MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 24 de março de 2012

Detentos têm chance de fazer cursos técnicos em presídio do ES


Em todo o estado, segundo a Sejus, cerca de 24% dos presos estudam.
No presídio de Xuri, internos podem fazer até curso de petróleo e gás.

Leandro Nossa Do G1 ES
Salas de aula ficam cheias na Penitenciária de Xuri, em Vila Velha, no ES (Foto: Leandro Nossa / G1 ES)Salas de aula ficam cheias na Penitenciária de Xuri, em Vila Velha, no ES (Foto: Leandro Nossa / G1 ES)
“Uma grande chance para recomeçar minha vida”, é assim que o detento Diego Oliveira Cunha encara a oportunidade de poder estudar na Penitenciária de Xuri, em Vila Velha, na Grande Vitória. Ele faz parte dos 70% dos presos da unidade que assistem às aulas, que acontecem como em uma escola comum. As salas de aula ficam cheias, e, além do ensino básico, eles têm a chance de fazer cursos técnicos profissionalizantes. É o caso do capixaba João Antônio da Silva, que faz um dos cursos mais procurados do país, Petróleo e Gás.
“Eu tive a oportunidade de estudar lá fora, mas me perdi no crime, acho que Deus me colocou aqui para eu mudar de vida. Mesmo no crime eu frequentava as aulas, mas preferia o tráfico. Agora, faço um curso bom, que vai poder abrir muitas portas quando eu sair. O petróleo está em alta e isso pode me ajudar”, disse o detento, consciente da oportunidade que ganhou atrás das grades.
Apesar de gostar do curso que faz, João Antônio revela que tem outras paixões: os livros de História e a música. “Meu sonho é ser professor de História, gosto de aprender e de ensinar. Fora da sala de aula dá tempo para tocar teclado no grupo de música do presídio”.
Tive a oportunidade de estudar lá fora, mas me perdi no crime"
João Antônio da Silva, detento
Alfabetizado atrás das grades
Mato-grossense, Diego Oliveira foi detido há quatro anos por transportar drogas de seu estado natal para o Espírito Santo. Ele conta que quando chegou ao presídio nunca havia estudado. O jeito foi ser alfabetizado dentro das penitenciárias por onde passou. “Fiz muita coisa nessa vida, mas na verdade não fiz nada. Me descobri nos estudos, fui preso há 4 anos e já fiz da 2ª série ao ensino médio, mudei demais. Quando sair daqui, eu quero ser contador, trabalhar e mostrar que sou outra pessoa”, conta Diego.
Para auxiliar no processo de alfabetização, o detento teve também o apoio de uma biblioteca, que fica à disposição dos internos de segunda a sexta-feira, no presídio de Xuri. “Gosto muito de ler romances, em especial Sidney Sheldon. Ultimamente li de outro autor ‘A Menina que Roubava Livros’ que é muito bom também. A leitura ocupa o nosso tempo e faz a gente aprender ainda mais”, diz Diego.
Biblioteca é bastante procurada pelos presos em Xuri (Foto: Leandro Nossa / G1 ES)Biblioteca é bastante procurada pelos presos em Xuri. (Foto: Leandro Nossa / G1 ES)
Quem também gosta de passar os dias de reclusão acompanhado de um livro é Rubson Leite. Preso há nove anos, ele resistiu a estudar, mas frequenta a sala de aula há um ano. “Se eu ficasse à toa, ia pensar em muita coisa ruim. Gosto dos livros de aventura, em especial Robinson Crusoé. Nas aulas, eu gosto de matemática, ocupa minha mente, e pode me ajudar porque quero abrir um comércio quando for solto”, conta.
Outra boa oportunidade para os presos é a chance de estudar inglês. Muitos praticam o que aprendem da nova língua no dia a dia. Durante a aula, os olhos ficam atentos no quadro e na professora. Eles gostam de repetir cada nova palavra do idioma. “Na cela a gente fica treinando em inglês para poder praticar e se distrair”, diz João Antônio.
João Antônio sempre procura por livros no presídio (Foto: Leandro Nossa / G1 ES)João Antônio sempre procura por livros no presídio
(Foto: Leandro Nossa / G1 ES)
Desafio para professores
Dar aula em um presídio pode ser um tanto quanto incomum para um professor, mas para Gracilene, que leciona Língua Portuguesa em Xuri, as atividades acontecem como em qualquer escola. “Aqui tudo corre normalmente, eu achei que teria receio de dar aula para eles. Mas é muito prazeroso, eles prestam atenção, tiram dúvidas, são bons alunos”, revela.

Ressocialização
Em todo o estado, 24% dos presos estudam e as aulas abrangem 27 dos 34 presídios capixabas. Segundo a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), em algumas unidades o número chega a 85% de detentos estudando, enquanto a média nacional é de apenas 8%, de acordo com a Sejus. Para chegar próximo aos 100% , o governo do estado busca alternativas.
“As salas de aula estão cheias e ofertamos as turmas de acordo com a demanda. O ensino à distância também pode ser um a alternativa a ser pensada. Mas estar em uma sala de aula é o grande diferencial, é o resgate simbólico da fase escolar da vida de cada um”, diz Quésia da Cunha, diretora de ressocialização dos presídios capixabas.
Detentos ficam atentos durante as aulas (Foto: Leandro Nossa / G1 ES)Detentos ficam atentos durante as aulas (Foto: Leandro Nossa / G1 ES)

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