MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Ostra triploide resiste a chamada mortalidade de verão


Laboratório produziu dez milhões de sementes da nova variedade.
Primeira safra brasileira triploides começa a ser colhida em julho em SC.

Do Globo Rural
A variedade de ostras triploides está sendo introduzida em Santa Catarina para diminuir o problema causado pela chegada do verão, quando a água do mar esquenta causando a morte de muitos moluscos. Todo o processo começa em laboratório.
As fazendas marinhas do estado concentram quase toda a produção brasileira de ostras. O cultivo começou há 20 anos, depois que estudos da Universidade Federal de Santa Catarina mostraram a boa adaptação da espécie às condições do mar catarinense. A última colheita chegou a duas mil toneladas, cerca de 24 milhões de ostras.
De acordo com os especialistas, as baías da grande Florianópolis estão entre os melhores lugares do mundo para a produção de ostras porque a água é rica em nutrientes e em boa parte do ano a temperatura fica entre 18º e 22º, considerada ideal para o crescimento do molusco. Essas características permitem um ciclo curto de produção. As ostras levaram de seis a sete meses para estar prontas para o consumo. O mesmo ciclo de produção em países como a China, a França e Chile, precisa de quatro anos. O problema é a chegada do verão, quando a temperatura da água sobe atingindo 30º, o que afeta as ostras.
"Isso faz com que as ostras entrem em processo reprodutivo, fazendo com que elas percam energia e emagreçam durante esse processo todo do verão. Isso faz com que também aumente a taxa de mortalidade dos animais tendo uma sobrevivência de apenas 40% do que está na água", explica o criador Fábio Brognoli.
A chamada mortalidade de verão é a grande inimiga dos produtores, que perdem seis de cada dez ostras cultivadas. A solução do problema passa pela biotecnologia. A empresa de Florianópolis especializada em aquicultura usa o sêmen de ostras chilenas para produzir uma variedade mais resistente. A importação do sêmen foi autorizada pelo Ministério da Pesca.
A fecundação em laboratório gera ostras triploides, ou seja, com três conjuntos de cromossomos. É uma a mais do que as ostras cultivadas até agora em Santa Catarina.
“Ela é muito mais resistente a águas quentes. A mortalidade, que é de uma média de 50% em Santa Catarina, cai para o máximo de 5%, o que permite que ela seja produzida até em estado do Nordeste brasileiro. Ela produz muito mais carne e é estéril. Como é estéril e não se reproduz, ela não se torna uma espécie invasora”, explica Vinícius Volpato, engenheiro de Aquicultura.
O laboratório já produziu dez milhões de sementes de ostras. Com pouco mais de um milímetro, é bem mais fácil enxergá-las em um microscópio. Essa produção representa 25% da necessidade anual dos maricultores catarinenses.
“É uma aposta do setor. A gente pode comparar com a agricultura, com as variedades de milho mais resistentes, adaptadas às regiões; às variedades de soja que foram desenvolvidas no Brasil para várias regiões. Na maricultura, a ostra triploide é essa adaptação para nossas condições de produção no Brasil. A gente quer conciliar taxa de sobrevivência, qualidade de carne e taxa de crescimento diferenciada que nós temos em relação ao mundo inteiro”, esclarece Brognoli.

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