DF tem 14,18 doadores por milhão de habitantes; média brasileira é de 11,4.
Na última década, número de transplantes subiu 105% na capital do país.
OS TRANSPLANTES REALIZADOS NO DF | ||
---|---|---|
TIPO | 2011 | 2012* |
Coração | 9 | 8 |
Córnea | 327 | 58 |
Rins | 60 | 21 |
Fígado | - | 7 |
Medula | - | 1 |
* Até 15 de março Fontes: Ministério da Saúde e Secretaria de Saúde |
Poucos estados superam o índice brasileiro. Santa Catarina tem a melhor taxa (25,12), seguida de Ceará (20,75), São Paulo (20,32) e Rio Grande do Norte (15,62). A maior parte das unidades da federação, no entanto, está abaixo muito abaixo de 11,4. O índice é de apenas 2,79 quando somados Maranhão, Alagoas, Sergipe, Piauí, Paraíba, Rio de Janeiro e Minas Gerais, os estados da região Norte, com exceção do Acre e os da Centro-Oeste, excluindo DF.
Mesmo em um cenário melhor que na maior parte do Brasil, as equipes do DF esbarram em dificuldades. A coordenadora da Central de Captação de Órgãos da Secretaria de Saúde, Daniela Salomão disse que mensalmente são notificadas entre 15 e 20 mortes encefálicas.
Após avaliar a existência de doenças prévias e exames detalhados dos órgãos, o número de potenciais doadores cai para três ou quatro.
“E como o processo é um pouco longo e bastante complexo, você pode perder uma doação em qualquer etapa. O paciente pode ter parada cardíaca ou a família não ser localizada. Infelizmente é comum. Desses três ou quatro, perdemos mais ou menos 30%. É frustrante quando isso acontece, porque a equipe se envolve muito, corre contra o tempo e chega ao final e não tem a cirurgia”, afirma.
Para diminuir os riscos de perdas de doação, a central faz parcerias. Além de contar com a Força Aérea para buscar órgãos em outros estados – quatro transplantes foram realizados com corações vindos de fora em 2012 –, a entidade está desenvolvendo um projeto piloto com a Polícia Rodoviária Federal.
“Queremos ampliar nossas opções. Esse ano perdemos uma doação do Rio de Janeiro porque a Força Aérea não podia nos ajudar”, lembra.
O secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães, afirmou que acordos como esses têm sido essenciais para o aumento no número de transplantes. “A pior das situações é você ter um receptor esperando, ter a doação e não conseguir chegar em um tempo hábil [...]. Com essa articulação, estamos conseguindo ampliar as doações, interferindo muito na fila das regiões Centro-Oeste e Norte”, afirmou.
Em relação à busca do DF por mais doadores a cada milhão de habitantes, Magalhães destacou o estabelecimento de parcerias com organizações de outras unidades da federação. “Resolvemos investir em transplante de fígado no Instituto de Cardiologia. Uma equipe de São Paulo veio para acompanhar e continua aqui prestando suporte.” As cirurgias com o órgão e com medula óssea passaram a ser oferecidas na capital do país em 2011.
De acordo com a Secretaria de Saúde, desde o início de 2012 até esta quinta-feira (15) haviam sido realizados no DF 21 transplantes de rins, 58 de córneas, sete de fígado, um de medula óssea e oito de coração – que em menos de três meses atingiu quase o total de operações com o órgão contabilizadas durante todo o ano passado, nove. O total de procedimentos subiu 105% no DF na última década, passando de 193 em 2002 para 306 em 2011, afirmou o ministério.
Conscientização
Para Magalhães, a realização de campanhas informativas, a divulgação da necessidade de novas doações e a fala de pacientes transplantados são fundamentais para alcançar aumentar os índices. “A solidariedade é uma característica do povo brasileiro, mas temos que reconhecer que no Brasil a importância da doação ainda não está completamente introjetada na população.”
A meta nacional de 15 doadores por milhão de habitantes, segundo ele, foi estabelecida para o Brasil levando em conta boas taxas de outros países, como a Espanha, que tem a maior do mundo, 32, e Estados Unidos, que lidera na América com 25. A média do continente é 7 doadores por milhão de habitantes.
Visando ampliar os números, o ministério habilitou 59 centros de transplante em 2011 – três no DF – e ampliou de 25 para 60 o número de centrais de captação de órgãos em 2011. O trabalho consiste em visitar as unidades de tratamento intensivo e emergências para identificar pacientes em morte encefálica e convencer as famílias a doarem.
Segundo a coordenadora do DF, a conversa é "natural". “A gente não pode misturar as coisas. Primeiro, a família tem que entender que o parente faleceu e que isso não pode ser revertido. Esse é um momento da conversa e a gente só pode avançar no assunto depois de vencer essa primeira etapa. Tem que dar um tempo para a família, esperar o momento dela para depois conversar especificamente sobre doação. E isso pode ser rápido ou durar a tarde inteira”, diz
Nenhum comentário:
Postar um comentário