De 21 suspeitos procurados, 16 foram presos pela polícia nesta quarta.
Uma tonelada de agrotóxico foi apreendida.
Mais de uma tonelada de agrotóxicos foram apreendidos (Foto: Divulgação / PF)
Investigação da Polícia Federal de Mato Grosso iniciada em 2010 com objetivo de apurar denúncias relativas a falsificação, comércio e contrabando de agrotóxicos oriundos de fora do país culminou com a descoberta de um esquema criminoso administrado e gerenciado por uma quadrilha baseada em Mato Grosso. Era responsável pela importação ilegal do produto, a venda e a distribuição na própria unidade, arrecando cifras que ainda não foram levantadas.Os mandados de prisão foram cumpridos nesta quarta-feira (14) em cidades de Mato Grosso e o interior de São Paulo. São os fabricantes, vendedores e contrabandistas. Dos 21 suspeitos apontados pela polícia como participantes do grupo, 16 foram encontrados. Quatro nos municípios do estado de São Paulo: Fernandópolis (2), Miguelópolis (1) e Ituverava (1). O procurado em Monte Aprazível foi encontrado em Mato Grosso, na cidade de Rondonópolis.
Neste estado, onde de acordo com a Polícia Federal estavam os 'mentores' do grupo, foram presas 12 pessoas em municípios como Rondonópolis, Poxoréu, Campo Verde, Primavera do Leste e Jaciara. Ainda nesta quarta-feira, a PF deu cumprimento aos 37 mandados de busca e apreensão. Três veículos, uma tonelada de agrotóxico contrabandeado e US$ 1,4 mil dólares foram apreendidos.
Dos 13 mandados de condução coercitiva - para ouvir suspeitos que não compareceram ao serem convocados - a PF cumpriu 11. Conforme explica o delegado responsável pelo caso, Bruno Costa de Toledo, em Mato Grosso estava instalada a base da quadrilha. Dois homens, irmãos e com idades entre 40 e 45 anos residentes em Rondonópolis, cidade a 218 quilômetros de Cuiabá, são suspeitos de chefiar a organização.
Segundo o delegado, eles eram responsáveis por 'arquitetar' toda movimentação dos produtos desde sua importação ilegal até a distribuição para agricultores do estado que optavam por estes agrotóxicos. A venda dos itens ocorria essencialmente em Mato Grosso.
"Os líderes em Rondonópolis tinham contato com quem fornecia o agrotóxico tanto contrabandeado quanto falsificado e forneciam para agricultores da região. Estes irmãos coordenavam a importação proibida além de esquematizarem o contrabando", destacou Toledo, ao G1. Para conseguirem agrotóxicos de fora do país, especialmente Paraguai, contatos eram feitos com uma pessoa de Mato Grosso do Sul.
Após contrabandeado, o agrotóxico seguia até seu destino final no Brasil: o estado de Mato Grosso. Era nele onde concretizavam-se as vendas. As investigações mostraram que a quadrilha atraia interessados para a compra porque oferecia os itens com preços considerados abaixo de mercado. Mas enquanto parte dos produtores adquiria o agrotóxico em sua composição 'bruta', outros que pagavam pelo mesmo item recebiam os produtos já falsificados.
"Muitas vezes esses produtos têm substâncias que causam um mal e no Brasil a comercialização é proibida. Pelo que constatamos, o uso e a distruição dos produtos ocorria em Mato Grosso", pontuou ainda o delegado da Polícia Federal.
A Polícia Federal não conseguiu calcular quantos produtores rurais do estado adquiriram agrotóxicos da quadrilha. Os demais procurados pela polícia devem ser considerados foragidos da justiça. Para o delegado, a investigação 'São Lourenço' conseguiu desarticular o comércio ilegal de agrotóxico contrabandeado no país e usado em Mato Grosso.
Para a autoridade, o fato de a quadrilha estar instalada em Mato Grosso e controlar todos os negócios ilegais pode estar associado ao fato de a unidade federada produzir volume expressivo de grãos. Mas Bruno Costa de Toledo lembra que a utilização destes produtos pode trazer prejuízos econômicos e à própria saúde humana.
"Quando se está adquirindo o produto contrabandeado, o produtor faz parte do crime", considerou o delegado.
Venda do produto
De acordo com a Polícia Federal, a quadrilha responsável pelo comércio dos agrotóxicos contrabandeados utilizava duas estratégias para conseguir introduzir o produto. Vendedores ou até mesmo os considerados 'chefes da organização' procuravam produtores e apresentavam as variedades. Primeiramente eram demonstrados os defensivos originais. Mas posteriormente, enviados produtos falsificados.
Os produtores que recebiam os itens falsos - cuja composição é alterada mediante mistura de diferentes componentes - não procuravam a polícia para denunciar o esquema porque tinham adquirido o produto de maneira ilegal.
A Polícia Federal não mensurou o volume financeiro que representa a quase uma tonelada de agrotóxico apreendida na operação. Mas algumas variedades tinham o preço do quilo avaliado em até R$ 20 mil.
Origem
As primeiras 'desconfianças' que em Mato Grosso havia comércio de produto contrabandeado começaram quando em operações a polícia conseguiu fechar fábricas e apreender materiais. Duas empresas clandestinas foram descobertas e apreendidas mais de 7 toneladas/litro de produto. Além disso, foram apreendidas diversas embalagens, rótulos e materiais utilizados na falsificação dos produtos.
CrimesEntre os crimes aos quais devem responder os suspeitos responsáveis pela venda e falsificação estão o de formação de quadrilha, falsificação, contrabando e crime ambiental.
As penas para os envolvidos podem chegar a quatro anos de reclusão, além de multa. São cumulativas e podem chegar a mais de 15 anos de prisão, segundo a Polícia Federal.
Já os vendedores e falsificadores devem responder por formação de quadrilha, falsificação, contrabando e crime ambiental.
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