MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 24 de março de 2012

Regras e conscientização podem evitar acidentes com ciclistas


Curitiba teve 32 acidentes com ciclistas e uma morte, em janeiro e fevereiro.
Maioria dos acidentes nas rodovias é por imprudência de ciclistas, diz PRF.

Ariane Ducati Do G1 PR

Adepta da bicicleta como meio de transporte há cinco anos, a curitibana Dayana Rosa já tem um histórico de acidentes. “Já passei por vários, o último foi há três meses. Eu estava passando na rua de bicicleta e daí um carro foi sair da garagem de um prédio e, o motorista disse que não me viu, e me atropelou. Fui jogada para frente. O medo foi que vinham outros carros na pista onde caí, mas ainda bem que pararam”, relata.

A ciclista conta que na ocasião o motorista responsável pelo acidente prestou socorro e ela foi atendida no local por uma ambulância do SAMU. Mas como teve apenas leves machucados, não precisou ser levada ao hospital.
Ciente dos cuidados que os ciclistas devem ter nas vias de trânsito, a jovem de 26 anos comenta que na prática a locomoção sobre a bicicleta é dificultada pela falta de educação e infraestrutura no trânsito. “Não se tem sinalização para bicicleta nas ruas. Enfrentamos muitos sustos, principalmente com motoristas de ônibus que não respeitam, buzinam, jogam pra cima das bicicletas. E em Curitiba não tem muita opção, temos que usar as canaletas [vias expressas exclusivas de ônibus biarticulados], ou entre os carros”, relata.
Em 2011, a Polícia Militar registrou 163 acidentes envolvendo ciclistas na capital paranaense. Nestas ocorrências, 158 ciclistas e passageiros de bicicleta ficaram feridos e dois ciclistas morreram. Neste ano, nos meses de janeiro e fevereiro, foram contabilizados 32 acidentes com ciclistas, 36 pessoas envolvidas ficaram feridas e um ciclista morreu.
Em 2011, a PM registrou 163 acidentes com ciclistas em Curitiba. Dois morreram. Este ano, em janeiro e fevereiro foram 32 acidentes e uma morte. 
Em entevista ao G1, o secretário de trânsito de Curitiba, Marcelo Araújo, disse que em casos de acidentes em que ciclistas estão envolvidos ainda não há uma estatística ou um estudo que aponte quem são os maiores infratores. “Não é possível avaliar se a maioria dos casos de acidentes é de responsabilidade de motoristas ou ciclistas”, comentou.

Segundo o secretário, a melhor convivência entre carros e bicicletas no trânsito deve acontecer quando o motorista “saber que o ocupante daquela bicicleta, pode ser um parente, um amigo, um colega de trabalho”.

Araújo ainda comenta que hoje a Secretaria de Trânsito (Setran) não tem nenhum programa específico para conscientização de motoristas e ciclistas foram as regras de conviência nas vias e sobre as determinações do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Entretanto, ele ressalta que a secretaria tem participado de debates sobre a presença das bicicletas no circuito de trânsito e que apoia iniciativas como a do circuito ciclístico, aos fins de semana, e a pedalada, que é realizada todas as terças-feiras à noite.
O motorista tem que saber que o ocupante da bicicleta pode ser um parente, um amigo ou colega de trabalho"
Marcelo Araújo, secretário de trânsito de Curitiba
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) define que em locais que não há ciclovias, ciclofaixas ou acostamento, as bicicletas devem circular no mesmo sentido dos outros veículos e têm preferência sobre os demais meios de transporte. Entre outros, está previsto, sob pena de infração ou multa em caso de descumprimento, que o motorista deve manter distância lateral de 1,50m ao ultrapassar uma bicicleta, dar a preferência de passagem aos pedestres e ciclistas e que reduza a velocidade do veículo, de acordo com a segurança do trânsito, ao ultrapassar uma bicicleta.
Já aos ciclistas, as orientações são para sempre sinalizar, com os braços, as intenções: de atravessar, virar a rua, mudar de pista e outras. Usar de preferência roupas claras ou chamativas, para poder ser notado a noite. Manter os refletores da bicicleta limpos, pedalar mantendo uma linha reta evitando fazer zigue-zague e ouvir o trânsito, deixar o fone de ouvido para o momento de lazer.

Além disso, o condutor da bicicleta deve ter precaução e não pedalar onde o motorista não possa vê-lo, aumentar a atenção em cruzamentos, esquinas e saídas de estacionamentos e não ficar olhando para trás o tempo todo, fora o necessário para perceber o tráfego em caso de mudança de direção ou faixa. O foco deve ser com o que vem pela frente.

Ciclistas nas rodovias
No ano passado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) do Paraná registrou quase um acidente por dia envolvendo ciclista, foram 347 no total. Já nas estradas estaduais a estatística é de 87 acidentes, segundo a Polícia Rodoviária Estadual (PRE).

De acordo com os dados da PRF e PRE, 62 ciclistas morreram em 2011 nas rodovias paraenses. Sendo, 41 deles nas estradas federais, que ligam as principais cidades do estado, e 21 nas estradas estaduais, que ligam os maiores municípios aos menores.
Nos casos de acidentes [nas rodovias], a imprudência na maioria das vezes é do ciclista"
Wilson Martines, inspetor da PRF
Segundo o inspetor da PRF, Wilson Martines, o correto é que os ciclistas circulem à direita, no acostamento e junto ao meio-fio. Nunca em cima da rodovia. “Nos casos de acidentes, a imprudência na maioria das vezes é do ciclista”.

Martines ainda conta que a BR-277, que liga o litoral do estado até Foz do Iguaçu, na região oeste, e a Estrada da Graciosa, na Serra do Mar, são as estradas que mais registram acidentes com ciclistas atletas. De acordo com o policial, os ciclistas reclamam que as condições dos acostamentos são precárias, e que as pedras podem furar os pneus, assim muitos deles acabam transitando sob a rodovia. “Rodovia não é pista de treinamento. É proibido ciclista sobre a rodovia”, enfatiza.

A PRF ainda afirma que nas vias de acesso às rodovias marginais os acidentes que envolvem bicicletas também são frequentes. “Nas rodovias o trânsito é rápido e mesmo que o ciclista esteja transitando no acostamento, quando o motorista precisa entrar em uma via de acesso, acaba desacelerando e, por exemplo, se vier um caminhão atrás, ele pode causar um acidente com o ciclista”, afirma Martines.

Em janeiro de 2012, a PRF e PRE contabilizaram juntas 26 acidentes com ciclistas e duas mortes ocorreram em acidentes com bicicleta em rodoviais estaduais.
Luiz Fernando Brychta (Foto: Arquivo pessoal) O triatleta Luiz Fernando Brychta treina na BR-277,
entre Curitiba e Campo Largo
(Foto: Arquivo pessoal)
Há oito anos, o empresário e triatleta Luiz Fernando Brychta, de 31 anos, participa de competições de triatlo e treina no acostamento da BR-277, entre Curitiba e Campo Largo.

Ele comenta que é preciso uma melhor sinalização das estradas e respeito por parte dos motoristas, para que os atletas possam treinar com mais segurança. “É comum os caminhoneiros passar buzinando e até jogar as carretas para cima dos ciclistas. Dá medo”, relata.

Entretanto, para Brychta a atenção e o cuidado por parte do ciclista é fundamental para evitar situações de risco nas rodovias. “Muitas vezes acontece acidente por besteira do próprio ciclista, por falta de atenção”, conclui.

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