MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 2 de abril de 2012

'A sociedade critica, mas vende voto', diz vereador da Serra, ES


Para o cientista político André Pereira, a declaração foi grosseira e infeliz.
Vereadores decidem nesta segunda-feira (2) se aumentam salários.

Do G1 ES, com informações da TV Gazeta
Os vereadores da Serra, na Grande Vitória, decidem nesta segunda-feira (2) se vão ou não aumentar os próprios salários. O prefeito do município, Sérgio Vidigal, vetou os dois projetos aprovados na semana passada, mas o veto ainda pode ser derrubado pelos vereadores.
Um dos projetos aumentava o salário dos parlamentares de R$ 5 mil para aproximadamente R$ 9 mil reais. O outro aumentava os salários do prefeito para R$ 18 mil, do vice-prefeito para R$ 14 mil e dos secretários para R$ 9 mil, a partir do ano que vem.
O argumentos do prefeito para vetar os projetos foi a "falta de sintonia com os desejos da população".  A proposta de aumento de salário dos parlamentares gerou insatisfação e protesto dos moradores da Serra. Mas a indignação foi ainda maior após uma declaração do vereador Aloísio Santana (PSDC), que não apenas votou pelo aumento como fez críticas ao comportamento ético do eleitor.
A sociedade critica, mas vende seu voto, adultera o velocímetro do seu carro. Não sei por que estão reclamando, se eles não praticam aquilo que cobram"
Aloisio Santana, vereador
"A sociedade critica, mas vende seu voto, adultera o velocímetro do seu carro. Não sei por que estão reclamando, se eles não praticam aquilo que cobram. Ficaria espantado se essa mesma população que critica o salário do vereador, se ela não fosse à casa do vereador pedir caixão, pedir remédio. O vereador é o político mais próximo do cidadão, é ali que eles choram suas mágoas. Eles querem que você pague as dívidas deles, querem ajuda, mas não querem que você ganhe. Não houve ilegalidade nenhuma no aumento dos salários dos vereadores. Daqui a pouco vamos ter que fazer greve para aumentar o salário dos vereadores, como um trabalhador comum", defende Aloisio Santana.
Para o cientista político André Pereira, a declaração foi grosseira e infeliz. Ele afirma que o eleitor que tem esse comportamento é uma minoria dentro do universo total dos eleitores, mas é suficiente para sustentar certos mandatos.
"Quando a gente olha para voto de parlamento, como é o caso dos vereadores, tem uma quantidade muito grande de candidatos e o voto do eleitor se dispersa muito. Os que são eleitos, raramente são eleitos com seu próprio voto. A maior parte dos eleitores vota em candidatos que nem têm chance de ser eleitos. São eleitos os cabeças da coligações. O problema está no fato de que existem candidatos populistas de bairro e que prestam serviço, que ficam na cabeça da coligação e são eleitos. E aí temos políticos com perfil péssimo, que não são autônomos, não estão preocupados em fazer boas leis e nem em fiscalizar o executivo", explica o cientista político.
André Pereira ressalta a importância da população conhecer o papel do vereador e das lideranças dos partidos escolher cabeças de coligações responsáveis. "O papel do vereador é fazer leis, fazer emendas aos projetos de lei e fiscalizar o Executivo. Não é dar caixão, fazer obras e nem consgeuir emprego para fulano e beltrano. E o partido tem que escolher bons candidatos e eliminar os perfis ruins, populistas de bairro", reforça.
Orçamento da Câmara é maior que a receita de 40 municípios
Segundo o prefeito Sérgio Vidigal, o veto do projeto não foi pela inconstitucionalidade, porque a Câmara tem orçamento próprio que daria para honrar o compromisso assumido. "O orçamento da Câmara é de aproximadamente R$ 31 milhões. É bom lembrar que esse valor é maior que a receita de 40 municípios capixabas. Mas isso é constitucional e se o prefeito não repassar essa verba para a Câmara corre risco de improbidade, cassação e afastamento. A mesma população que nos escolhe precisa fiscalizar", afirma.
Vidigal reforça que, agora, a tarefa é tentar manter o veto. "O poder é autônomo, mas vamos trabalhar para manter o veto por convencimento, para os vereadores reverem seus posicionamentos. A orientação é que tudo aquilo que a gente faça, faça em sintonia com a população. E mexer em salário sem discutir com a sociedade é um complicador, principalmente em ano eleitoral", diz.
Protesto
Na sessão da última quarta-feira (28), enquanto os vereadores aumentavam os próprios salários, cerca de 80 manifestantes realizaram um protesto com apitos e cartazes contra o ato dos vereadores. Em enquete realizada pelo G1 após a decisão dos vereadores da Serra, 96% dos votos foram contra o aumento, e apenas 4% apoiaram a decisão.

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