MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 16 de abril de 2012

A BAHIA EM GUERRA E O GOVERNO OMISSO

Estradas que dão acesso a Pau Brasil (BA) são patrulhadas pela polícia

Sindicato dos produtores rurais diz que há reféns. PF e Funai negam.
Governador diz que eventualmente Força Nacional pode ser chamada.

Do G1 BA

As estradas que dão acesso ao município de Pau Brasil, na região Sul da Bahia, começaram a ser patrulhadas pela polícia da Caatinga nesta segunda-feira (16). Nas ruas da cidade os moradores estão assustados.

“A gente tem medo de sair a noite. Tem parentes que adoecem e a gente tem medo de visitar. A noite porque o clima é de guerra”, disse a dona de casa Maria Edwirgens.

Segundo testemunhas os índios já chegaram atirando e amarraram os reféns com corda. O Sindicato dos Produtores Rurais de Pau Brasil, cerca de 15 trabalhadores teriam sido feitos reféns. Alguns ainda não entraram em contato com a família.

“Quem sai se comunica com as famílias e as famílias avisam. Tem gente que não avisou”, explicou o presidente Miguel Arcanjo Filho.

Agentes da Polícia Federal entraram em algumas fazendas nesta segunda, e não encontraram os possíveis reféns. O coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai), Wilson Jesus de Souza que acompanha a ação da polícia, diz que não há reféns nas fazendas.

Adroaldo é o gerente de uma das fazendas. Ele diz que na fuga chegou a ser atingido nas costas por um tiro de espingarda. “Atiraram em minha direção várias vezes. E não foi só um atirador, tinha um grupo, todos armados e foram vários tiros", disse o gerente.
Os índios dizem que vão continuar nas fazendas. “Os índios estão aqui se organizando para ocupar o resto das fazendas.”, disse o cacique Nailton Muniz.

“É importante que a Polícia Federal amplie seu contingente aqui, eventualmente que se convoque especificamente a Força Nacional de Segurança ou o exército para poder dar garantia até o julgamento para que se tenha tranquilidade na região”, finalizou o governador do estado, Jaques Wagner.
O G1 entrou em contato com a Polícia Federal (PF), através da sua assessoria em Brasília, e foi informado que responsáveis pelas informações à respeito da visita de agentes da PF às fazendas ocupadas em Pau Brasil nesta segunda estavam reunidos durante a tarde para passar os dados da "operação" posteriormente. A assessoria disse que a Polícia Federal vai se pronunciar por meio de nota.
As fazendas estão ocupadas por cerca de 250 índios da tribo Pataxó Hã Hã Hãe. No último final de semana também foram registradas duas invasões a fazendas na cidade de Itaju do Colônia e cinco em Pau Brasil. Levantamento das polícias apontam a ocupação de 62 fazendas por membros da tribo índigena na região sul da Bahia, com o objetivo de retomar 54 mil hectares entre as cidades de Pau Brasil, Camacan e Itaju do Colônia. Segundo o chefe da coordenação da Funai em Pau Brasil, Wilson Jesus de Souza, o objetivo dos índios não é a posse das terras e sim a nulidade dos títulos que garantem a posse aos fazendeiros.

Entenda o caso
Estudo da Funai indicam que as terras reivindicadas pelos índios eram reservas da aldeia pataxó e foram arrendadas pelo antigo Serviço de Proteção ao Índio entre 1937 e 1942. Com o passar dos anos, os arrendatários conseguiram títulos de posse das terras e todas as fazendas da área da reserva foram ocupadas.
Os índios pedem a nulidade dos títulos de propriedade em favor dos fazendeiros. A questão será decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O julgamento chegou a ser marcado em novembro do ano passado, mas foi adiado a pedido do Governo da Bahia, que alegou falta de segurança para o cumprimento da decisão.

Crime

A polícia da região de Camacã, Pau Brasil e Itajú do Colônia, no Sul da Bahia, investigam o assassinato de uma mulher, que aconteceu na segunda-feira (9). Eles suspeitam que a morte da mulher tenha envolvimento com a briga de terras na região.
Franklin Fagundes viu a companheira morrer quando voltava de uma fazenda. Ana Maria Santos de Oliveira, de 33 anos, foi atingida por um tiro na cabeça. "Quando eu parei o carro, o que estava do lado de dentro da cerca atirou e minha esposa já caiu no meu colo.", disse. De acordo com o marido da vítima, a ação foi uma emboscada.
A polícia não tem pista dos criminosos. Segundo o delegado, os principais suspeitos são os índios que disputam terras com os fazendeiros da região. “Os indígenas possuem armas de fogo de grosso calibre, fuzis 762, privativos do exército”, explicou o delegado Francesco Santana. No entanto, antes ele chegou a afirmar que seguranças de fazendeiros poderiam ter causado a morte da mulher.

Nenhum comentário:

Postar um comentário