iniciativas que degradem as mulheres, mas não podemos recair em uma perspectiva que acabe criminalizando a cultura do jovem negro. Se pune os artistas, deve-se punir, também, as empresas que executem essas músicas. Os homens pagodeiros estão sendo criminalizados pela degradação da mulher", avalia.

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