Motoristas escapam de blitze com ajuda de casas noturnas no RS

Reportagem foi a Santa Maria conferir como funciona o serviço.
Segundo o MP, o transporte oferecido é crime, com pena de até um ano.

Patrícia Cavalheiro e Giovani Grizotti Da RBS TV

Em noite de festa em Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul, frequentadores de duas casas noturnas costumam não se preocupar com a mistura de álcool e direção. Isso porque as próprias boates oferecem um serviço a quem fica sem condições de dirigir após beber. O problema é que os condutores das casas guiam os veículos somente até passarem pelo posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), onde ocorrem as blitze. Depois, o próprio dono do carro que segue viagem.
A reportagem da RBS TV foi até a cidade conferir o que acontece nas duas casas noturnas. No meio da noite, um anúncio no microfone garante a volta segura para casa. No próprio palco o serviço é divulgado. "Pode ficar bem à vontade e tomar a cervejinha tranquilo que todo mundo está muito bem servido de motorista para descer a Serra, não tem problema nenhum de correr risco".
Os motoristas da boate aguardam os condutores embriagados na saída. Entram nos carros e seguem até passar pela fiscalização. Em um posto de gasolina, logo adiante, eles saem dos veículos e devolvem a direção aos donos. Um dos frequentadores, que não se identificou, disse que o serviço é procurado todas as noites. "Digamos que mais de 90% já procuram o serviço em estado de embriaguez bem avançado, sem condições nenhuma de dirigir", relatou.
A PRF admite que a fiscalização é feita somente no posto policial, e que é praticamente impossível ter viaturas e homens suficientes para checar o destino de todos os carros que passam. Segundo o Ministério Público do Rio Grande do Sul, o transporte oferecido pelas casas noturnas é crime, com pena prevista de até um ano na prisão.
"A conduta dos motoristas e consequentemente dos proprietários dessas casas noturnas incidiriam no crime previsto do código de trânsito brasileiro que é aquele de alguém que entrega o veículo automotor para uma pessoa sem condições de dirigir, ou por embriaguez, ou por qualquer outro motivo", explicou o promotor Flávio Duarte.
A equipe de reportagem entrou em contato com os proprietários das casas noturnas, mas eles não retornaram as ligações.